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domingo, 1 de janeiro de 2017

A vida terrestre pode ter ido parar nas luas de Saturno e de Júpiter, diz estudo


Se um dia encontrarmos vida em outro lugar do Sistema Solar, ela poderia ser descendente da vida da Terra, afirmam os especialistas


Segundo pesquisadores, a vida na Terra ou em Marte (caso ela existiu) pode ter viajado para as luas de Júpiter, ou de Saturno, em pedaços de rochas que se desprenderam de seus planetas, e sugerem que se os cientistas encontrarem vida naquelas luas, haverá uma grande possibilidade de que ela tenha origem terrestre.

A idéia de que a vida pode se espalhar pelo espaço é conhecida como panspermia. Uma classe da panspermia é a lithopanspermia (que sugere que a vida pode viajar em rochas ejetadas da superfície de planetas ou satélites). Se esses meteoróides conseguirem "encapsular" organismos suficientes, eles poderiam semear vida em outros planetas ou luas.

Embora improvável, a teoria é possível. Como exemplo, mais de 100 meteoritos provenientes de Marte foram encontrados na Terra, desprendidos do planeta vermelho por conta de impactos.

Alguns pesquisadores chegaram a sugerir que a vida na Terra pode ter sido originalmente semeada por meteoritos marcianos. Parte da pesquisa teve a missão de investigar se o planeta vermelho pôde, em algum momento, abrigar vida, e se ela poderia existir ainda hoje por lá, com base em conclusões de que Marte pode ter sido significativamente mais hospitaleiro para a vida do que é agora, e que refúgios para a vida poderiam estar ocultos sob sua superfície.

Pesquisadores acreditavam que o meteorito marciano Allan Hills 84001 ( ALH84001 ), tinha evidências de vida microbiana, entretanto, a pesquisa revelou posteriormente que os itens deste meteorito, potencialmente sugestivos de vida, teriam na verdade sido gerados de forma inorgânica.

Compilação de imagens da sonda Huygens
mostra Titã, satélite natural de Saturno.
Créditos: ESA / NASA / JPL
Clique na imagem para ampliar

Simulações de computador também sugeriram que muita matéria terrestre foi ejetada por impactos cósmicos, e que essa matéria, poderia ter escapado da força da gravidade da Terra, e ter caído na superfície lunar. Isso teria acontecido durante bilhões de anos, e ter acumulado cerca de 20 toneladas de fragmentos e poeira terrestre na superfície do nosso satélite natural. Se for verdade, a Lua pode conter fósseis de alguns dos primeiros tipos de vida microbiana da Terra.

A descoberta de organismos na Terra que podem sobreviver em ambientes extremos, despertou interesse sobre as luas do Sistema Solar, como a Europa, de Júpiter, ou Titã, de Saturno. Poderiam esses satélites abrigar vida?

Rachel Worth, principal autora do estudo e astrofísica da Universidade Estadual da Pensilvânia, analisou várias rochas viajantes juntamente com outros pesquisadores, e fizeram simulações de mais de 100.000 fragmentos individuais. A maioria desses fragmentos acabaram reentrando na atmosfera de seus planetas de origem. Um grande número de rochas foram engolidas pelo Sol, ou deixaram o Sistema Solar para sempre. Além disso, grande parte desses fragmentos acabaram atingindo planetas que estavam entre o planeta de origem e o Sol. Fragmentos que se desprendem da Terra, acabam parando em Vênus e Mercúrio; já os fragmentos marcianos tendem a encontrar com a Terra, além de Vênus e Mercúrio, e somente uma pequena fração dos meteoróides atingiram planetas em órbitas exteriores. Como exemplo, é mais provável que um meteoróide marciano caia na Terra do que em Júpiter.

Meteorito marciano ALH84001, foi encontrado em
1984, na Antártica,e tem cerca de 4 bilhões de anos.
Acredita-se que ele tenha caído na Terra  há
cerca de 13 mil anos. Créditos: NASA

Os pesquisadores calcularam que, ao longo de 3,5 bilhões anos (aproximadamente o mesmo tempo que se acredita que a Terra possui vida), cerca de 200 milhões de meteoróides, grandes o suficiente para proteger a vida do rigoroso clima espacial, foram ejetados da Terra. Também foi estimado que cerca de 800 milhões de rochas foram expulsas de Marte durante o mesmo período. Mais rochas tendem a escapar de Marte, pois a sua gravidade é cerca de 1/3 da que temos na Terra.

Pesquisas anteriores sugeriram que rochas de tamanho médio, que teriam sido ejetadas após grandes impactos, poderiam proteger organismos contra os perigos do espaço exterior por até 10 milhões de anos.

Os cientistas calcularam que cerca de 83.000 fragmentos terrestres e 320.000 marcianos poderiam ter atingido Júpiter depois de viajar 10 milhões de anos ou menos. Além disso, cerca de 14 mil fragmentos terrestres e 20 mil marcianos podem ter caído em Saturno durante o mesmo período.

Uma vez que as luas se encontram próximas de seus planetas, os pesquisadores calcularam que Titã e Enceladus, luas de Saturno, assim como Io, Europa, Ganimedes e Calisto, luas de Júpiter, cada uma deve ter recebido cerca de 10 fragmentos terrestres e marcianos durante esse período.

Estes resultados sugerem que a possibilidade de transferência da vida do interior do Sistema Solar para as luas exteriores não pode ser descartada. "Caso encontremos vida em Europa ou em outras luas do Sistema Solar, os cientistas terão que distinguir se a vida tem ou não relação com a da Terra", disse Rachel. Os pesquisadores advertem que não estão dizendo "que a vida viajou para uma destas luas, mas sim que isso poderia ter acontecido", disse Rachel.

Os cientistas acrescentaram que rochas que são ejetadas e retornam para seu planeta de origem poderiam ser responsáveis por uma nova propagação de vida em um mundo que tería sido parcial ou totalmente esterilizado após um grande impacto. Isso pode ajudar a explicar como a vida na Terra sobreviveu após a era conhecida como "Intenso Bombardeio Tardio", que ocorreu há cerca de 4.1 a 3.8 milhões de anos atrás.

Rachel Worth e seus colegas Steinn Sigurdsson e Christopher House detalharam suas descobertas na edição on-line da revista Astrobiology.

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