O que complica ainda mais a discussão é que muitos astrofísicos não duvidam apenas da Energia Escura: Eles acreditam que a aceleração da expansão do Universo pode ser uma ilusão. [Imagem: Andrew Pontzen/Fabio Governato]
Adeus à Energia Escura?
A teoria da Energia Escura, que explicaria a aceleração da expansão do Universo, tem visto seu número de seguidores cair drasticamente. A queda de popularidade não vem por acaso: Todas as tentativas de encontrar qualquer fundamento na realidade para a Energia Escura falharam até agora.
Até quase o final do século passado, os cientistas consideravam que o espaço seria preenchido com matéria comum - estrelas, planetas, asteroides, cometas e gás intergaláctico altamente rarefeito. Mas, se é assim, a expansão acelerada é contrária à lei da gravidade, que diz que os corpos são atraídos uns pelos outros. As forças gravitacionais tendem a desacelerar a expansão do Universo, mas não podem acelerá-lo.
Mas então os telescópios melhoraram e as medições começaram a indicar que estrelas e galáxias muito distantes estariam se afastando de nós a uma velocidade cada vez mais rápida - isto é, que a expansão do Universo estaria se acelerando.
"E então nasceu a ideia de que o Universo é preenchido na maior parte não com matéria comum, mas com uma espécie de 'Energia Escura', que possui propriedades especiais. Ninguém sabe o que ela é e como funciona, então ela foi batizada 'Energia Escura,' como algo desconhecido. E 70% do Universo consiste nessa energia," contextualiza o professor Artyom Astashenok, da Universidade Immanuel Kant, na Rússia.
Como os resultados observacionais para fundamentar essa teoria não aparecem, Astashenok e seu colega Alexander Tepliakov foram buscar explicações para a aceleração da expansão do Universo que possam funcionar sem precisar apelar para a Energia Escura ou qualquer outra entidade desconhecida.
E eles encontraram algo que faz sentido, bastando que se acrescente uma ideia que também não é totalmente estranha aos físicos: a proposta de que o Universo tem "bordas".
Fronteiras do Universo
Em seu artigo, a dupla apresenta um modelo matematicamente sólido do Universo no qual há uma repulsão adicional capaz de explicar a aceleração da expansão, e no qual não há uma contradição entre o fato de que a expansão do Universo está acelerando e a lei da gravitação universal.
Quem explica a nova teoria é o próprio professor Astashenok.
"O chamado efeito Casimir (em homenagem ao físico holandês Hendrik Casimir), que consiste no fato de que duas placas de metal colocadas no vácuo são atraídas uma pela outra, é conhecido há muito tempo. Parece que ele não pode existir, porque não há nada no vácuo, mas, de fato, de acordo com a teoria quântica, as partículas constantemente aparecem e desaparecem ali, e, como resultado de sua interação com as placas, que indicam certos limites do espaço (o que é extremamente importante), ocorre uma atração muito pequena.
"E existe uma ideia correspondente a isso, a de que aproximadamente a mesma coisa acontece no espaço. Somente isso leva, pelo contrário, a uma repulsão adicional, que acelera a expansão do Universo. Ou seja, não existe essencialmente 'energia escura', mas há uma manifestação dos limites do Universo. Isso, obviamente, não significa que ele termina em algum lugar, mas que pode haver algum tipo de topologia complexa.
"Você pode fazer uma analogia com a Terra. Afinal, ela também não tem bordas, mas é finita. A diferença entre a Terra e o Universo é que, no primeiro caso, estamos lidando com o espaço bidimensional, e, no segundo, com o espaço tridimensional," finalizou.
Esta não é a primeira vez que se tenta criar uma forma de dispensar a energia escura, e provavelmente não será a última.
Afinal, toda uma geração de cientistas se formou com essa teoria, a comunidade científica deu-lhe a mais alta honraria - o Nobel de Física - e projetos milionários estão em andamento, o que significa que nem todos estão dispostos a abandonar a ideia de encontrar indícios da tão famosa energia desconhecida.
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