Uma grande pesquisa cosmológica, a “Baryon Oscillation Spectroscopic Survey (BOSS) Collaboration”, anunciou os pré-resultados do seu estudo recentemente. Mesmo faltando coletar dados de 10% das galáxias que o programa pretende examinar, seus pesquisadores dizem que já é possível fazer certas análises e chegar a uma conclusão importantíssima: a de que o universo é provavelmente infinito no tempo e no espaço.
Essa descoberta veio a partir do registro do espectro luminoso de mais de um milhão de galáxias com desvio para o vermelho de 0,2 a 0,7, indo até 6 bilhões de anos no passado do universo.
O espaço é infinito?
Durante a análise dos dados coletados pelo BOSS, que fazem parte do Sloan Digital Sky Survey (SDSS-III), os astrofísicos liderados pelo professor de física e astronomia Martin White, do Berkeley Lab, notaram que o universo é “plano”, ou bem próximo disso. A “curvatura” do espaço-tempo é muito pequena.
O que eles estudaram foi a densidade da matéria, e descobriram que as galáxias se reúnem aproximadamente em “esferas” (bastante exageradas na imagem acima, feita por um artista), as “oscilações acústicas bariônicas” (BAO), que se formaram nos primórdios do universo, quando a densidade era maior.
O universo é infinito: mito ou realidade?
Medindo o tamanho destas esferas, e comparando com o valor previsto pela teoria, os astrônomos foram capazes de determinar com uma precisão de 1% a que distância se encontram as galáxias.
Como comenta David Schlegel, “vinte anos atrás os astrônomos estavam discutindo sobre estimativas que diferiam em 50%. Cinco anos atrás, conseguimos refinar esta incerteza a 5%. Um ano atrás ela era 2%. 1% de precisão será o padrão por um longo tempo”.
Os cálculos batem: nosso universo pode ser um holograma
Esse dado, combinado com as medições recentes da radiação cósmica de fundo, sugere que a energia escura é uma constante cosmológica cuja força não varia com o espaço ou o tempo.
Um universo “plano” implica que o mundo experimentou uma inflação prolongada, até um decilionésimo de segundo ou mais, logo após o Big Bang. E significa também que o universo provavelmente se estende para sempre, sem ter um fim, e também se prolongará para sempre no tempo. Em resumo, os dados são consistentes com um universo infinito.
O multiverso existe?
A “curvatura” do universo é a primeira dica se ele é finito ou infinito. Um universo “plano” pode expandir sem parar, com paralelas nunca se tocando, e os ângulos internos de um triângulo somando exatamente 180°.
A pesquisa BOSS continuará até junho de 2014, embora o resultado da análise dos dados atuais já tenha sido publicado.
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