A expansão métrica do
espaço-tempo ou expansão métrica do universo é uma peça chave da ciência atual
para compreender o Universo, através da qual o próprio espaço-tempo é descrito
por um métrica que relaciona-se com o tempo de tal maneira que as dimensões espaciais
parecem crescer ou estender-se à medida que o Universo envelhece. Explica como
se expande o Universo no modelo do Big Bang, uma característica de nosso
Universo suportada por todos os experimentos e observações cosmológicas,
cálculos astrofísicos e medidas até agora. A métrica que descreve formalmente a
expansão no modelo padrão do Big Bang designa-se como Métrica de
Friedman-Lemaître-Robertson-Walker ou Modelo FLRW.
A expansão do espaço é
conceitualmente diferente de outros tipos de expansões e explosões que são
vistas na natureza. Nossa compreensão do "cenário do Universo" (o
espaço-tempo) necessita que o espaço, o tempo e a distância não sejam
absolutos, senão que são obtidos a partir de uma métrica que pode modificar-se.
Na métrica de expansão do espaço, mais que objetos num espaço fixo
distribuindo-se até o vazio, é o espaço que contém os objetos e que está
modificando-se propriamente falando. É como se os objetos não se movessem por
si mesmos, é o espaço que está "crescendo" de alguma maneira entre
eles.
Devido a que é a métrica que
define a distância que está alterando-se mais que os objetos movendo-se no
espaço, esta expansão (e o movimento resultante são objetos afastando-se) não
está limitada pela velocidade da luz, limitação esta que é resultante da
relatividade especial.
A teoria e as observações
sugerem que muito no princípio da história do Universo, houve uma fase
"inflacionária" onde esta métrica alterou-se muito rapidamente e, que
a dependência do tempo restante que observamos desta métrica é a assim chamada
expansão de Hubble, o afastamento de todos os objetos gravitacionalmente
relacionados no Universo. O Universo em expansão é portanto uma característica
fundamental do Universo em que habitamos, um Universo fundamentalmente diferente
do Universo estático que Albert Einstein considerou ao princípio quando
desenvolveu sua teoria gravitacional.
Introdução
A expansão do Universo
avança em todas as direções determinada pela constante de Hubble atual.
Entretanto, a constante de Hubble pode ter mudado no passado e pode mudar no
futuro dependendo do valor observado do parâmetro de densidade (Ω). Antes do
descobrimento da energia escura, se cria que o Universo estava dominado pela
matéria e assim Ω neste gráfico se corresponde com a relação da densidade de
matéria com a densidade crítica (Ωm).
Uma métrica define como se
pode medir uma distância entre dois pontos próximos no espaço, em temos das
coordenadas destes pontos. Um sistema de coordenadas relaciona pontos em um
espaço (de qualquer número de dimensões) assinalando números únicos conhecidos
como coordenadas, a cada ponto. A métrica é então uma fórmula que converte as
coordenadas dos pontos em distâncias.
Por exemplo, considerando a
medida da distância entre dois lugares na superfície da Terra. Este é um
exemplo familiar característico de uma geometria não euclidiana. Devido a que a
superfície da Terra seja bidimensional, os pontos na superfície da Terra se
podem especificar mediante duas coordenadas, por exemplo, a latitude e a
longitude. A especificação de uma métrica requer que primeiro se especifique as
coordenadas utilizadas. Em nosso exemplo característico da superfície da Terra,
podemos eleger qualquer tipo de sistema de coordenadas, por exemplo latitude e
longitude ou coordenadas cartesianas (X-Y-Z). Uma vez que temos eleito um
sistema de coordenadas específico, o valor numérico das coordenadas de dois
pontos quaisquer são determinados de forma unívoca e, baseando-se nas
propriedades do espaço sobre o que se está discutindo, a métrica apropriada
também se estabelece matematicamente. Na superfície curva da Terra, podemos ver
este efeito em vôos longos percorridos onde a distância entre dois pontos é
medida baseando-se em um grande círculo e não ao longo da linha reta que passa
através da Terra. Em teoria há sempre um efeito devido a esta curvatura,
inclusive para pequenas distâncias, mas na prática para lugares
"próximos", a curvatura da Terra é tão pequena que é desprezível para
distâncias curtas.
Os pontos na superfície da
Terra se podem especificar dando duas coordenadas. Devido a que o espaço-tempo
tem quatro dimensões, temos que especificar os pontos neste dado espaço-tempo
dando quatro coordenadas. As coordenadas mais convenientes em cosmologia se
chamam coordenadas comóveis. Devido a que o espaço parece ser euclidianas, em
grandes distâncias se podem especificar as coordenadas espaciais em termos de
x, y, z, ainda que outras alternativas como as coordenadas esféricas são
utilizadas habitualmente. A quarta coordenada necessária é o tempo, que se
especifica nas coordenadas comóveis como o tempo cosmológico. A métrica do
espaço a partir das observações, parece ser euclidiana a grande escala. O mesmo
não se pode dizer da métrica do espaço-tempo, entretanto. A natureza
não-euclidiana do espaço-tempo se manifesta pelo fato de que a distância entre
pontos com coordenadas constantes cresce com o tempo, mais que permanecem
constantes.
Tecnicamente, a expansão
métrica do espaço é uma característica de muitas soluções das equações de campo
de Einstein da relatividade geral e a distância se mede utilizando o intervalo
de Lorentz. Esta explicação teórica proporciona uma explicação clara
observacional da lei de Hubble que indica que as galáxias mais distantes de nós
parecem estar se afastando mais depressa que as galáxias que estão mais
próximas. Em espaços que se expandem, a métrica modifica-se com o tempo de uma
forma que causa com que as distancias pareçam maiores em momentos posteriores,
de tal maneira que em nosso Universo do Big Bang, observamos fenômenos
associados com a expansão métrica do espaço. Se vivêssemos em um espaço que se
contrai (um Universo do Big Crunch) observaríamos fenômenos associados com uma
métrica de contração do espaço.
Os primeiros modelos
relativistas predisseram que um Universo que era dinâmico e continha matéria
gravitacional ordinária se contrairia mais que expandiria. A primeira proposta
de Einstein para uma solução a este problema incluía adicionar uma constante
cosmológica em suas teorias para balancear a contração e obter uma solução
estática para o Universo. Mas em 1922 Alexander Friedmann apresentou suas
famosas equações de Friedmann, demonstrando que o Universo poderia se expandir
e apresentando a velocidade de expansão para este caso.As observações de Edwin
Hubble em 1929 confirmaram que as galáxias distantes estavam todas afastando-se
de nós pelo que os cientistas aceitaram que o Universo estava se expandindo.
Até os desenvolvimentos teóricos dos anos 1980 ninguém teve uma explicação de
porque era assim, mas com o desenvolvimento dos modelos de inflação cósmica, a
expansão do Universo se converteu em uma característica geral resultante do
vácuo quântico. Por conseguinte, a pergunta de "por que está o Universo se
expandindo?" é agora contestada compreendendo-se os detalhes do processo
de decomposição da inflação que ocorreu nos primeiros 10−32 segundos de
existência de nosso Universo. Se sugere que neste momento a própria métrica
modificou-se exponencialmente, causando com que o espaço se modificasse de algo
menor que um átomo para uns 100 milhões anos luz.
Medição de distâncias
Na expansão do espaço, a
distância é uma quantidade dinâmica que altera-se com o tempo. Há várias formas
diferentes de definir distâncias em cosmologia, conhecidas como medidas de distância,
mas a mais comum é a distância comóvel.
A métrica só define a
distância entre pontos próximos. Para definir a distância entre pontos
distantes arbitrariamente, tem-se que especificar dois parâmetros: os pontos e
uma curva específica que os conecte. A distância entre os pontos se pode obter
encontrando a longitude desta curva de conexão. A distância comóvel define esta
curva de conexão como uma curva de tempo cosmológico constante.
Operacionalmente, as distâncias comóveis não podem ser diretamente medidas por
um simples observador com as limitações da Terra. Para determinar a distância
de objetos distantes, os astrônomos geralmente medem a luminosidade de vela
padrão ou o fator de deslocamento para o vermelho z de galáxias distantes e
então convertem estas medidas em distâncias baseadas em alguns modelos
particulares de espaço-tempo, como o Modelo Lambda-CDM.
Provas observacionais
Até o ano 2000 os cientistas
ainda não possuíam todas as peças de provas observacionais diretas para
confirmar a métrica de expansão do Universo. Entretanto, antes do descobrimento
desta prova, os cosmólogos teóricos consideraram que a métrica de expansão do
espaço era uma característica provável do Universo, baseada no que eles supõem
ser um pequeno número de princípios razoáveis na modelagem do Universo. Os mais
importantes são:
o princípio cosmológico que
exige que o Universo pareça o mesmo em todas as direções (isotrópico) e tenha
aproximadamente a mesma mistura suave de material (homogêneo).
o princípio de Copérnico que
exige que não exista um lugar no Universo preferencial (ou seja, o Universo não
tem "ponto de partida").
Em vários graus, os
cosmólogos têm descoberto provas suportando estas suposições, além das
observações diretas da expansão do espaço. Hoje, a métrica de expansão do
espaço é considerada pelos cosmólogos como uma característica observada,
baseando-se em que ainda que não se possa ver diretamente, as propriedades do
Universo que os cientistas têm provado e que podem ser observadas proporcionam
uma confirmação convincente. As fontes da confirmação são:
Edwin Hubble demonstrou que
todas as galáxias e objetos astronômicos distantes estão se afastando do nós
(lei de Hubble) como previa uma expansão universal.Utilizando o Desvio para o
vermelho de seu espectro eletromagnético para estimar a distância e a
velocidade de objetos remotos no espaço, demostrou que todos os objetos estavam
se afastando de nós e que sua velocidade é proporcional a sua distância, uma
característica da métrica de expansão. Estudos posteriores vieram a demonstrar
que a expansão era extremamente isotrópica e homogênea, ou seja, não parece ter
um ponto especial como "centro", mas parece Universal e independente
de qualquer ponto central fixo.
Em estudos da estrutura em
grande escala do universo tomados de medições do deslocamento para o vermelho
se descobriu o chamado "Final da Grandeza" nas maiores escalas do
Universo. Até que estas escalas fossem verificadas, o Universo parecia
"grumoso" com grupos de cúmulos galácticos e supercúmulos e filamentos
que tinham qualquer característica exceto ser isotrópicos e homogêneos. Esta
grumosidade desaparece em uma distribuição harmoniosa de galáxias nas maiores
escalas da mesma maneira que um quadro de Jackson Pollock parece grumoso de
perto, mas mais regular à distância e por completo.
A distribuição isotrópica
através do céu de erupções de raios gama distantes e supernovas é outra
confirmação do Princípio Cosmológico.
O Princípio Coperniciano só
foi realmente comprovado em escala cosmológica por medições dos efeitos da
radiação cósmica de fundo de microondas na dinâmica de sistemas astrofísicos
distantes. Como se informou a partir de um grupo de astrônomos do European
Southern Observatory, a radiação que impregna o Universo é demonstravelmente
mais fria que nos primeiros tempos O arrefecimento uniforme da radiação
cósmica de fundo de microondas durante milhões de anos é explicável agora se o
Universo está experimentando uma expansão métrica.
Tomadas conjuntamente, a
única teoria que explica coerentemente estes fenômenos depende de que o espaço
se expanda através de uma alteração na métrica. De modo interessante, não foi
até o descobrimento no ano 2000 das provas observacionais diretas para a
mudança de temperatura do fundo cósmico de microondas que as construções mais
bizarras não foram excluídas. Até este momento, estavam baseadas puramente em
uma suposição de que o Universo não se comportava como se a Via Láctea estivera
no centro de uma métrica fixa com uma explosão Universal de galáxias em todas as
direções (como se vê, por exemplo, no modelo de Milne).
Além disso, os cientistas
estão seguros que as teorias que dependem da expansão métrica do espaço são
corretas porque têm passado pelas rigorosas provas do método científico. Em
particular, quando os cálculos físicos são realizados baseando-nos nas teorias
atuais (incluindo a métrica de expansão), parecem dar resultados e predições
que, em geral, estão de acordo extremadamente próximos com observações
astrofísicas e de física de partículas. A universalidade espacial e temporal
das leis físicas foi até há pouco tomada como uma suposição filosófica
fundamental que agora é comprovada nos limites observacionais do tempo e do
espaço. Esta prova é tomada muito a sério porque o nível de detalhe e a
quantidade total de medidas que as teorias predizem se pode demonstrar que
coincide de forma precisa e exata com a realidade visível. O nível de precisão
é difícil de quantificar, mas está na ordem da precisão vista nas constantes
físicas que governam a física do Universo.
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