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terça-feira, 9 de novembro de 2021

Apanhadas numa espiral

 

  Esta imagem mostra, em cima à esquerda, um par de galáxias em espiral sobrepostas, NGC 3314a e NGC 3314b, capturadas pelo VLT Survey Telescope (VST) do ESO numa majestosa dança cósmica. Mas não deixe que a perspectiva o/a engane! Estes objetos não se encontram em interação. As duas galáxias, situadas a uma distância entre 117 e 140 milhões de anos-luz na constelação da Hidra, não se encontram de modo algum fisicamente relacionadas e apenas parecem sobrepôr-se quando são observadas a partir da Terra. Este alinhamento bastante único dá-nos a oportunidade de medir muitas propriedades das galáxias, como por exemplo como é que a poeira absorve a radiação estelar e, consequentemente, aprendermos mais sobre a sua composição e evolução. 

Há ainda outro segredo escondido nesta imagem que podemos ver se olharmos com atenção para a região inferior direita: para lá desta dança cósmica podemos ver também uma ténue mancha amarelada, a assinatura de uma galáxia ultra-difusa (UDG, sigla do inglês). As galáxias ultra-difusas são objetos tão grandes como a Via Láctea, mas com 100 a 1000 vezes menos estrelas. Consequentemente, estas galáxias são extremamente ténues e falta-lhes gás para formar estrelas, o que faz com que nos apareçam como pequenas manchas no céu noturno. Esta galáxia, chamada UDG 32, trata-se de uma das galáxias mais ténues e menos densas do enxame de Hydra I. 

Esta imagem foi obtida no âmbito de um projeto muito maior, o rastreio VEGAS (VST Early-type Galaxy Survey), cujo objetivo é investigar estruturas muito ténues em enxames de galáxias — enormes grupos de galáxias ligadas entre si pela gravidade. O estudo, liderado por Enrichetta Iodice do Istituto Nazionale di Astrofisica em Itália, sugere que a UDG 32 pode ter-se formado a partir de filamentos provenientes da NGC 3314a, no entanto são necessárias mais observações para confirmar esta hipótese. 

Crédito: ESO

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