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domingo, 16 de julho de 2017

Encontrar vida em Marte fica mais improvável




Sem vida
Marte não tem um dos ambientes mais hospitaleiros para a vida como a conhecemos. Mas agora cientistas dizem que sua superfície é muito menos acolhedora do que eles haviam calculado. Análises feitas em laboratórios com compostos presentes em Marte mostraram que a superfície do planeta contém um "coquetel tóxico" de produtos químicos que podem destruir qualquer organismo vivo.

Perclorato
Jennifer Wadsworth e Charles Cockell, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, realizaram os experimentos com partículas conhecidas como "percloratos".
Esses compostos, encontrados naturalmente e sinteticamente na Terra, são abundantes no solo de Marte, segundo confirmado por missões da NASA que detectaram as substâncias em diversas partes do planeta vermelho. Os pesquisadores descobriram que os compostos são capazes de matar culturas da bactéria Bacillus subtilis, que representa o modo de vida básico.

À temperatura ambiente da Terra, os percloratos são compostos estáveis, mas em temperaturas elevadas tornam-se ativos. Os cientistas queriam estudar qual seria a reação dos percloratos em temperaturas extremamente frias, como as de Marte.

Bactericidas
Simulando as condições da superfície do planeta, que é banhado por luz ultravioleta, mas não de calor, a equipe descobriu que os compostos também podem ser ativados nessa situação.
Nos experimentos, os percloratos tornaram-se potentes bactericidas capazes de matar esses seres em minutos, esterilizando as superfícies do meio estudado, afirmam os pesquisadores. As estruturas celulares das bactérias perderam rapidamente sua viabilidade.
Os resultados foram ainda mais dramáticos quando os pesquisadores adicionaram óxidos de ferro e peróxido de hidrogênio, comuns na superfície de Marte.
Em um período de 60 segundos, a combinação de percloratos irradiados, óxidos de ferro e peróxido de hidrogênio aumentou em dez vezes a taxa de morte das B. subtilis em comparação com as que tinham sido expostas apenas à radiação ultravioleta.
Isto sugere, segundo o estudo, que o planeta "é muito mais sombrio do que se pensava".

Perfurar Marte
Os cientistas dizem que a descoberta tem muitas implicações para a busca por vida no Planeta Vermelho.
"Os dados mostram que os efeitos combinados de pelo menos três componentes da superfície marciana, ativados pela fotoquímica da superfície, fazem com que a superfície atual seja muito menos habitável do que se pensava previamente," escrevem os pesquisadores. "E demonstram a baixa probabilidade de sobrevivência de contaminantes biológicos liberados por missões robóticas e humanas."
Wadsworth e Cockell afirmam que novas missões devem começar a perfurar camadas mais profundas do planeta para descobrir se a vida existiu ou existe lá.
"Se queremos encontrar vida em Marte, precisamos levar essa descoberta em conta", disse Wadsworth à agência de notícias AFP. "É preciso ver se podemos encontrar a vida abaixo da superfície, em lugares que não seriam expostos a essas condições."
Segundo os cientistas, o ambiente onde poderia haver mais chance de vida estaria a dois ou três metros abaixo da superfície, onde qualquer organismo conseguisse proteger-se da intensa radiação. "Nessas profundezas, é possível que a vida marciana possa sobreviver", disse Wadsworth.

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