Há pouco mais de um ano, no dia 14 de setembro de 2015, cientistas que trabalhavam em duas estruturas gigantes com formato de “L” receberam um sinal em suas telas que mal podiam acreditar. Era a primeira evidência das ondas gravitacionais, ondulações no espaço que viajam pelo universo. Einstein havia feito a previsão da existência de tal onda há cem anos. A descoberta foi anunciada em fevereiro de 2016.
Então, em junho de 2016, a equipe de 900 pesquisadores do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO), anunciou a segunda detecção das ondas gravitacionais, realizada em dezembro de 2015. “Isso confirma – super confirma – que esses eventos não são falhas”, diz Vicky Kalogera, parte da equipe do LIGO. “Elas acontecem na natureza e podemos detectá-las a cada poucos meses”.
Depois de alguns upgrades no LIGO realizados nos últimos meses, Kalogera espera detectar pelo menos dez ondas no próximo ano, e até cem ondas por ano com a ajuda do detector europeu Advanced Virgo. Imre Bartos, um dos físicos que trabalham no LIGO, falou em entrevista para o Business Insider sobre o que a confirmação das ondas gravitacionais significa para a astronomia. Confira quatro coisas que serão possíveis a partir de agora:
4. Estudar supernovas
Uma das aplicações deste conhecimento é revelar supernovas – estrelas gigantescas que explodem e liberam elementos como carbono, nitrogênio e oxigênio – horas antes que elas se tornem visíveis para os telescópios. Isso acontece porque as ondas gravitacionais chegam à Terra muito antes das ondas de luz. Todas essas coisas tentam sair, inclusive a luz, mas trombam na matéria da estrela e ficam presas até que a estrela toda entre em colapso. Mas as ondas gravitacionais conseguem passar”, explica Bartos. Sabendo que a explosão está prestes a acontecer, os astrônomos podem estudar o fenômeno antes que ele aconteça. Além disso, as ondas gravitacionais vão revelar o que hoje fica escondido: a o centro das supernovas. “Neste momento as únicas ferramentas para explorar o que acontece dentro delas são os modelos de computador”, diz Bartos.
3. Ouvir o nascimento de buracos negros
Isso acontece dentro das supernovas ou quando duas estrelas ultradensas chamadas estrelas de nêutrons se unem. Este evento pode fazer com que as ondas gravitacionais “vazem” para todas as direções na velocidade da luz. As ondas gravitacionais podem indicar se os buracos negros têm algum tipo de estrutura. “O mas próximo que podemos chegar dos buracos negros são as ondas gravitacionais. Não deve haver qualquer estrutura na superfície, mas se houver, se o buraco negro tiver qualquer coisa, poderíamos detectá-la”.
2. Detecção de eventos raros
Outra aplicação para as ondas gravitacionais é a habilidade de detectar outros eventos espaciais, como sistemas de buracos negros binários – como aquele que gerou as ondas captadas pelo LIGO em setembro de 2015. Não temos a mínima ideia de quantos outros sistemas binários existem no universo, e também não sabemos quantas estrelas de nêutrons estão em pares ou em órbita com um buraco negro. As ondas gravitacionais podem nos dizer quando esses objetos vão colidir, e com que frequência isso acontece.
1. E outras surpresas
Ondas gravitacionais também podem revelar coisas sobre o universo que nem sequer imaginamos. “Podemos ter certeza que vamos ver grandes surpresas”, diz Kip Throne, físico do Instituto de Tecnologia da Califórnia e um dos fundadores do LIGO.
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