A resposta é simples. Mercúrio não tem uma atmosfera espessa o suficiente para transmitir calor por meio da convecção, tal como ocorre em Vênus ou na Terra, por exemplo. Assim, Mercúrio está exposto ao vácuo, e no vácuo, o calor só pode se propagar por meio de radiação eletromagnética.
Os dias e as noites em Mercúrio são muito longos, cerca de 58 dias terrestres. Assim, a face voltada para o Sol, absorve a radiação eletromagnética e aquece esta face. Do outro lado, o planeta irradia essa energia para o espaço também por meio de radiação eletromagnética (ver o conceito de "corpo negro"). Sem outra fonte de calor, ele esfria até que a luz do Sol apareça novamente. Não dá tempo para o calor atravessar o planeta por meio do contato no solo.
O mesmo efeito acontece em qualquer nave espacial ou satélite. Qualquer face da nave voltada para o Sol, enfrenta temperaturas que podem chegar a até 100 graus, enquanto no outro lado, na sombra, ela pode ser de menos 100 graus. Pelo mesmo motivo que ocorre em Mercúrio. Não tem como o calor de um lado passar para o outro lado por convecção ou contato, pois as superfícies protetoras são finas demais ou são isolantes. Assim, um lado sempre recebe calor enquanto o outro sempre perde calor.
E este é o motivo de as naves serem brancas ou terem uma superfície reflexiva (geralmente ouro), para poder refletir a luz solar e evitar o superaquecimento. Enquanto do outro lado, geralmente há um radiador para poder dissipar esse calor todo que chega do lado iluminado.
Veja por exemplo a nova sonda Parker Solar Probe. Ela tem um escudo de calor que pode chegar a temperaturas da ordem dos 1127 °C, enquanto a sonda opera na sua sombra a temperaturas próximas dos 29 °C.
Nenhum comentário:
Postar um comentário