Sputnik Planum é uma enorme região plana no chamado “Coração de Plutão”. A planície ocupa uma depressão na superfície sendo mais baixa do que os terrenos circundantes em alguns quilómetros. Mas Sputnik Planum não é totalmente plana. As imagens mostram que está coberta por um curioso mosaico de polígonos irregulares com tamanhos entre os 16 e os 40 quilómetros. Os polígonos têm uma forma abobadada e os seus centros são, em média, 100 metros mais altos do que os bordos respectivos, pontos de contacto com outros polígonos. A ausência completa de crateras de impacto, ao contrário do que é observado no resto da superfície de Plutão, sugere que a superfície de Sputnik Planum é muito recente ou tem actividade geológica capaz de apagar estas cicatrizes da superfície.
Explicar a origem e a natureza desta estrutura extraordinária tornou-se desde cedo uma obsessão para os geólogos da missão New Horizons. Ora, segundo um estudo apresentado no 227º Encontro da Sociedade Americana de Astronomia, os cientistas podem estar mais perto desse objectivo.
A teoria agora avançada é de que estes polígonos são na realidade células de convecção formadas por gelos, principalmente de nitrogénio, mas contendo também monóxido de carbono e metano, entre outros. O gelo é aquecido no interior de Plutão e forma bolhas menos densas que se movem em direcção à superfície. As bolhas atingem a superfície na região central dos polígonos, arrefecendo e voltando a mergulhar para o interior junto aos bordos — um processo semelhante, por exemplo, às células de convecção no Sol mas que ocorre em Plutão a temperaturas de apenas -235 Celsius. Neste regime de temperaturas, e dado que o calor interno de Plutão é escasso, o movimento do gelo nas células é muito lento. Simulações em computador mostram que as células evoluem em escalas de milhões de anos, alterando muito lentamente o padrão reticulado da superfície nesta região.A confirmar-se esta ideia, Sputnik Planum ter-se-á formado pelo afloramento de gelos provenientes do interior do planeta anão que inundaram uma enorme depressão na superfície. Os cientistas admitem que na origem da formação desta estrutura poderá ter estado uma colisão com um outro corpo da Cintura de Edgeworth-Kuiper há centenas de milhões ou mesmo milhares de milhões de anos.
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