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domingo, 1 de maio de 2022

Hubble faz 32 anos: veja cinco coisas que você não sabia sobre o telescópio espacial da NASA

 

Ele é mais velho que muitos de seus fãs e, para os fãs com mais idade que ele, a sensação de “ver o menino crescer” é inevitável: o telescópio espacial Hubble, da NASA, completa 32 anos nesta segunda-feira (25), tendo começado a sua órbita a 547 quilômetros (km) da órbita da Terra em 25 de abril de 1990 – um dia depois de ser lançado pelo finado programa de ônibus espaciais. 

A agência espacial americana recentemente divulgou uma imagem celebratória feita por ele (que você confere logo abaixo, em um vídeo especial), mostrando um agrupamento de galáxias e provando que, apesar de estar no fim de sua missão, o nosso “velhinho” ainda tem bastante capacidade. A fim de entrar no mesmo ritmo de comemoração, o Olhar Digital também relembra cinco informações do universo que nós só conseguimos descobrir por causa do Hubble: 

Quantos anos nós realmente temos

Antes do Hubble, os astrônomos tinham uma certa dificuldade de determinar a real idade do universo. Antigamente, estimativas iam de 10 bilhões de anos para 20 bilhões de anos e, convenhamos, qualquer diferença na casa dos “bilhões” é bem grande (comparativamente: 2,5 bilhões de batimentos cardíacos equivalem…à sua vida inteira, do nascimento à velhice).

Com o advento do telescópio espacial, nós fomos capazes de observar tipos muito específicos de estrelas – chamadas “cefeidas”, classificadas como gigantes ou supergigantes amarelas de 100 a 30 mil vezes mais brilhantes que o Sol – com mais precisão. Esse brilho foi o que nos deu a maior exatidão da idade do universo: 13,78 bilhões de anos, um número calculado pelo tempo de chegada dessa luminosidade à Terra. 

Estamos aumentando, não encolhendo

Uma questão perene para qualquer astrônomo é: se sabemos como começamos (Big Bang), como vamos acabar? Uma das teorias mais comuns é a do Big Crunch – basicamente, se o Big Bang foi a explosão que jogou tudo para todos os lados, o Big Crunch seria o seu oposto, com todos os corpos celestes eventualmente sendo atraídos para um ponto em comum, se esmagando a uma taxa avassaladora. 

Bom, ainda não sabemos se essa teoria – ou mesmo outras – será confirmada, mas o Hubble, este “jovem” de 32 anos, nos deu uma ideia diferente, comprovando que o universo está não só ainda está se expandindo, como vem fazendo isso a uma velocidade mais rápida do que pensávamos: 74 km/s/Mpc – ou, em termos expressos, setenta e quatro quilômetros por segundo por megaparsec (um megaparsec é igual a mil parsecs, ou 308.567.758.127.995.860 km). 

Outra curiosidade, aliás: esse número é estipulado pela chamada “Lei de Hubble”, atribuída ao astrônomo americano Edwin Hubble…cujo sobrenome serve como nomenclatura para o longevo telescópio espacial da NASA. 

Ele descobriu os exoplanetas

Antes do Hubble, nós não tínhamos ideia de que outros planetas existiam fora do nosso sistema solar. Obviamente, hipóteses sempre foram formuladas dentro dessa possibilidade, mas apenas com o telescópio espacial é que fomos capazes de observar outras estrelas com corpos planetários se movendo em suas órbitas.

Recentemente, a NASA confirmou a existência de mais 5 mil exoplanetas – fora uns 8 mil candidatos -, ampliando nossas confirmações em pouco mais de 30 anos. Evidentemente, nem todos foram detectados pelo Hubble (o Transiting Exoplanet Survey Satellite – ou “TESS” – é hoje o maior responsável por novas descobertas), mas digamos que, se o Olhar Digital tem uma página dedicada a exoplanetas, nós devemos isso ao Hubble. 

Ele tem um defeito grave que quase o fez virar piada

Quem vê nossas notícias sobre o Hubble hoje nem imagina a dificuldade que foi para conceber o projeto e levá-lo lá para cima. Primeiramente, seu lançamento foi adiado por causa do desastre da missão Challenger, um acidente fatal que viu um ônibus espacial (Challenger OV-099) explodir pouco mais de um minuto após seu lançamento, matando todos os sete astronautas que o tripulavam, em 1986. 

Depois, já no espaço, a NASA percebeu pelas primeiras imagens feitas pelo Hubble que um de seus espelhos telescópicos – o principal, aliás – foi polido “demais”, ficando fora das especificações necessárias. Fisicamente, a alteração era mínima (coisa de um quinquagésimo da espessura de um fio de cabelo). Na prática, isso era mais que suficiente para borrar qualquer imagem que ele produzisse. 

O problema virou capa de várias revistas de projeção global – a Newsweek chegou a chamá-lo de “Fiasco de US$ 1,5 bilhão”, em referência ao custo de seu desenvolvimento e lançamento. O conserto viria apenas em 1993, quando um grupo de astronautas conseguiu instalar um instrumento conhecido como “COSTAR”, que consiste de uma série de pequenos espelhos que corrigem a falha do principal a cada registro de imagem. 

Você pode usar o Hubble (se tiver a paciência necessária)

Embora ele seja uma propriedade da NASA, o Hubble, ao longo de seus 32 anos, foi usado por vários astrônomos, de várias agências, organizações e até mesmo profissionais independentes. Isso porque, no espaço, não há restrições de propriedade, uma vez que informações do universo são, legalmente, classificadas como “interesse global”. 

Na prática, isso significa que qualquer pessoa pode usar o Hubble, independente de sua aptidão, conhecimento ou estudo. Mas calma: há uma ressalva que tende a eliminar boa parte da sua vontade – a paciência. Isso porque o Hubble é uma das peças de observação astronômica mais importantes da história, então algo assim, ainda que “livre” em uso, tem uma concorrência absurda na fila de propostas enviadas aos seus operadores. 

Funciona assim: um comitê especial analisa propostas de observação com base em pré-estudos – você determina um campo de pesquisa que acredita que o Hubble lhe ajudará a desvendar. Esse painel avalia a proposta e determina sua validade e prioridade, e então você ganha acesso ao uso do telescópio. É mais ou menos como o trabalho de conclusão de curso (TCC) de algumas graduações na faculdade: você entrega um “pré-tema” ao orientador, ele aprova, você começa a pesquisa de fato. 

Parece simples, mas na prática é bem pior que isso: todo ano, centenas, talvez milhares de astrônomos enviam propostas ao comitê. E menos de um quinto – ou 20% dessas aplicações – conseguem seu objetivo, com datas determinadas em comum acordo entre candidatos do estudo e o painel gestor. 

Não suficiente o fato de você sequer escolher quando vai usá-lo, quem não for aceito deverá se contentar com acesso antecipado ao acervo de fotos do Hubble. As imagens do telescópio se tornam públicas um ano após serem registradas, mas alguns candidatos acessam o arquivo antes disso se comprovarem a necessidade para tal. 

Futuro do Hubble: mais 32 anos à frente?

Evidentemente, o Hubble, com seus 32 anos de história, tem muito mais curiosidades que poderíamos dedicar um dia inteiro para listar aqui. Mas assim como todo trabalhador que dedicou mais da metade da vida (ou, no caso dele, toda a vida) a uma função específica, ele também merece se aposentar. 

O telescópio espacial James Webb, tido como o seu sucessor espiritual e lançado em 25 de dezembro de 2021, já está em sua posição no espaço, fazendo os ajustes finais para começar a trabalhar para valer. Tecnologicamente falando, ele é muitas e muitas vezes superior ao Hubble, o que nos permitirá fazer observações ainda mais detalhadas do universo. 

Ao Hubble, fica a paralisação gradual de 32 anos de atividades: ele continuará operando porque foi desenhado para isso, mas pouco a pouco, receberá menos atenção de seus operadores, até que um dia ele simplesmente descanse – merecidamente, depois de uma vida dedicada a expandir nossos conhecimentos sobre o que tem “lá fora”.

Fonte: Olhar Digital

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