À medida que vai sendo sugada pelo buraco negro relacionado ao quasar, a matéria se junta numa estrutura espiralada cuja temperatura chega a milhões de graus.
Calcula-se que entre 65 mil e 100 mil quasares sejam visíveis atualmente, mas eles eram bem mais comuns há bilhões de anos. Para os astrônomos, estudar esses objetos significa não apenas investigar os extremos da matéria, mas também vislumbrar momentos essenciais da evolução do universo. Segundo a teoria mais aceita hoje em dia, quando as primeiras galáxias surgiram, buracos negros se formaram em seus núcleos.
Um buraco negro é um objeto do qual praticamente nada (nem mesmo a luz) pode escapar, e seu tamanho aumenta à medida que ele vai devorando mais matéria. Por isso, ficar no centro da galáxia é perfeito para ele, pois sempre haverá abundância de “alimento” ali. Conforme a matéria vai caindo no buraco negro, junta-se numa estrutura espiralada denominada disco de acreção, cuja temperatura sobe a vários milhões de graus. É essa matéria redemoinhando perto do buraco negro que emite quantidades gigantescas de raios X.
maior parte da matéria segue em espiral para dentro do buraco negro e, ao passar por um ponto denominado horizonte de eventos, desaparece do universo visível. Mas simulações realizadas em computadores indicam que a radiação e os campos magnéticos presentes naquela região do espaço podem “empurrar” parte do gás capturado pelas forças gravitacionais do buraco negro e devolvê-la ao espaço, acompanhada de jatos de matéria e radiação que voam para longe do eixo de rotação do buraco negro. Esses jatos podem causar no gás espalhado na galáxia uma turbulência capaz de aniquilar campos estelares.
Se um quasar se posicionasse no centro de uma galáxia jovem, a radiação emitida por ele seria tão intensa que nenhuma forma de vida conhecida conseguiria se desenvolver. Talvez isso tenha acontecido nas primeiras fases da Via Láctea – uma suposição reforçada por evidências apresentadas no fim de 2008 por astrônomos alemães sobre a existência de um imenso buraco negro no centro da galáxia, a 27 mil anos-luz de nós, cuja massa seria 4 milhões de vezes maior do que a do Sol. Hoje em dia, bilhões de anos depois do surgimento da Via Láctea – e já sem tanta matéria com que se alimentar –, esse buraco negro está em repouso, e com isso a vida pôde florescer aqui. Em outros recantos do universo, porém, os quasares podem estar em plena atividade, banqueteando-se com gás e estrelas e despejando jatos de radiação intensa, num espetáculo de assustadora beleza.
Distâncias fabulosas -
Os cientistas calculam a distância de outros corpos celestes em relação à Terra a partir da distorção causada nas linhas espectrais do objeto (as linhas que aparecem em seu espectro e indicam tanto os elementos químicos nele presentes como suas condições físicas) pelo seu deslocamento. Se eles se aproximam do nosso planeta, apresentam-se mais azulados; se se afastam, ficam mais avermelhados. Em geral, a luz das estrelas é mais avermelhada, uma evidência de que o universo está em expansão. Nas estrelas mais comuns, o deslocamento para o vermelho é de 0,1% (ou seja, sua luz fica 0,1% mais vermelha).
No caso dos quasares, os percentuais são muito mais elevados. O 3C 273, um dos quasares pesquisados por Maarten Schmidt, do California Institute of Technology, apresentou 15,8% de deslocamento para o vermelho, o que implica afastar-se da Terra a 47 mil quilômetros por segundo e estar a 3 bilhões de anos-luz de nós. Já o PKS 2000-330, com seus 350% de deslocamento para o vermelho, encontra-se a 15 bilhões de anos-luz do nosso planeta, do qual se distancia a 276 mil quilômetros por segundo.
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