Um estudo publicado no Journal of Geophysical Research: Planets revelou que o gelo encontrado em Marte é não apenas poroso, mas também tem um potencial igual ou maior de derretimento em relação ao gelo da Terra.
A pesquisa foi conduzida de forma conjunta entre as universidades do Arizona e de Washington, combinando dados obtidos pelo módulo de pouso e sonda Phoenix (que pesquisou moléculas de água no pólo norte do planeta vermelho até 2008) e o orbitador de reconhecimento de Marte (MRO) com um novo modelo de análise criado pelos especialistas do estudo.
Basicamente, esse novo modelo trabalha na avaliação da claridade e brilho do gelo de Marte. Segundo a física, quanto mais claro e brilhante for uma camada de gelo, mais luz do Sol ela vai refletir, mantendo-se fria. É por isso, por exemplo, que as regiões extremas das zonas polares da Terra possuem gelo bem mais refinado e resistente do que de outras áreas (apesar do aquecimento global colocar isso à prova todo dia).
O oposto também é verdadeiro: quanto mais “escuro” for o gelo, mais luz ele absorve, elevando sua temperatura interna e ampliando seu potencial de derretimento. E segundo o novo estudo, o gelo de Marte é bem escuro.
“Existe uma chance de, nas condições certas, esse gelo ‘empoeirado’ e escuro possa derreter e baixar alguns centímetros”, disse Aditya Khuller, da Universidade do Arizona. “Mais além, qualquer líquido sob a superfície que tenha vindo desse derretimento será protegido da evaporação por uma camada de gelo em cima dele”.
Segundo os especialistas, o gelo coletado pelo módulo Phoenix se formou ao longo do último milhão de anos, aproximadamente, criado a partir de depósitos de neve e poeira. Em outras regiões de Marte, esse mesmo efeito já foi observado com diferentes variações de tempo.
“Acredita-se que Marte tenha passado por diversas ‘eras do gelo’ ao longo de sua história, e nos parece que o gelo exposto pelas latitudes medianas do planeta sejam resquícios de eras muito antigas”, disse Khuller.
“Agora”, ela continuou, “nós vamos trabalhar no desenvolvimento de simulações computadorizadas mais aprimoradas do gelo de Marte para estudar como ele evoluiu ao longo do tempo, e se ele também pode derreter e formar água em estado líquido. Os resultados deste estudo serão essenciais para o nosso trabalho, pois o conhecimento do brilho do gelo influencia diretamente no quão aquecido ele pode ficar”.
Essa mesma discrepância entre gelo claro e gelo escuro, por exemplo, está derretendo partes da Groenlândia.
Fonte: Olhar Digital
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