Se construir uma nave espacial para visitar uma estrela já é algo bastante difícil com as condições tecnológicas atuais, manter pessoas vivas a bordo poderia ser uma tarefa ainda mais complicada. Uma viagem, mesmo para uma das estrelas mais próximas de nós, levaria décadas ou, quem sabe, centenas de anos. Quem chegaria ao destino certamente seriam os filhos ou netos dos astronautas.
Mas, para que as futuras gerações existissem, seria necessário haver reprodução dentro na nave espacial – o que pode não ser tão simples assim. Ainda não se sabe se crianças teriam um desenvolvimento bem-sucedido na microgravidade espacial em uma missão rumo à outra estrela.
Até agora, não conseguimos enviar uma sonda para além do nosso próprio sistema solar, muito menos para a estrela mais próxima, a mais de 4 anos-luz de distância. Para se ter a ideia da dimensão disso, um ano-luz – a distância que a luz percorreria em um único ano – é de cerca de 10 trilhões de quilômetros.
A menos que cientistas inventem um método prático para simular a gravidade em uma nave espacial, uma viagem interestelar seria feita na ausência de gravidade. Com o tempo, a microgravidade acabaria com o corpo, diminuindo o volume de sangue, atrofiando os músculos, diminuindo o conteúdo mineral ósseo e prejudicando a visão.
Os efeitos sobre um feto em desenvolvimento seriam ainda mais graves, talvez interrompendo o desenvolvimento embrionário normal e o funcionamento neurológico. O corpo e os ossos de um bebê podem se desenvolver de maneira diferente na ausência de gravidade.
E o nascimento poderia ser ainda mais complicado. Afinal, dar à luz em gravidade zero deve ser um inferno para a mãe, que dependeria essencialmente do peso do bebê.
Isso considerando que os futuros pais chegassem tão longe assim. Aparentemente, sexo também não é algo fácil de ser feito em gravidade zero, porque não há tração e você continuaria batendo contra as paredes. Sem atrito, também não há nenhuma resistência.
Vamos considerar que bebês humanos consigam ser concebidos e nascidos no espaço. Ainda sim, existiria uma série de outras dificuldades. Além dos efeitos negativos da microgravidade sobre o corpo, as pessoas em uma viagem tão longa poderiam ser vítimas de uma doença, e não deve ser difícil desenvolver problemas psicológicos estando preso a bordo de um veículo no vácuo do espaço até o fim da vida.
Chegando ao destino – uma outra estrela, com um planeta habitável que os humanos pudessem colonizar – ainda haveriam dificuldades. Planetas habitáveis podem não ter tão parecidos com a Terra. Por isso, os humanos possivelmente teriam que construir uma cúpula com uma biosfera similar a do nosso planeta para viver. Além disso, existe a questão ética a cerca de alterar radicalmente outro mundo, e até erradicar outra forma de vida microbiana, com a tentativa de deixar o planeta humanamente habitável.
A melhor opção poderia ser alterar humanos geneticamente para que suportassem outro ambiente. Mas, nesse caso, poderia surgir uma segunda espécie de seres humanos – tão diferentes dos terrestres que os dois poderiam não ser capazes de cruzar e se reproduzir em um possível encontro. É mole ou quer mais?
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