Uma análise recente de partículas energéticas e dados de campo magnético obtidos pela espaçonave Voyager 2 da NASA sugere que as luas de Urano, Ariel e/ou Miranda, podem estar ativamente expelindo material no espaço, possivelmente através de jatos de vapor de oceanos sob suas superfícies geladas.
Impressão artística de Urano e suas cinco maiores luas (da mais interna à mais externa): Miranda, Ariel, Umbriel, Titânia e Oberon. Crédito: NASA/Johns Hopkins APL/Mike Yakovlev
As descobertas, apresentadas na Conferência Anual de Ciências Lunares e Planetárias por pesquisadores do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins, destacam o potencial para encontrar vida extraterrestre e o papel crítico que as medições de partículas energéticas desempenham na compreensão da composição do nosso sistema solar.
Estas descobertas recentes sugerem que Urano pode se juntar às fileiras de outros planetas, incluindo Júpiter, Saturno e Netuno, como hospedeiro de pelo menos uma lua gelada que está emitindo partículas em seu sistema planetário.
O estudo
Cientistas do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins (APL), em Maryland, conduziram um novo estudo que revisita os dados da espaçonave Voyager 2 da NASA, que continua sendo a única espaçonave a explorar Urano até agora. O estudo, recentemente aceito para publicação na Geophysical Research Letters, indica que uma ou duas das 27 luas de Urano, Ariel e/ou Miranda, podem estar contribuindo para o plasma no ambiente espacial por meio de um mecanismo desconhecido e misterioso.
Segundo os pesquisadores, uma possível explicação é que as duas luas possuem oceanos sob suas superfícies geladas e estão ejetando material ativamente, possivelmente através de jatos de vapor. Esta descoberta fornece novas evidências intrigantes de que Urano pode hospedar um “mundo oceânico”, um termo usado para descrever corpos celestes com oceanos subterrâneos que podem abrigar vida.
A apresentação
A equipe de pesquisa compartilhou suas últimas descobertas durante a Conferência Anual de Ciências Lunares e Planetárias em 16 de março. De acordo com Ian Cohen, principal autor do estudo e cientista espacial da APL, as medições de partículas energéticas geralmente fornecem pistas vitais sobre a existência de mundos oceânicos. Como exemplo, dados de partículas e campos magnéticos já ajudaram a fornecer evidências da existência de duas luas oceânicas inequívocas em nosso sistema solar: a Europa de Júpiter e a Encélado de Saturno.
Os comentários de Ian Cohen enfatizam o papel vital que as medições de partículas energéticas desempenham em nossa compreensão da composição do sistema solar e em nossa busca por vida extraterrestre.
Uma missão de retorno a Urano e Netuno
O crescente interesse em uma missão de retorno a Urano e Netuno levou várias equipes de pesquisa a revisitar dados antigos de sobrevoo, muitas vezes resultando em novas e emocionantes descobertas. Essas descobertas influenciaram um painel de cientistas planetários, que recomendaram uma missão principal de US$ 4,2 bilhões a Urano como o próximo grande empreendimento planetário da NASA na próxima década. O potencial para novos insights sobre os mistérios do sistema solar externo alimentou o impulso crescente para tal missão, e as recentes descobertas nas luas de Urano, Ariel e Miranda, fornecem mais evidências do potencial científico de uma missão de retorno ao planeta.
As evidências
As recentes descobertas de Cohen e sua equipe os levaram a investigar mais profundamente os dados de partículas coletados pelo instrumento Low-Energy Charged Particle da Voyager 2. Por meio de sua análise, eles encontraram uma população presa de partículas energéticas observadas pela espaçonave quando ela partiu de Urano.
Cohen notou que as partículas estavam confinadas perto do equador magnético do planeta, uma ocorrência incomum. Inicialmente, os cientistas pensaram que a Voyager 2 havia voado através de um fluxo de plasma injetado da cauda distante da magnetosfera de Urano, mas Cohen argumentou que essa explicação não explica totalmente os fenômenos observados.
Ele disse:
A explicação
Utilizando modelos físicos simples e construindo quase quatro décadas de conhecimento desde a missão Voyager 2, a equipe de pesquisa procurou recriar a população de partículas energéticas observadas. Eles determinaram que a explicação exigia uma fonte consistente e robusta de partículas e um mecanismo específico para energizá-las. Depois de explorar vários cenários potenciais, a equipe chegou à conclusão de que as partículas provavelmente se originaram de uma lua próxima. Os cientistas propõem que Ariel e/ou Miranda poderiam estar liberando as partículas por meio de uma coluna de vapor, semelhante ao que foi observado em Encélado, ou por meio de um processo conhecido como pulverização catódica. A pulverização catódica envolve partículas de alta energia atingindo uma superfície e ejetando outras partículas no espaço.
As incertezas
A conclusão da equipe é limitada pela falta de dados disponíveis sobre a composição do plasma e medições de toda a gama de ondas eletromagnéticas na região. Como tal, é impossível determinar definitivamente a origem das partículas. Apesar dessas incertezas, as descobertas do estudo apoiam a ideia da presença de uma lua oceânica ativa em Urano. Cohen reconheceu que há espaço para uma modelagem mais abrangente, mas até que mais dados estejam disponíveis, quaisquer conclusões devem permanecer provisórias.
Fonte: curiosmos.com
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