Cientistas descobriram um novo sistema de anéis em torno de um planeta anão na borda do sistema solar. O sistema de anéis orbita muito mais longe do que é típico para outros sistemas de anéis, questionando as teorias atuais de como os sistemas de anéis são formados.
Impressão artística dos anéis de Quaoar. Crédito: Observatório de Paris
O sistema de anéis está em torno de um planeta anão, chamado Quaoar, que tem aproximadamente metade do tamanho de Plutão e orbita o Sol além de Netuno.
A descoberta, publicada na Nature, foi feita por uma equipe internacional de astrônomos usando o HiPERCAM – uma câmera de alta velocidade extremamente sensível desenvolvida por cientistas da Universidade de Sheffield, montada no maior telescópio óptico do mundo, o Gran Telescopio Canarias (GTC) de 10,4 metros de diâmetro em La Palma.
Os anéis são muito pequenos e fracos para serem vistos diretamente em uma imagem. Em vez disso, os pesquisadores fizeram sua descoberta observando uma ocultação, quando a luz de uma estrela de fundo foi bloqueada pelo Quaoar enquanto orbita o sol. O evento durou menos de um minuto, mas foi inesperadamente precedido e seguido por duas quedas na luz, indicativo de um sistema de anéis em torno de Quaoar.
Os sistemas de anéis são relativamente raros no sistema solar. Além dos anéis bem conhecidos em torno dos planetas gigantes Saturno, Júpiter, Urano e Netuno, apenas dois outros planetas menores possuem anéis - Chariklo e Haumea. Todos os sistemas de anéis previamente conhecidos são capazes de sobreviver porque orbitam perto do corpo pai, de modo que as forças de maré impedem que o material do anel se acumule e forme luas.
O que torna o sistema de anéis em torno de Quaoar notável é que ele se encontra a uma distância de mais de sete raios planetários - duas vezes mais longe do que se pensava ser o raio máximo de acordo com o chamado "limite de Roche", que é o limite externo de onde se pensava que os sistemas de anéis eram capazes de sobreviver. Para comparação, os principais anéis em torno de Saturno estão dentro de três raios planetários. Esta descoberta forçou, portanto, um repensar nas teorias de formação de anéis.
O professor Vik Dhillon, coautor do estudo do Departamento de Física e Astronomia da Universidade de Sheffield, disse: "Foi inesperado descobrir esse novo sistema de anéis em nosso sistema solar, e foi duplamente inesperado encontrar os anéis tão longe de Quaoar, desafiando nossas noções anteriores de como esses anéis se formam. O uso de nossa câmera de alta velocidade – HiPERCAM – foi fundamental para essa descoberta, já que o evento durou menos de um minuto e os anéis são muito pequenos e fracos para serem vistos em uma imagem direta.
"Todo mundo aprende sobre os magníficos anéis de Saturno quando é criança, então espero que esta nova descoberta forneça mais informações sobre como eles surgiram."
O estudo envolveu 59 acadêmicos de todo o mundo, liderados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil.
Fonte: phys.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário