Quem estava consciente em 1996 deve lembrar da notícia que varreu o mundo, de que uma pedra marciana encontrada na Antártida continha o que pareciam bactérias fossilizadas. O nome da pedra de 1,93 kg era Allan Hills 84001 (abreviada para ALH 84001) e foi encontrada em 1984 por uma equipe de caçadores de meteoritos.
Pela composição da rocha e dos gases que estavam presos nela, deduz-se que era marciana, e acredita-se que tenha sido arrancada de sua rocha formadora entre 4 e 3,9 bilhões de anos atrás pelo impacto de um meteorito, mas ficou no planeta Marte até 15 milhões de anos atrás, quando outro impacto arremessou-a ao espaço, onde ficou até cair na Terra cerca de 13.000 anos atrás.
Os interiores dos meteoritos são verdadeiros vitrais da natureza
Uma história agitada, principalmente se considerarmos que em 1996 ela virou notícia no mundo todo, quando uma equipe da NASA liderada por David McKay, falecido ano passado, anunciou que a superfície da mesma continha estruturas que pareciam fósseis de bactérias. Ainda não foi possível confirmar se realmente se tratam de restos de vida marciana, ou se são estruturas criadas por algum processo físico-químico.
Agora, 18 anos depois daquela controvérsia, uma pedra marciana novamente vai para as manchetes, e novamente pela possibilidade de conter sinais de vida marciana. A pedra da vez tem cerca de 13,7 kg e é chamada de Yamato 000593 ou Y000593. Ela foi coletada por uma expedição japonesa em 2000 na Geleira Yamato, e foi emprestada para uma equipe de cientistas da NASA, da qual o mesmo David McKay fazia parte.
Meteoritos causam avalanches na superfície de Marte
Acredita-se que a Y000593 tenha se formado em Marte a 1,3 bilhões de anos atrás, a partir de um fluxo de lava, e foi ejetado para o espaço pelo impacto de um meteorito 12 milhões de anos atrás, onde ficou até cair na Antártida cerca de 50.000 anos atrás.
Esta pedra está se tornando centro de outra disputa sobre a presença ou não de vida em Marte graças à descoberta de minúsculas esférulas ricas em carbono, e micro-túneis, semelhantes aos escavados por bactérias que se alimentam de rocha, e estes sinais foram impressos na rocha antes dela ter sido arremessada no espaço, sugerindo “atividade biótica” segundo os cientistas da NASA.
Esta não é a primeira vez que um meteorito marciano apresenta micro-túneis e esférulas ricas em carbono, em 1911 outro meteorito de origem marciana caiu no Egito, o meteorito Nakhla. Nele foram identificadas, em 2006, estruturas semelhantes a micro-tubos.
Ainda não dá para ter certeza que as características observadas não possam ser geradas por processos físico-químico não associados à vida, mas a semelhança destas características com estruturas similares de rochas terrestres, associadas à atividade biológica, não deixa de ser intrigante.
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Por enquanto sabemos que as estruturas no Yamato 000593 são evidência de alterações causadas por um ambiente aquoso, mostrando que Marte era bastante ativo no passado. Ainda não há uma prova definitiva da presença de vida em Marte, como restos de DNA incompatível com o DNA terrestre, e mesmo a possibilidade de ser contaminação terrestre ainda não foi completamente eliminada, mas as possibilidades não deixam de ser interessantes.
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