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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Os Detalhes Da Fusão de Duas Estrelas de Nêutrons

 Uma inovação significativa foi alcançada no campo da astrofísica. Pesquisadores desenvolveram uma simulação computacional tridimensional (3D) avançada que imita a luz emitida após a fusão de duas estrelas de nêutrons. Esta simulação produziu resultados que se alinham estreitamente com uma kilonova observada, nomeada AT2017gfo. 

Luke J. Shingles, o principal autor da publicação no renomado “The Astrophysical Journal Letters”, destacou a concordância sem precedentes entre a simulação e a observação. Este alinhamento sugere que os cientistas agora têm uma compreensão ampla dos eventos que ocorrem durante e após a explosão de uma kilonova.

Recentes observações combinando ondas gravitacionais e luz visível apontaram para fusões de estrelas de nêutrons como o principal local de produção de certos elementos. Esta pesquisa foi uma colaboração entre o GSI Helmholtzzentrum für Schwerionenforschung e a Queen’s University Belfast.

A luz que observamos através de telescópios é determinada pelas interações entre elétrons, íons e fótons no material ejetado de uma fusão de estrelas de nêutrons. Estes processos complexos e a luz emitida podem ser modelados através de simulações computacionais de transferência radiativa.

O que torna esta pesquisa particularmente notável é que, pela primeira vez, foi produzida uma simulação 3D que segue de forma autônoma a fusão da estrela de nêutrons, a nucleossíntese de captura de nêutrons, a energia depositada pela decadência radioativa e a transferência radiativa com dezenas de milhões de transições atômicas de elementos pesados.

A capacidade tridimensional desta simulação permite que os pesquisadores prevejam a luz observada de qualquer direção de visualização. Quando observada quase perpendicularmente ao plano orbital das duas estrelas de nêutrons, a simulação prevê uma sequência de distribuições espectrais que se assemelham notavelmente ao que foi observado para a kilonova AT2017gfo.

Shingles ressaltou a importância desta pesquisa, afirmando que ela nos ajudará a entender as origens dos elementos mais pesados que o ferro, como o platino e o ouro. Estes elementos são principalmente produzidos pelo processo de captura rápida de nêutrons em fusões de estrelas de nêutrons.

É fascinante considerar que cerca de metade dos elementos mais pesados que o ferro são produzidos em ambientes de temperaturas e densidades de nêutrons extremas. Estas condições são alcançadas quando duas estrelas de nêutrons se fundem.

À medida que espiralam uma em direção à outra e coalescem, a explosão resultante leva à ejeção de matéria com as condições adequadas para produzir núcleos pesados ricos em nêutrons através de uma sequência de capturas de nêutrons e beta-decaimentos.

Estes núcleos eventualmente decaem para a estabilidade, liberando energia que alimenta uma explosiva kilonova, uma emissão luminosa que desaparece rapidamente em cerca de uma semana. A simulação 3D é uma maravilha da integração interdisciplinar, combinando várias áreas da física. Ela abrange desde o comportamento da matéria em altas densidades até as propriedades de núcleos pesados instáveis e interações átomo-luz de elementos pesados.

No entanto, desafios ainda permanecem. Por exemplo, contabilizar a taxa na qual a distribuição espectral muda e descrever o material ejetado em momentos posteriores são áreas que exigem mais investigação.

O progresso futuro nesta área aumentará a precisão com que podemos prever e entender características nos espectros e aprofundará nosso entendimento das condições sob as quais os elementos pesados foram sintetizados. Um ingrediente fundamental para esses modelos é a obtenção de dados experimentais atômicos e nucleares de alta qualidade, como os que serão fornecidos pela instalação FAIR.

Em conclusão, esta pesquisa representa um passo significativo na compreensão das fusões de estrelas de nêutrons e kilonovas. A combinação de simulações teóricas com observações do mundo real está pavimentando o caminho para descobertas ainda mais profundas no domínio da astrofísica. 

A colaboração entre instituições de renome e a integração de múltiplas disciplinas da física garantem que continuaremos a elucidar os mistérios das fusões de estrelas de nêutrons e kilonovas nos próximos anos.

Fonte: spacetoday.com.br


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