Impressão artística do exoplaneta potencialmente habitável Kapteyn b, em comparação com a Terra. Kapteyn b é aqui representado como um velho e frio "planeta oceano" com uma rede de canais por baixo de uma fina camada de nuvens. O tamanho relativo do planeta na figura assume uma composição rochosa mas pode ser maior para uma composição de gelo/gás.
Crédito: PHL @ UPR Arecibo
Descoberta no final do século XIX e em homenagem ao astrónomo holandês que a descobriu (Jacobus Kapteyn), a estrela de Kapteyn é a segunda estrela mais rápida no céu e pertencente ao halo galáctico, uma nuvem alongada de estrelas que orbita a nossa Via Láctea. Com um-terço da massa do Sol, esta anã vermelha pode ser vista na constelação do Hemisfério Sul, Pintor, com um telescópio amador. Os astrónomos usaram novos dados do espectrómetro HARPS do Observatório do ESO em La Silla, Chile, para medir as pequenas mudanças periódicas no movimento da estrela. Usando o efeito Doppler, o desvio do espectro de luz da estrela dependendo da sua velocidade, os cientistas podem determinar algumas propriedades destes planetas, tais como a massa e período orbital.
O estudo também combinou dados de mais dois espectrómetros de alta-precisão para garantir a detecção: o HIRES do Observatório W. M. Keck e o PFS do Telescópio Magalhães no Observatório Las Campanas. "Ficámos surpresos por encontrar planetas em órbita da estrela de Kapteyn. Os dados anteriores mostravam um excesso moderado de variabilidade, por isso estávamos à procura de planetas de período muito curto quando os novos sinais apareceram em alto e bom som," explica o autor principal, o Dr. Guillem Anglada-Escude, da Escola de Física e Astronomia da QMUL (Queen Mary University of London). Com base nos dados recolhidos, o planeta Kapteyn b tem pelo menos cinco vezes a massa da Terra e orbita a estrela a cada 48 dias.
Isto significa que o planeta é quente o suficiente para a água líquida estar presente à sua superfície. O segundo planeta, Kapteyn c, é uma super-Terra mais massiva e é bastante diferente: o seu ano dura 121 dias e os astrónomos pensam que é demasiado frio para suportar água líquida. De momento, apenas se conhecem algumas propriedades dos planetas: as massas aproximadas, os períodos orbitais e as distâncias à estrela. Ao medir a atmosfera destes planetas com instrumentos de última geração, os cientistas vão tentar descobrir se podem albergar água. Os típicos sistemas planetários detectados pela missão Kepler da NASA estão a centenas de anos-luz de distância. Em contraste, a estrela de Kapteyn é a 25.ª estrela mais próxima do Sol e está a apenas 13 anos-luz da Terra.
No entanto, o que torna esta descoberta diferente é a história peculiar da estrela. A estrela de Kapteyn nasceu numa galáxia anã absorvida e perturbada por uma jovem Via Láctea. Este evento de interrupção galáctica colocou a estrela na sua rápida órbita dentro do halo. O núcleo provável da galáxia anã original é Omega Centauri, um enxame globular enigmático a 16.000 anos-luz da Terra que contém centenas de milhares destes "sóis" velhos. Isto define a idade mais provável dos planetas em 11,5 mil milhões de anos; 2,5 vezes mais antigos que a Terra e "apenas" 2 mil milhões de anos mais jovens que o próprio Universo (com aproximadamente 13,7 mil milhões de anos).
O Dr. Anglada-Escude acrescenta: "faz-nos questionar que tipo de vida poderá ter evoluído nestes planetas ao longo deste enorme espaço de tempo." O professor Richard Nelson, chefe da Unidade de Astronomia da QMUL, que não participou na investigação, comentou: "Esta descoberta é muito excitante. Sugere que serão encontrados muitos mundos potencialmente habitáveis nos próximos anos em torno de estrelas próximas por observatórios terrestres e espaciais, tais como o PLATO. Até que tenhamos detectado um número maior deles, as propriedades e possível habitabilidade dos sistemas planetários mais próximos permanecerão por desvendar."
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