A expressão “Seleção Natural” já era de uso comum na época de Darwin. Meses antes a publicação do livro, em uma carta a Charles Lyell no dia 30 de março de 1859. Darwin escreve: “A razão de eu gostar desse termo é que ele é constantemente utilizado em todos os trabalhos sobre a Criação...” “Também lamento o termo Seleção Natural, mas espero conserva-lo como uma explicação mais ou menos assim: Através da Seleção Natural ou preservação das raças favorecidas. (Carta - Darwin para Lyell. Trad. Vera. 1998, p. 289).
O que torna a “Seleção Natural” exclusivamente de Darwin é no sentido que ele atribui: “preservação das raças favorecidas”, que remete ao lema “sobrevivência do mais apto.” O ambiente seleciona indivíduos mais adaptados a uma determinada condição ecológica e ao mesmo tempo elimina aqueles animais que não conseguem se ambientar a estas condições. Ou seja, o animal que melhor se adaptar a uma determinada região, levará vantagens sobre as demais, e assim deixando um número maior de sobreviventes.
A teoria é adotada pelos cientistas contemporâneos como a teoria mais viável na justificação de que os seres vivos possam sobreviver ao longo do tempo, em detrimento de outros.
Em seu livro, Darwin destaca que na teoria da “sobrevivência do mais apto” ou “Seleção Natural” uma espécie não pode existir exclusivamente para oferecer vantagens à outra, se isso ocorrer, a teoria não poderia ser verdadeira. Como se pode observar no texto abaixo.
“Se alguém provasse que uma parte qualquer da conformação de uma dada espécie foi formada com o fito exclusivo de oferecer algumas vantagens à outra espécie, seria a ruína da minha teoria, estas partes, com efeito, não poderiam ser produzidas pela seleção natural.” (Darwin, C. 2010. Pág. 147)
Segundo Darwin, uma espécie não se modifica exclusivamente para oferecer vantagens a outras espécies, se tal processo ocorresse, à teoria da seleção natural não seria válida. A julgar que, a teoria se resume em espécies mais aptas sobressaindo os mais fracos e os eliminando.
Há exemplos na natureza de espécies que se alto beneficiam através de outra, como se pode observar no mutualismo (interação entre duas espécies que se beneficiam reciprocamente).
Os liquens são seres vivos, constituem uma simbiose formada por fungos e algas. Nesta interação ecológica interespecífica (espécies diferentes) harmoniosa, há vantagens recíprocas para as espécies. A associação é permanente dependente, onde os indivíduos não sobrevivem separados.
Os fungos são responsáveis por absorção de água e sais minerais, enquanto as algas são encarregadas para realizar a fotossíntese.
O primeiro a abordar o argumento da ajuda mútua como principal fator de evolução foi o zoólogo russo Karl Fiódorovich Kessler (1815 – 1881), reitor da universidade de São Petersburgo, em uma palestra proferida em 1880 para naturalistas.
Kessler afirmava a existência da luta pela sobrevivência, mas a negava como o motor da evolução das espécies. Como relatou Kropotkin (1842 - 1921) no livro “Mutualismo: Um Fator de Evolução” publicado em 1902.
“É óbvio que não nego a luta pela sobrevivência, mas sustento que o desenvolvimento progressivo do reino animal, e principalmente da humanidade, é muito mais favorecido pela ajuda mútua do que pela luta de todos contra todos. [...] Todos os seres vivos têm duas necessidades essenciais: a nutrição e a propagação da espécie. A primeira leva-os à guerra e ao extermínio mútuo, ao passo que a segunda faz com que se aproximem e se apoiem mutuamente. Mas estou inclinado a pensar que, na evolução do mundo orgânico – na modificação progressiva dos seres orgânicos –, a ajuda mútua desempenha um papel muito mais importante do que a luta entre indivíduos.” (KROPOTKIN, 2009, pg. 38)
Para Kropotkin a ajuda mútua é a regra em muitas das grandes divisões do reino animal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário