“As estrelas trocam planetas, como times de baseball trocam seus jogadores”, brinca o físico Hagai Perets, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, um dos autores do estudo que sugere que bilhões de estrelas em nossa galáxia têm capturado planetas órfãos, que antes vagavam pelo espaço interestelar.
Conhecidos também como planetas nômades ou órfãos, esses objetos espaciais são planetas ejetados de seus sistemas, que passam a vagar pela galáxia, até encontrarem uma casa nova em um novo sistema.
Agora, os resultados encontrados por Perets podem explicar a existência de tais planetas e até mesmo de sistemas formados por apenas dois planetas. O feito, também atribuído a Thijs Kouwenhoven, da China, será publicado no renomado periódico “The Astrophysical Journal” (A Revista da Astrofísica, em tradução livre).
Em simulações com jovens aglomerados de estrelas (clusters, na terminologia científica), onde também existem tais planetas interestelares, Perets e Kouwenhoven descobriram que se o número de planetas nômades se igualasse ao número de estrelas, então, de 3% a 6% das estrelas iriam se apoderar de um planeta no decorrer do tempo. E vale lembrar que quanto maior for a estrela, maior a possibilidade dela “prender” o planeta.
Os autores do estudo explicam que quanto mais próximas elas estiverem em um pequeno espaço, maior a chance de captura dos planetas órfãos. “Isso se deve ao fato de que, mais tarde, os clusters se dispersam e, assim, fica bem mais difícil para as estrelas apanharem tais planetas”, esclarece Perets.
Expulsos de casa
Perets conta que os planetas nômades são consequências naturais das formações estelares. “Sistemas recém-nascidos contêm, muito frequentemente, múltiplos planetas. Mas, se dois interagem, um pode ser ejetado, transformando-se em um viajante interestelar”, explica o cientista de Harvard.
Apesar das pesquisas, nenhum astrônomo até hoje conseguiu detectar um caso indubitável de planeta capturado. O fato é explicado pelas interações gravitacionais que acontecem dentro do sistema planetário, que podem jogar um planeta em uma órbita que imita as características de um planeta capturado.
A melhor evidência reunida até hoje sobre tal fenômeno é de autoria do Observatório Europeu do Sul, que em 2006 anunciou a descoberta de dois planetas (pesando 14 e 7 vezes o peso de Júpiter) que orbitavam um ao outro. “Esse é o mais próximo dos sistemas planetários duplos que a ciência chegou até hoje”, diz Perets. “Para reunirmos mais provas, precisamos estudar muitos outros sistemas planetários”
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