NGC 4565, uma galáxia espiral a uma distância estimada em 30-50 milhões de anos-luz.Crédito: Ken Crawford
De acordo com Cristina Martínez-Lombilla, candidata a doutoramento no Instituto de Astrofísica das Canárias em Tenerife, Espanha, e seus colaboradores, a galáxia que habitamos, a Via Láctea, pode estar a ficar maior. Ela apresentou o trabalho da sua equipa numa palestra na passada terça-feira, dia 3 de abril, durante a Semana Europeia de Astronomia e Ciências Espaciais em Liverpool. O Sistema Solar está localizado num dos braços do disco de uma galáxia espiral barrada a que chamamos Via Láctea, com um diâmetro de cerca de 100.000 anos-luz. A nossa Galáxia é formada por várias centenas de milhares de milhões de estrelas, com enormes quantidades de gás e poeira, componentes estes interligados e interagindo através da força da gravidade. A natureza desta interação determina a forma de uma galáxia, que pode ser espiral, elíptica ou irregular. Sendo uma espiral barrada, a Via Láctea tem um disco no qual estrelas, poeiras e gases se encontram principalmente num plano, com braços que se estendem para fora de uma barra central.
No disco da Via Láctea existem estrelas de muita s idades diferentes. Estrelas azuis, quentes e massivas são muito luminosas e têm uma vida relativamente pequena de milhões de anos, enquanto estrelas de massa menor eventualmente tornam-se mais avermelhadas e mais fracas, podendo viver centenas de milhares de milhões de anos. As estrelas de curta vida, mais jovens, podem ser encontradas no disco da Galáxia, onde novas estrelas continuam a formar-se, ao passo que as estrelas mais antigas dominam a protuberância em redor do Centro Galáctico e o halo que circunda o disco.
Algumas regiões de formação estelar podem ser encontradas na orla externa do disco, e os modelos de formação de galáxias preveem que as novas estrelas aumentem lentamente o tamanho da galáxia em que residem. Um problema em estabelecer a forma da Via Láctea é que vivemos dentro dela, de modo que os astrónomos olham para galáxias similares noutros lugares como análogas à nossa.
Martínez-Lombilla e colegas propuseram-se a estabelecer se outras galáxias espirais parecidas à Via Láctea estão realmente a ficar maiores e, em caso afirmativo, o que isso significa para a nossa própria Galáxia. Ela e a sua equipa usaram o telescópio terrestre SDSS para dados óticos, e os dois telescópios espaciais GALEX e Spitzer para dados do ultravioleta próximo e infravermelho próximo, respetivamente, a fim de examinar detalhadamente as cores e movimentos das estrelas no final dos discos de outras galáxias.
Os investigadores mediram a luz nestas regiões, predominantemente proveniente de jovens estrelas azuis, e mediram o movimento vertical (para cima e para baixo no disco) das estrelas para descobrir quanto tempo levaria para se afastarem dos seus locais de nascimento, e como as suas galáxias hospedeiras estavam a crescer em tamanho.
Com base nisso, calcularam que as galáxias como a Via Láctea estão a crescer a cerca de 500 metros por segundo, depressa o suficiente para cobrir a distância de Liverpool a Londres em aproximadamente 12 minutos.
Martínez-Lombilla comenta: "A Via Láctea já é bastante grande. Mas o nosso trabalho mostra que pelo menos a sua parte visível está a aumentar lentamente de tamanho, à medida que se formam estrelas na periferia galáctica. Não é um crescimento rápido, mas se pudéssemos avançar no tempo e olhar para como a galáxia seria daqui a 3 mil milhões de anos, seria cerca de 5% maior do que é hoje."
Este crescimento lento pode ser irrelevante no futuro distante. Prevê-se que a Via Láctea colida com a vizinha Galáxia de Andrómeda daqui a cerca de 4 mil milhões de anos, e a forma de ambas mudará radicalmente à medida que se fundem.
Fonte: http://www.ccvalg.pt/astronomia/
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