O hemisfério sul de Urano parece ser o lar de uma enxurrada de fenômenos atmosféricos anteriormente desconhecidos. A descoberta foi feita pelo astrônomo Erich Karkoschka, da Universidade do Arizona (EUA), que reanalisou imagens tiradas do planeta há 28 anos pela sonda Voyager 2, da NASA. Segundo ele, há recursos ocultos na atmosfera de Urano que revelam um padrão de rotação inesperado e apontam para a possível existência de uma característica incomum no interior do planeta. Na época, pelas imagens que a agência espacial norte-americana tinha, a metade sul do hemisfério sul de Urano parecia ser a região mais suave do sistema solar exterior. Ao trazer à tona diferenças sutis das informações contidas nas imagens da Voyager, Karkoschka descobriu características inéditas na atmosfera de Urano, revelando que seu hemisfério sul gira de maneira diferente de qualquer outra já observada nos planetas gasosos gigantes antes. O cientista experimentou com diferentes técnicas de processamento e software de reconhecimento até que características inéditas apareceram no planeta. Quando ele empilhou 1.600 imagens em cima umas das outras, dezenas de características tornaram-se visíveis onde antes apenas uma era conhecida. “Algumas destas características são provavelmente nuvens convectivas causadas por correntes ascendentes e condensação”, disse Karkoschka. “Algumas das características mais brilhantes parecem nuvens que se estendem por centenas de quilômetros”. As nuvens apresentam ventos com movimentos principalmente a leste ou a oeste, a uma velocidade de acordo com a latitude. “Uma vez que sabemos a velocidade do vento ou período de rotação em cada latitude, sabemos a circulação da atmosfera do planeta”. Em 1665, Giovanni Cassini realizou a primeira medição de rotação de um planeta gigante, quando acompanhou a Grande Mancha Vermelha de Júpiter. Ao longo dos últimos três séculos e meio, os astrônomos entenderam a circulação completa de Júpiter e Saturno, mas somente cerca de 75% da de Urano e Netuno. O novo trabalho de Karkoschka preenche os 25% restantes para Urano. “Todas as observações anteriores dos planetas gigantes indicaram que eles giravam de forma regular, ou seja, as taxas de rotação em suas respectivas latitudes norte e sul eram as mesmas”, disse Karkoschka. “Minha análise sugere que as taxas de rotação nas altas latitudes de Urano são altamente assimétricas, com algumas latitudes do sul, possivelmente, girando em torno de 15% mais rápido do que suas contrapartes do norte”. A hipótese do pesquisador é que a rotação incomum de altas latitudes do sul de Urano é provavelmente devido a uma característica incomum no interior do planeta. Os astrônomos têm tentado encontrar pistas sobre o interior dos planetas gigantes há muito tempo, mas pouco se sabe até agora. Medições detalhadas da rotação de Urano podem ajudar a determinar a estrutura interior do planeta com bastante precisão, eliminando alguns dos modelos propostos por enquanto. Como a maioria dos mais de mil planetas descobertos em torno de outras estrelas fora do nosso sistema solar são semelhantes em tamanho a Urano, mas estão muito longe de nós para sermos capaz de medir seus perfis de rotação no futuro previsível, um melhor conhecimento de Urano ajudará os cientistas a tirar conclusões sobre a estrutura interior desses exoplanetas também.
terça-feira, 25 de abril de 2017
Análise de imagens antigas revela características ocultas de Urano
O hemisfério sul de Urano parece ser o lar de uma enxurrada de fenômenos atmosféricos anteriormente desconhecidos. A descoberta foi feita pelo astrônomo Erich Karkoschka, da Universidade do Arizona (EUA), que reanalisou imagens tiradas do planeta há 28 anos pela sonda Voyager 2, da NASA. Segundo ele, há recursos ocultos na atmosfera de Urano que revelam um padrão de rotação inesperado e apontam para a possível existência de uma característica incomum no interior do planeta. Na época, pelas imagens que a agência espacial norte-americana tinha, a metade sul do hemisfério sul de Urano parecia ser a região mais suave do sistema solar exterior. Ao trazer à tona diferenças sutis das informações contidas nas imagens da Voyager, Karkoschka descobriu características inéditas na atmosfera de Urano, revelando que seu hemisfério sul gira de maneira diferente de qualquer outra já observada nos planetas gasosos gigantes antes. O cientista experimentou com diferentes técnicas de processamento e software de reconhecimento até que características inéditas apareceram no planeta. Quando ele empilhou 1.600 imagens em cima umas das outras, dezenas de características tornaram-se visíveis onde antes apenas uma era conhecida. “Algumas destas características são provavelmente nuvens convectivas causadas por correntes ascendentes e condensação”, disse Karkoschka. “Algumas das características mais brilhantes parecem nuvens que se estendem por centenas de quilômetros”. As nuvens apresentam ventos com movimentos principalmente a leste ou a oeste, a uma velocidade de acordo com a latitude. “Uma vez que sabemos a velocidade do vento ou período de rotação em cada latitude, sabemos a circulação da atmosfera do planeta”. Em 1665, Giovanni Cassini realizou a primeira medição de rotação de um planeta gigante, quando acompanhou a Grande Mancha Vermelha de Júpiter. Ao longo dos últimos três séculos e meio, os astrônomos entenderam a circulação completa de Júpiter e Saturno, mas somente cerca de 75% da de Urano e Netuno. O novo trabalho de Karkoschka preenche os 25% restantes para Urano. “Todas as observações anteriores dos planetas gigantes indicaram que eles giravam de forma regular, ou seja, as taxas de rotação em suas respectivas latitudes norte e sul eram as mesmas”, disse Karkoschka. “Minha análise sugere que as taxas de rotação nas altas latitudes de Urano são altamente assimétricas, com algumas latitudes do sul, possivelmente, girando em torno de 15% mais rápido do que suas contrapartes do norte”. A hipótese do pesquisador é que a rotação incomum de altas latitudes do sul de Urano é provavelmente devido a uma característica incomum no interior do planeta. Os astrônomos têm tentado encontrar pistas sobre o interior dos planetas gigantes há muito tempo, mas pouco se sabe até agora. Medições detalhadas da rotação de Urano podem ajudar a determinar a estrutura interior do planeta com bastante precisão, eliminando alguns dos modelos propostos por enquanto. Como a maioria dos mais de mil planetas descobertos em torno de outras estrelas fora do nosso sistema solar são semelhantes em tamanho a Urano, mas estão muito longe de nós para sermos capaz de medir seus perfis de rotação no futuro previsível, um melhor conhecimento de Urano ajudará os cientistas a tirar conclusões sobre a estrutura interior desses exoplanetas também.
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