O Sistema Solar abriga todos os objetos espaciais que estão sob o domínio gravitacional do Sol, a estrela "mãe". Desde pequenos, na escola, aprendemos sobre cada um dos oito planetas oficiais que fazem parte deste sistema: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Isso, é claro, sem contar Plutão, que foi "rebaixado" e classificado como um planeta anão em 2006. Mas você já parou para pensar sobre a origem dos nomes dos planetas, e como ou por que esses nomes foram escolhidos? Se a curiosidade bateu agora, fique tranquilo: nesta matéria você vai aprender tudo a respeito.
Os primeiros planetas foram batizados pela primeira vez pelos sumérios, que viviam na região da Mesopotâmia (atual Iraque) há aproximadamente 5 mil anos. Eles identificaram cinco “estrelas” que se moviam no céu, enquanto as outras ficavam paradas, e acharam que essas “estrelas” eram, na verdade, divindades misteriosas. Por isso, cada uma dessas cinco “estrelas que se moviam” recebeu nomes de deuses em que aquela civilização acreditava.
Depois, a civilização romana adaptou os nomes desse planetas de acordo com suas próprias divindades, considerando características de cada planeta. Sendo assim, os nomes que até hoje usamos para planetas e suas luas são uma homenagem a deuses da mitologia greco-romana, nomes esses que atravessaram os séculos. Entretanto, para outros povos, os planetas eram chamados por outros nomes, e não havia uma regulamentação geral para nomear objetos espaciais.
Foi apenas em 1919, com a criação da União Astronômica Internacional (IAU), que se passou a regulamentar nomes de objetos do Sistema Solar, o que é feito seguindo regras bastante específicas.
A origem do nome de Mercúrio
Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, o menor de todos e o que tem a órbita mais rápida, completando uma volta inteira ao redor do Sol a cada 88 dia terrestres, apenas. E o planeta em questão foi associado a Mercúrio, o mensageiro dos deuses (que, para os gregos, atendia por Hermes), justamente por causa dessa velocidade toda em sua trajetória.
Além de levar as mensagens dos outros deuses, Mercúrio também é o deus dos viajantes, dos comerciantes e até dos ladrões. Você já assistiu a algum filme relacionado à mitologia que tinha um deus com asas nos pés e um bastão nas mãos com duas cobras enroladas? Pois bem: é Hermes (opa, melhor dizendo: Mercúrio). A palavra "mercurial" é geralmente usada para se referir a algo ou alguém errático, volátil ou instável, derivado da rapidez dos voos de Mercúrio de um lugar a outro.
A origem do nome de Vênus
Por que não escolher o nome da mais bela de todas as deusas para o planeta mais brilhante no céu dentre os conhecidos pelos antigos? Vênus é ninguém menos que a personificação do amor e da beleza, na mitologia romana. Na cultura grega, atende pelo nome de Afrodite. Sabe aquela famosa pintura de uma bela mulher saindo de uma concha, com os longos cabelos cobrindo seu corpo? Prazer, Vênus! A obra, mais precisamente, se chama O Nascimento de Vênus, e foi feita por Botticelli. Na mitologia romana, quando Saturno cortou os órgãos genitais de seu pai Urano e os arremessou ao mar, o contato entre essa genitália e a espuma das águas acabou gerando Vênus.
Antes de receber o nome de Vênus, o planeta era popularmente considerado como dois corpos separados: Eósforo (que, na mitologia grega, é o filho de Eos, a deusa do amanhecer; seu equivalente romano era Lúcifer) como a estrela da manhã, e Héspero (irmão de Eósforo), como a estrela da tarde.
A origem do nome da Terra
Quando o nome Terra foi atribuído, já tinha o significado que tem hoje: solo. E para não falar que a Terra é a diferentona que não tem ligação alguma com a mitologia greco-romana, existe a divindade Gaia (para os gregos) e Telo (para os romanos), que é basicamente a personificação de terra e da natureza, e é esposa de Urano. No entanto, diferente dos outros, o nome Terra vem do latim.
Mas e a Lua, nosso tão amado satélite natural, por que tem um nome tão "genérico"? O que acontece é que, até recentemente (relativamente falando), simplesmente não sabíamos que existiam outras luas, até que Galileu descobriu luas ao redor de Júpiter em 1610, e percebeu que precisávamos de outros nomes além de "lua" para descrever os corpos que orbitam planetas. Nós apenas os chamamos de luas, a princípio, porque se comportam como a Lua da Terra — ou seja, são satélites naturais de outros planetas.
Os gregos se referiam ao nosso satélite natural como Selene, que era justamente o nome da deusa que personificava a Lua, mas, também na mitologia grega, a deusa Ártemis foi associada à nossa Lua, sendo também a deusa da caça, da vida selvagem e da castidade. Seu irmão gêmero era Apolo, deus do Sol e da verdade. E não, não é coincidência que a NASA tenha nomeado seu primeiro programa de visitação lunar como Apollo, e que esteja nomeando o programa que levará novamente astronautas à Lua (incluindo mulheres, pela primeira vez) como Artemis.
A origem do nome de Marte
Quando os astrônomos viram esse planeta vermelho, a associação óbvia foi com a cor do sangue. E é por isso que Marte recebeu o nome do deus romano da guerra, o mais violento dos deuses. No Oriente, Marte chegou a ter o nome de Estrela de Fogo. Você já ouviu falar que o amor e a guerra andam juntos? Acontece que, na mitologia, Marte teve um caso com a deusa Vênus, e com ela chegou a ter um filho, o Cupido (que, sim, é um deus romano, e originou aquele estereótipo do garotinho com asas e flecha de coração). O equivalente a Marte, na mitologia grega, é Ares.
As luas de Marte também contam com nomes bem apropriados: a maior delas é Fobos, nome que vem do deus do medo, filho de Ares. É também por causa de Fobos que nós dizemos que temos alguma fobia, quando há medo irracional de alguma coisa. Já o menor satélite natural de Marte foi batizado como Deimos, outro filho de Ares, e este é a personificação do terror e do pânico. Esses dois deuses menores acompanhavam o pai em suas batalhas, assim como as duas luas acompanham o planeta em sua órbita ao redor do Sol.
A origem do nome de Júpiter
Júpiter, o maior e mais majestoso planeta do Sistema Solar. Que nome mais apropriado, senão o do deus supremo da mitologia romana? Equivalente ao Zeus da mitologia grega, Júpiter é o rei dos deuses. Ele normalmente é representado com um raio em uma das mãos, já que é a divindade do céu, dos raios, dos trovões e das tempestades.
As luas de Júpiter também recebem nomes provenientes das mitologias grega e romana, de descendentes ou amantes do deus que dá nome ao planeta. Júpiter era um verdadeiro mulherengo: casado com a deusa Juno (que inclusive dá nome à sonda espacial da NASA atualmente orbitando Júpiter), teve muitas amantes e descendentes. No entanto, a escolha de nomes para as luas de Júpiter também usa como base a direção das órbitas desses objetos.
Júpiter possui 79 satélites naturais confirmados, e as "luas de Galileu", que é o grupo principal, são os quatro maiores satélites naturais do gigante gasoso: Io (uma princesa que foi uma das paixões do deus Júpiter), Europa (também uma de suas amantes), Ganimedes (um príncipe de Troia, que Júpiter levou para o Olimpo) e Calisto (que, na mitologia, despertou ciúmes em Juno e acabou sendo transformada em uma ursa, o que originou a constelação da Ursa Maior). Já o grupo dos satélites interiores é composto por luas que orbitam a uma distância menor de Júpiter. Em julho do ano passado, foram descobertas 12 novas luas ao redor do planeta, e foi lançada uma campanha para que a população sugerisse seus nomes — seguindo os padrões da IAU, claro.
A origem do nome de Saturno
Por ser um planeta que se move mais lentamente, Saturno recebeu esse nome em homenagem ao deus romano do tempo, que, na mitologia grega, atende por Cronos (é por isso que usamos termos como "cronologia", "ordem cronológica", "cronômetro", etc). Ele era filho de Urano e Gaia, e pai de Júpiter. Mas, antes de receber o nome de Saturno, o planeta foi chamado pelos Sumérios de Ninurta.
Júpiter era o planeta com a maior quantidade de satélites naturais conhecidos no Sistema Solar, mas recentemente foram descobertas 20 novas luas ao redor de Saturno, que é o atual recordista neste quesito. Agora, Saturno então possui 82 luas a seu redor, três a mais do que conhecemos em Júpiter. E, assim como as recém descobertas em Júpiter, essas luas saturnianas também tiveram a chance de serem batizadas com a ajuda da população.
O primeiro satélite natural de Saturno ganhou o nome de Titã, por causa dos antecessores dos deuses, os titãs, liderados pelo próprio Saturno. Uma das luas de Saturno tem o nome de Atlas, que, na mitologia, é um titã condenado a carregar o céu nas costas. Outra lua saturniana é Encélado, que, na mitologia grega, nasceu para derrotar a deusa Atena — mas não conseguiu.
A origem do nome de Urano
Por muito pouco, Urano quase foi uma exceção à regra na hora de ganhar seu nome oficial. Quando o astrônomo britânico William Herschel apontou seu telescópio em direção aos céus em 1781, acidentalmente descobriu o planeta que hoje chamamos de Urano, e decidiu batizá-lo de Georgium Sidus em homenagem ao rei George III. Posteriormente, o astrônomo Johann Bode decidiu manter a tradição de batizar os planetas em homenagem aos mitos greco-romanos, e escolheu Urano por causa da tonalidade azul celeste que toma conta do planeta. Acontece que Urano, na mitologia, é o deus do céu, marido de Gaia e pai de Saturno, avô de Júpiter.
O sétimo planeta do Sistema Solar possui 27 satélites naturais conhecidos. Contudo, suas nomenclaturas fogem à regra e todos receberam nomes de personagens de obras de William Shakespeare e Alexander Pope. As duas primeiras luas descobertas foram Titânia (Rainha das fadas em Sonho de uma Noite de Verão) e Oberon (que também faz parte de Sonho de uma Noite de Verão, mas também é o deus da escuridão, filho de Plutão, na mitologia).
A origem do nome de Netuno
Netuno ganhou esse nome por causa do equivalente a Poseidon, na mitologia grega. O deus romano Netuno era o rei do oceano, e um dos três grandes (junto com seu irmãos Júpiter e Plutão), então a escolha vem por causa da intensa tonalidade de azul que o planeta apresenta. Netuno também era conhecido como o deus dos terremotos, e é frequentemente representado com um tridente. O planeta em questão quase se chamou Le Verrier, em homenagem a Urbain Le Verrier, um de seus descobridores.
O planeta azul conta com 14 satélites naturais conhecidos. O maior é de longe Tritão, descoberto por William Lassell em 1846. Na mitologia, Tritão era o filho favorito de Netuno, geralmente representado com cabeça e tronco humanos e uma cauda de peixe. Ele é a representação masculina de uma sereia, e é basicamente o príncipe dos mares. Por sua vez, a segunda lua descoberta, Nereida, ganhou esse nome por causa das ninfas do mar. O nome das outras luas vem de personagens mitológicos associados com o oceano, como Proteu, por exemplo, que também era um dos deuses que serviam a Netuno.
Menção honrosa: a origem do nome de Plutão
Ok, Plutão não é mais um planeta "oficial" do Sistema Solar, já que, em 2006, foi reclassificado como um planeta anão. Mas esse simpático pequenino não deixa de estar em nossos corações mesmo assim, e merece um lugarzinho nesta matéria. Quando foi descoberto, por ser o planeta mais distante do Sol, recebeu o nome do mais obscuro de todos os deuses: o rei romano do Mundo Inferior, equivalente ao grego Hades. Plutão era o deus dos mortos, e seu reino ficava embaixo da terra.
Plutão possui cinco satélites naturais conhecidos. O maior, Caronte, recebeu esse nome por causa do deus que leva os mortos do mundo mortal ao Mundo Inferior, por meio de uma viagem de barco. As outras quatro luas também receberam nomes mitológicos interligados com o deus Plutão: Nix, que era a deusa da noite (e, por sua vez, a mãe do próprio Caronte); Hidra, um dos monstros que aterrorizava os heróis da mitologia; Cérbero, o cão de três cabeças que era guardião dos portões do Mundo Inferior; e Estige, que é o nome de um dos rios do reino dos mortos.
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