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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Como a NASA resolveu com cinco dólares um problema de cem milhões




Muita coisa pode dar errado em uma missão espacial, e alguns erros podem acabar transformando uma fortuna em prejuízo. Há alguns anos, um foguete da NASA passou por um probleminha aparentemente tolo, mas que poderia custar 100 milhões de dólares (174 milhões de reais) aos cofres da agência. Uma solução criativa, no entanto, acabou resolvendo o caso pelo preço de um almoço popular.
Tudo começou em meados de 2009, na fase final de construção do foguete Ares I. Concebido pela NASA como parte do projeto Constellation (cancelado pelo governo dos EUA no ano passado como corte no orçamento), cuja função era criar uma nova geração de naves espaciais, o foguete estava passando por ajustes nos controles internos.
Quando boa parte do projeto do Ares I já estava em desenvolvimento, os cientistas descobriram uma falha que poderia colocar tudo por água abaixo. Eles notaram que, devido ao desenho do foguete e às alterações físicas na máquina durante um lançamento, a vibração da cabine dos astronautas seria tão grande que eles não poderiam ler o que estivesse escrito em qualquer tela digital da cápsula.
Obviamente, não poderia haver missão se eles não pudessem ler nada.
A solução pensada, então, foi dar um jeito de fazer os astronautas vibrarem na mesma frequência da cabine. Algo como tornar os astronautas uma parte colada à cabine, vibrando com ela, de modo que os olhos poderiam acompanhar a vibração da tela. O problema é que, com a tecnologia disponível, mesmo a mais precisa das aproximações de vibração entre foguete e tripulação ainda seria imperfeita. O conteúdo da tela continuaria tão ilegível quanto antes.
Quando o desespero já tomava conta dos engenheiros e demais cientistas, surgiu uma ideia: ao invés de tentar ajustar a vibração no ambiente (no caso, a cabine), por que não ajustar a vibração na própria tela? Para isso, bastou um projetor de luz estroboscópica, aquela luz piscante que se usa em boates. Como a luz pisca em determinada frequência, acendendo e apagando, permite ver em poses estáticas e contínuas um objeto que na verdade está em movimento.
Esse foi o segredo: isolar cada momento de leitura da tela como um flash visual. Um projetor como esse é escandalosamente mais barato do que um novo sistema anti vibração de foguetes: de fato, custa não mais do que cinco dólares (o equivalente atual a R$ 8,70). Depois disso, bastou usar um acelerômetro (equipamento que faz exatamente o que diz o nome) para regular a vibração da luz estroboscópica com a do foguete, e, pronto, caso resolvido.
A tecnologia já foi aprimorada depois disso, e atualmente os problemas quanto à vibração em foguetes foram praticamente extintos. É uma pena que o projeto Constellation e o lançamento do Ares I tenham sido temporariamente suspensos devido ao corte de verba do governo dos EUA, mas a lição fica para todas as iniciativas espaciais que ainda virão . 

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