Impressão de artista de uma aurora por cima da região polar de uma anã castanha. Crédito: Chuck Carter e Gregg Hallinan, Caltech
Astrónomos descobriram a primeira aurora jamais vista num objeto para lá do nosso Sistema Solar. A aurora - semelhante às auroras boreais da Terra - é 10.000 vezes mais poderosa do que qualquer outra já vista. Encontraram a aurora não num planeta, mas numa estrela de baixa massa no limite entre estrelas e anãs castanhas. Os cientistas dizem que a descoberta revela uma grande diferença entre a atividade magnética de estrelas mais massivas e de anãs castanhas e planetas. Toda a atividade magnética que vemos neste objeto pode ser explicada por auroras poderosas," afirma Gregg Hallinan, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).
"Isto indica que a atividade auroral substitui a atividade coronal tipo-Sol em anãs castanhas e objetos mais pequenos," acrescenta. Os astrónomos observaram o objeto, chamado LSR J1835+3259, usando o VLA (Very Large Array) Karl G. Jansky no rádio, juntamente com o Telescópio Hale de 5 metros em Palomar e com o Telescópio Keck de 10 metros no Hawaii em comprimentos de onda visíveis. A combinação das observações óticas e rádio mostraram que o objeto, a 18 anos-luz da Terra, tem características diferentes de todas as já vistas em estrelas mais maciças.
As anãs castanhas, por vezes chamadas "estrelas falhadas", são objetos mais massivos que planetas, mas demasiado pequenos para despoletar as reações termonucleares nos seus núcleos. Os astrónomos dizem que as suas observações de LSR J1835+3259 indicam que as estrelas mais frias e as anãs castanhas têm atmosferas exteriores que suportam atividade auroral, em vez do tipo de atividade magnética visto em estrelas mais massivas e quentes. A descoberta também tem implicações para o estudo de exoplanetas. A aurora que os cientistas observaram em LSR J1835+3259 parece ser alimentada por um processo pouco conhecido mas semelhante àquele observado nos maiores planetas do Sistema Solar.
Este processo é diferente do que provoca as auroras da Terra - o campo magnético que interage com o vento solar. "O que vemos neste objeto parece ser o mesmo fenómeno que vemos, por exemplo, em Júpiter, mas milhares de vezes mais poderoso," comenta Hallinan. "Isto sugere que poderá ser possível detetar este tipo de atividade em exoplanetas, muitos dos quais são significativamente mais massivos que Júpiter," acrescenta. Hallinan trabalhou com uma equipa internacional de investigadores dos EUA, Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Rússia e Bulgária. Os cientistas publicaram as suas descobertas na edição de 30 de julho da revista Nature.
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