Com cerca de 340 metros de largura, o 99942 Apophis é o que astrônomos chamam de “objeto próximo à Terra” (NEO, na sigla em inglês), mas sua distância durante a passagem nesta semana será de 0,11 unidades astronômicas (uma unidade astronômica é equivalente à distância média entre a Terra e o Sol), ou 44 vezes a distância entre a Terra e a Lua. Isso significa que podemos considerar o Apophis inofensivo — ao menos por enquanto.
Desde sua descoberta, o Apophis tem sido monitorado pelos instrumentos astronômicos; por isso, sua órbita é bem conhecida. A aproximação que ocorre nesta sexta-feira representa um perigo ainda menor do que a passagem que ocorrerá em 2029. Os cálculos atuais mostram que a rocha a chance de uma colisão com nosso planeta é inferior a 1 em 100 mil, isso se considerarmos muitas décadas à frente. Para os próximos anos — incluindo 2029 —, as possibilidades de impacto foram totalmente descartadas.
Isso não torna o Apophis menos interessante, no entanto. O asteroide ainda é assunto e alvo de especulações a cada aproximação, e os pesquisadores também tiram proveito dessas oportunidades para estudar o objeto mais de perto. Infelizmente, o brilho do asteroide é muito baixo, com magnitude de apenas 15 ou 16. Em outras palavras, apenas telescópios de pelo menos 12 polegadas, ou câmeras muito sensíveis, poderão observá-lo passar pela órbita da Terra. Há muitos pesquisadores com acesso a esses instrumentos, aguardando o melhor momento para coletar dados sobre tamanho, forma, e composição do objeto.
As características que já puderam ser observadas colocam o Apophis entre os asteroides do tipo S, ou seja, o tipo pedregoso feito de materiais silicatados, além de uma mistura de níquel e ferro. Imagens de radar sugerem que ele tem formato alongado e possivelmente possui dois lóbulos, de modo que se pareça com um amendoim. O Apophis é um remanescente dos primeiros momentos após a formação do Sistema Solar, então ele provavelmente tem cerca de 4,6 bilhões de anos.
Uma curiosidade sobre esse asteroide é que ele mudará de grupo nos próximos anos. É que sua órbita cruza a órbita da Terra e ele completa uma volta ao redor do Sol em pouco menos de um ano terrestre, então ele faz parte do grupo conhecido como "Atenas" (ou seja, cujas órbitas são menores em largura do que a largura da órbita da Terra). Entretanto, sua aproximação com a Terra em 2029 fará com que a órbita da rocha espacial seja alterada, tornando-se ligeiramente maior do que a largura da órbita da Terra. Isso fará com que ele seja reclassificado como pertencente ao grupo "Apollo" (asteroides que cruzam a Terra com órbitas maiores que 1 unidade astronômica — 1 UA é a distância média entre a Terra e o Sol).
Ainda há muitas coisas sobre esse objeto que os astrônomos ainda não sabem e, por isso a NASA pretende visitar o Apophis em 2029 em uma missão secundária da sonda OSIRIS-REx — a mesma que já coletou amostras do asteroide Bennu e está se preparando para trazê-las à Terra. Em abril de 2029, o Apophis estará perto o suficiente de nosso planeta para que a OSIRIS-REx possa alcançá-lo com o que restou do combustível em seus motores, então será uma boa oportunidade para observar essa rocha espacial de pertinho.
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