Eram perto de onze horas da noite do dia 8 de julho de 1962, em Honolulu, capital do Havaí (EUA). A cerca de 400 km de altitude do ponto onde o paradisíaco arquipélago se encontrava, pesquisadores americanos explodiram uma bomba nuclear. Mas o objetivo, ao menos desta vez, não era belicista. Nenhum habitante da cidade se machucou. Todos se maravilharam com um espetacular show de luzes no céu.
Por que o governo dos Estados Unidos fez isso? A explicação se inicia quatro anos antes, em 1958, quando o astrônomo estadunidense James van Allen descobriu um intrigante fenômeno. Ele observou que o campo magnético da Terra mantinha preso um cinturão de partículas carregadas. Um manto de prótons e elétrons se estende sobre o campo magnético do nosso planeta, em duas camadas. Em sua homenagem, tal manto foi chamado de “Cinturão de Van Allen”.
A mais externa está situada entre 15.000 km e 20.000 km de altitude, e contém partículas eletricamente carregadas tanto de origem atmosférica quanto do sol. A mais interna, já bem próxima da atmosfera (cujo limite máximo, a exosfera, está a cerca de 900 km de altitude), fica entre mil e cinco mil quilômetros de altitude, e é composta principalmente de prótons provenientes de decaimento natural dos nêutrons.
Pensando nestas relações radiativas, os americanos decidiram ver o que acontece se a explosão de uma bomba nuclear entrar em contato com a camada interna do Cinturão de Van Allen. Nem precisaram ir tão alto: detonaram o artefato a 400 km de altura. Um dos efeitos colaterais, totalmente imprevisível, foi o corte nas comunicações de um satélite que orbitava sobre a região pouco tempo depois. Mas não foi isso o que mais chamou atenção, à época.
Quem testemunhou o evento viu um show de luzes com incríveis sete minutos de duração. O governo dos EUA produziu um vídeo compilado com mais de uma hora de duração, que mostra a experiência realizada no Projeto Starfish (é assim que foi chamado a iniciativa) e outros testes similares, sob vários ângulos.
A qualidade das imagens está comprometida, mas dá uma boa ideia de como o processo ocorreu. Os cientistas acoplaram a bomba a um foguete e o lançaram. Rapidamente, ele alcançou a altura necessária e a bomba explodiu. Esta é a imagem inicial. Depois dela, há várias visões de como ficou o céu logo após a explosão. A partir dos 31 minutos de vídeo, é possível enxergar o fenômeno com um pouco mais de clareza. O céu ficou tingido por um clarão, circundado por um espectro de várias cores.
A rádio nacional americana (NPR, na sigla em inglês) preparou uma reportagem com mais de seis minutos de duração, no qual foram ouvidas várias testemunhas oculares da explosão. Os entrevistados descrevem as cores e formas observadas no céu, e especialistas contam o panorama científico e social que envolvia os EUA à época do evento. Para quem entende bem o inglês, é uma ótima forma de se aprofundar no tema.
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