Há tempos a NASA procura por um hipotético Planeta X além das chamadas "fronteiras do Sistema Solar", em busca de uma explicação para um padrão muito regular observado na queda de cometas na Terra.
Os primeiros indícios da existência de mais um planeta gigante no Sistema Solar foram anunciados há pouco mais de um mês, juntamente com a descoberta do planeta-anão 2012 VP113.
O VP113 e uma série de outros corpos menores além de Plutão apresentam órbitas estranhamente alinhadas, o que sugere a existência de um grande planeta cuja atração gravitacional estabelece essa "organização".
Agora, dois irmãos astrônomos encontraram indícios que o próprio Planeta X pode também ter um irmão, um Planeta Y.
Carlos e Raul de la Fuente, da Universidade Complutense de Madri, resolveram estudar melhor esses distantes corpos celestes, que só agora começam a se revelar graças à melhoria nos equipamentos de observação - eles são pequenos, frios e escuros demais para os telescópios anteriores.
Além de confirmar que algo interfere no alinhamento orbital do planeta-anão VP113 e todos os seus vizinhos situados a mais de 30 ua (unidades astronômicas), os dois astrônomos verificaram padrões orbitais adicionais que, segundo eles, só podem ser explicados pela presença de "pelo menos dois planetas trans-plutonianos".
Ressonância orbital
O "efeito manada" verificado pelos dois astrônomos parece estar associado a um planeta ainda desconhecido, que estaria orbitando o Sol 200 vezes mais longe do que a Terra (200 ua).
Segundo as simulações rodadas pelos dois astrônomos, os corpos celestes observados não possuem massa suficiente para criar uma interferência mútua, e suas rotas só podem ser explicadas através do "mecanismo Kozai", que explica a perturbação na órbita de um corpo celeste por outro corpo celeste distante.
Sistema Solar pode ter mais dois planetas gigantes
Este diagrama dá uma ideia das distâncias envolvidas, sugerindo porque o Planeta X e seu irmão Planeta Y nunca foram observados: estando o Sol no centro, os círculos concêntricos em roxo mostram as órbitas dos quatro planetas gigantes Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. O pontilhado é o Cinturão de Kuiper, onde está Plutão. Em laranja está a órbita de Sedna (UB313) e, em vermelho, a órbita do planeta-anão VP113. Os dois planetas hipotéticos estarão ainda mais distantes. [Imagem: Scott Sheppard/Chad Trujillo]
O mecanismo Kozai, ou ressonância de Kozai, é um tipo especial de ressonância orbital, uma influência orbital entre corpos como a que existe entre Netuno e Plutão ou entre algumas luas de Júpiter - Netuno e Plutão têm uma ressonância 2:3, significando que, para cada duas órbitas de Plutão ao redor do Sol, Netuno completa três.
Como não é comum que um grande planeta orbite tão próximo a outros corpos celestes a menos que esteja dinamicamente atrelado a outro através da ressonância orbital, os astrônomos sugerem que seu hipotético planeta está em ressonância com um outro planeta gigante a cerca de 250 ua - exatamente onde a equipe anterior sugeriu que estaria o Planeta X associado com o VP113.
Assim, existiriam não apenas um, mas dois Planetas X - ou um Planeta X a 200 ua, e um Planeta Y a 250 ua.
Novos Horizontes
Agora só falta observar diretamente os novos planetas - ou encontrar outras explicações para os estranhos comportamentos orbitais no Cinturão de Kuiper.
Contudo, mesmo com a melhoria dos telescópios, que está permitindo estudar essas regiões distantes do Sistema Solar, os astrônomos estimam que será uma tarefa árdua identificar dois frios e escuros planetas a distâncias tão grandes.
Na atualidade, a grande esperança, sugerida por eles, está nas lentes da sonda espacial Novos Horizontes, que chegará a Plutão no ano que vem.
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