O modo como observamos o tempo e espaço é uma percepção humana e uma construção mental que nos ajuda a perceber e compreender as coisas que estão ao nosso redor. O físico alemão Albert Einstein dizia que o tempo é relativo, pois ele pode funcionar de diferentes formas dependendo do referencial; por exemplo, se você viajasse para Marte a uma velocidade próxima à da luz, o tempo para você passaria significativamente mais devagar em comparação ao tempo de quem está ‘parado’ na Terra.
Na verdade, os pesquisadores apontam que o tempo não existe da maneira como nós o percebemos; nosso cérebro foi realmente desenvolvido para criar um tempo linear, com começo, meio e fim. O cientista, astrônomo e divulgador científico Carl Sagan ficou muito conhecido por todas as suas contribuições para a ciência; em uma delas, ele descrevia o tempo como a quarta dimensão — algo como acontece no fim do filme Interestelar (2014).
A teoria de Einstein afirma que o tempo é relativo, pois quanto mais rápido você estiver viajando, mais rápido o tempo passará. A hipótese já foi provada em experimentos que colocaram relógios atômicos em aeronaves. Inclusive, os astronautas que subiram a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) puderam experimentar um pouco do efeito da percepção do tempo
Atualmente, a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço dos Estados Unidos (NASA) realiza experimentos a bordo da ISS para entender a percepção do tempo no espaço. Afinal, seus astronautas estão viajando a milhares de quilômetros por hora constantemente ao redor do planeta.
“O objetivo do experimento 'Percepção do Tempo em Microgravidade' é investigar a percepção do tempo pelos tripulantes a bordo da estação. Os membros da tripulação são solicitados a avaliar ou reproduzir a duração da exibição de um quadrado azul apresentado no centro [do óculos de realidade virtual]. Os resultados são comparados com as linhas de base pré e pós-voo”, a NASA explica.
A percepção do espaço e tempo no universo
Talvez você nunca tenha parado para pensar nisso, mas os astronautas a bordo da ISS estão viajando ao redor da Terra a aproximadamente 28 mil quilômetros por hora — a uma distância de 400 quilômetros da superfície terrestre. Cada volta completa leva aproximadamente 90 minutos. Em um voo de seis meses com as características apresentadas, os astronautas podem voltar para a Terra aproximadamente 0,007 milissegundos mais jovens do que se tivessem permanecido no planeta.
Para realizar os testes de percepção do tempo a bordo da ISS, os astronautas utilizam óculos de realidade virtual e fones de ouvido para bloquear as informações externas. A partir daí, eles devem realizar alguns experimentos que auxiliarão os astrônomos a entender como o tempo é estimado em ambientes espaciais. O experimento é realizado primeiro na ISS, depois quando os astronautas retornam para a Terra, a fim de comparar os resultados.
De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature, um grupo de cientistas aponta que os humanos percebem tanto o espaço quanto o tempo de uma forma afetada quando estão na Estação Espacial Internacional. Por exemplo, artigos anteriores mostraram que a percepção espacial dos astronautas, incluindo distância, profundidade e tamanho, é alterada na órbita do espaço.
“Percebemos o ambiente por meio de uma representação mental elaborada baseada em uma integração constante de informações sensoriais, conhecimento e expectativas. Estudos anteriores de astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional mostraram que a representação mental do espaço, como a percepção do tamanho, distância e profundidade do objeto, é alterada em órbita. Como as representações mentais do espaço e do tempo têm alguma sobreposição nas redes neurais, levantamos a hipótese de que o entendimento do tempo também seria afetada pelo voo espacial”, descreve o artigo.
Em outros estudos, os cientistas apontam que a percepção do tempo pode estar conectado com a linguagem humana. Por exemplo, o inglês é um idioma que utiliza um sistema organizado da esquerda para a direita, por isso, os falantes da língua tendem a definir que o tempo começa da esquerda para a direita. Já nas línguas organizadas da direita para a esquerda, como o árabe e o hebraico, o tempo será ao contrário.
Quando nos referimos ao tempo, comumente explicamos que o passado está atrás de nós e o futuro está à nossa frente. Mas isso é bem diferente para a tribo Aymara, um povo indígena da América do Sul. Devido à linguagem da tribo, eles afirmam que o passado está à frente deles e o futuro atrás.
De qualquer forma, apesar de estudos que investigaram amplamente o tema, ainda não descobrimos todas as características do tempo e do espaço. Para nós, ambos funcionam de uma forma específica e linear, mas talvez nossas limitações cerebrais e visuais não permitam que experimentemos o universo como ele realmente pode ser.
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