O Philae, pequeno robô que pousou no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, experimentou seus contratempos, que começaram com o pouso turbulento. Em vez de não quicar, ele acabou quicando duas vezes, e foi descansar em uma ravina, com pouco Sol. Ficar em uma ravina com pouco Sol implicava que o bravo robozinho tinha que fazer o máximo de experimentos enquanto durasse a carga de suas baterias, que não teriam recarga. E assim foi. Dando uma chance para cada um dos dez instrumentos, o Philae trabalhou até o fim das baterias, deixando a última reserva delas para transmitir à sonda Rosetta o seu legado científico. E que legado! Nas 64 horas de sua curta vida, o Philae fotografou, cheirou, furou e testou o cometa de todas as formas possíveis. Entre os instrumentos que ele tinha, estava o COSAC, de análise de gases. E é deste instrumento que veio o resultado de que o cometa possui moléculas orgânicas, embora ainda não se tenha certeza se elas se tratam de aminoácidos, que são a base das proteínas. Além das moléculas orgânicas, outro resultado chama a atenção, o do sensor MUPUS. O plano original era perfurar 40 centímetros do chão do cometa, mas a superfície do objeto tinha dureza semelhante à do gelo, maior que o esperado, e ele deve ter conseguido penetrar somente entre 10 e 20 cm. Além da dureza do solo cometário, o MUPUS também mediu a temperatura baixa do 67P/Churyumov-Gerasimenko, de cerca de -243°C. Logo depois do pouso, o MUPUS sentiu uma queda de 10°C na temperatura, mas ainda não se sabe qual o motivo. O SESAME, que faz experimentos elétricos, sísmicos e acústicos, confirmou a dureza do cometa. Além disso, confirmou a presença de bastante água. A mais incrível foi a medição do CONSERT. Nessa experiência, a nave Rosetta enviou um sinal de rádio através do cometa para o Philae, e o Philae então transmitiu um segundo sinal também através do cometa para a Rosetta. Este processo foi repetido 7.500 vezes para cada órbita da sonda Rosetta em torno do cometa, e vai servir para construir uma imagem 3D do 67P/C-G, quase uma “tomografia”. A primeira descoberta é que, no seu interior, o cometa é bem mais poroso. O último experimento parece que não pôde ser executado com sucesso. O SD2 deveria coletar amostras do solo do cometa e passá-las para o COSAC e o PTOLEMY, onde seriam analisadas. Os cientistas têm certeza que a coleta foi feita, mas as amostras não foram passadas para os instrumentos. De qualquer forma, o COSAC foi capaz de sentir o cheiro de vários compostos orgânicos na tênue atmosfera cometária. Por enquanto, a sonda Rosetta está analisando as leituras para determinar se são compostos simples como amônia e metanol, ou alguma coisa mais complexa, como aminoácidos. Os técnicos da ESA (Agência Espacial Européia) esperam contatar novamente o Philae ano que vem, quando o ângulo do Sol sobre o cometa vai iluminá-lo. Uma das vantagens do ponto em que ele se encontra é que vai demorar mais para o Philae superaquecer quando o cometa ficar mais próximo do Sol.
terça-feira, 25 de abril de 2017
Philae detecta moléculas orgânicas no cometa 67P
O Philae, pequeno robô que pousou no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, experimentou seus contratempos, que começaram com o pouso turbulento. Em vez de não quicar, ele acabou quicando duas vezes, e foi descansar em uma ravina, com pouco Sol. Ficar em uma ravina com pouco Sol implicava que o bravo robozinho tinha que fazer o máximo de experimentos enquanto durasse a carga de suas baterias, que não teriam recarga. E assim foi. Dando uma chance para cada um dos dez instrumentos, o Philae trabalhou até o fim das baterias, deixando a última reserva delas para transmitir à sonda Rosetta o seu legado científico. E que legado! Nas 64 horas de sua curta vida, o Philae fotografou, cheirou, furou e testou o cometa de todas as formas possíveis. Entre os instrumentos que ele tinha, estava o COSAC, de análise de gases. E é deste instrumento que veio o resultado de que o cometa possui moléculas orgânicas, embora ainda não se tenha certeza se elas se tratam de aminoácidos, que são a base das proteínas. Além das moléculas orgânicas, outro resultado chama a atenção, o do sensor MUPUS. O plano original era perfurar 40 centímetros do chão do cometa, mas a superfície do objeto tinha dureza semelhante à do gelo, maior que o esperado, e ele deve ter conseguido penetrar somente entre 10 e 20 cm. Além da dureza do solo cometário, o MUPUS também mediu a temperatura baixa do 67P/Churyumov-Gerasimenko, de cerca de -243°C. Logo depois do pouso, o MUPUS sentiu uma queda de 10°C na temperatura, mas ainda não se sabe qual o motivo. O SESAME, que faz experimentos elétricos, sísmicos e acústicos, confirmou a dureza do cometa. Além disso, confirmou a presença de bastante água. A mais incrível foi a medição do CONSERT. Nessa experiência, a nave Rosetta enviou um sinal de rádio através do cometa para o Philae, e o Philae então transmitiu um segundo sinal também através do cometa para a Rosetta. Este processo foi repetido 7.500 vezes para cada órbita da sonda Rosetta em torno do cometa, e vai servir para construir uma imagem 3D do 67P/C-G, quase uma “tomografia”. A primeira descoberta é que, no seu interior, o cometa é bem mais poroso. O último experimento parece que não pôde ser executado com sucesso. O SD2 deveria coletar amostras do solo do cometa e passá-las para o COSAC e o PTOLEMY, onde seriam analisadas. Os cientistas têm certeza que a coleta foi feita, mas as amostras não foram passadas para os instrumentos. De qualquer forma, o COSAC foi capaz de sentir o cheiro de vários compostos orgânicos na tênue atmosfera cometária. Por enquanto, a sonda Rosetta está analisando as leituras para determinar se são compostos simples como amônia e metanol, ou alguma coisa mais complexa, como aminoácidos. Os técnicos da ESA (Agência Espacial Européia) esperam contatar novamente o Philae ano que vem, quando o ângulo do Sol sobre o cometa vai iluminá-lo. Uma das vantagens do ponto em que ele se encontra é que vai demorar mais para o Philae superaquecer quando o cometa ficar mais próximo do Sol.
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