Em 2021, os astrônomos propuseram a existência de uma nova classe de exoplanetas, que eles chamaram de mundos Hycean. Esses planetas são caracterizados por suas atmosferas ricas em hidrogênio e vastos oceanos de água líquida, tornando-os candidatos potenciais na busca por vida alienígena. No entanto, uma nova pesquisa sugere que esses mundos podem não ser habitáveis, afinal.
O nome “Hycean” vem da combinação de hidrogênio e oceano, pois esses mundos são maiores que a Terra, mas menores que qualquer um dos planetas gigantes do nosso sistema solar e são cobertos por camadas densas e espessas de uma atmosfera de hidrogênio.
Embora não existam mundos Hycean confirmados, vários mundos candidatos foram identificados pela missão Kepler da NASA com base em estimativas de seu tamanho e densidade.
Os mundos Hycean são de grande interesse para os astrônomos porque onde há água líquida, há um potencial lar para a vida como a conhecemos. Além disso, esses planetas podem potencialmente existir em uma faixa muito mais ampla de órbitas em torno de suas estrelas-mãe sem sacrificar sua habitabilidade, o que significa que a vida pode ser mais comum nos mundos de Hycean do que no nosso.
No entanto, a pesquisa atual sobre a habitabilidade dos mundos de Hycean é relativamente simplista e se baseia em modelos de dinâmica atmosférica para entender como esses planetas podem funcionar.
Para resolver isso, uma equipe de pesquisadores desenvolveu uma abordagem mais sofisticada para estudar como um tratamento mais preciso das atmosferas e oceanos de Hycean mudaria nossa compreensão de seu comportamento em torno de diferentes tipos de estrelas.
Suas descobertas sugerem que a presença de uma atmosfera espessa e dominada por hidrogênio muda radicalmente a forma como esses planetas se comportam em comparação com um mundo como a Terra. Por exemplo, se um planeta com uma pressão atmosférica de 10 a 20 vezes a da Terra fosse colocado na mesma órbita da Terra, seus oceanos se tornariam “supercríticos”, fazendo com que evaporassem e desaparecessem.
Além disso, os pesquisadores descobriram que a mistura de vapor d’água e hidrogênio nas atmosferas dos planetas Hycean altera sua habitabilidade. Os mundos Hycean não podem receber quase tanta luz solar quanto se pensava antes de seus oceanos ficarem muito quentes para se sustentar como um líquido.
Modelos anteriores colocaram a borda interna da zona habitável, a região onde as temperaturas da superfície em um mundo são ideais para sustentar a água líquida, bem em torno de uma unidade astronômica (UA), a distância na qual a Terra orbita o sol.
Mas os novos cálculos empurram a borda interna para 1,6 UA para mundos com pressões de ar semelhantes à da Terra. Para mundos Hycean com 10 vezes a pressão do ar, a borda interna da zona habitável é agora considerada 3,85 UA. Isso significa que os mundos de Hycean não podem viver perto de suas estrelas-mãe, limitando assim seu alcance de habitabilidade.
Os pesquisadores concluíram que todos os mundos Hycean potenciais conhecidos existem dentro desses novos limites habitáveis e, portanto, é improvável que hospedem oceanos de água líquida e qualquer chance de vida. Esta descoberta é um golpe significativo para a busca de vida além da Terra, já que os mundos Hycean eram vistos como um candidato promissor para a existência de vida no universo.
Apesar dessas descobertas, ainda há esperança para a habitabilidade desses exoplanetas. Mundos hiceanos podem existir e sustentar oceanos de água líquida muito além da borda externa das zonas habitáveis para planetas semelhantes à Terra, então ainda podemos encontrar novos candidatos promissores. Os pesquisadores esperam continuar seu trabalho com simulações ainda mais detalhadas para capturar a dinâmica complexa e fascinante desses misteriosos mundos hipotéticos.
Em conclusão, a descoberta de mundos Hycean abriu novas possibilidades para a busca de vida além da Terra, mas a pesquisa recente sugere que esses mundos podem não ser capazes de suportar a vida, afinal.
O estudo destaca a importância de usar modelos sofisticados para entender com precisão o comportamento dos exoplanetas e os desafios de identificar mundos habitáveis além do nosso sistema solar. Embora essas descobertas possam ser decepcionantes, elas representam um passo crucial em nossa busca contínua por vida no universo.
Fonte: cienciaetecnologia.com
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