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sábado, 3 de setembro de 2011

Em Busca da Partícula de Deus



Recentemente, um boato de que o maior colisor de partículas do mundo (o Grande Colisor de Hádrons, LHC) pode ter detectado uma partícula subatômica há muito procurada, chamada Bóson de Higgs (também conhecida como “partícula de Deus”), começou a circular na comunidade física.
O boato surgiu a partir de um comentário anônimo no blog do matemático americano Peter Woit, no qual publicaram o resumo de uma nota interna de físicos que trabalham no LHC, um acelerador de partículas de 17 quilômetros, que fica no laboratório CERN, na Suíça.
Ninguém sabe se essa nota é autêntica, ou o que os dados a que ela se refere podem significar; ainda assim, ela deu o que falar. Alguns cientistas dizem que a nota pode ser uma brincadeira, enquanto outros acreditam que a “detecção” é provavelmente uma anomalia estatística que irá desaparecer após um estudo mais aprofundado.
O Bóson de Higgs faz parte da teoria de partículas do Modelo Padrão da física. Os físicos acreditam que essa partícula concede massa a todas as outras partículas, mas eles ainda têm que confirmar a sua existência.
Os aceleradores de partículas colidem partículas a altas velocidades, gerando uma chuva de outras partículas que poderiam incluir a Higgs e outras peças elementares previstas pela teoria, mas ainda não detectadas.
A nota que vazou sugere que o LHC pode ter pego um sinal do Bóson de Higgs. O sinal é consistente, em massa e outras características, com o que o Higgs é esperado para produzir. No entanto, alguns outros aspectos do sinal não coincidem com as previsões.
Segundo cientistas, na nota, a taxa de produção é muito maior do que a esperada para o Bóson de Higgs do Modelo Padrão. Portanto, o sinal pode ser sinal de alguma outra partícula, ou poderia ser o resultado de uma nova, além do Modelo Padrão.
Além do mais, a nota não é um resultado oficial da equipe do LHC (e talvez nem verdadeira). Portanto, especular sobre a sua validade ou importância é ilegítimo. Não é científico discutir publicamente um material de colaboração interno antes que seja aprovado e oficialmente liberado.
Embora ainda seja cedo para qualquer conclusão, alguns pesquisadores já começaram a duvidar da possível detecção. Por exemplo, Tommaso Dorigo, um físico de partículas que trabalha tanto no Fermilab quanto no CERN (dois laboratórios com os dois maiores aceleradores de partículas do mundo), e opera o LHC, acha que o sinal é falso e vai desaparecer após uma inspeção mais minuciosa.
Tommaso disse não ter acesso à nota, mas deu várias razões para essa perspectiva. Ele aponta, por exemplo, que os cientistas do Fermilab não viram sinal do Bóson de Higgs em um experimento semelhante ao do LHC que teria gerado essa nota. Por enquanto, o que nos resta é esperar. 

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