Um grupo de astrônomos utilizando telescópios do observatório ALMA (Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array) observou a presença de metanol em forma gasosa (CH3OH) no disco onde planetas estão se formando ao redor da estrela TW Hydrae, na constelação da Hydra. O metanol é uma molécula orgânica complexa, uma das maiores já observadas em discos protoplanetários, e encontrá-lo significa um passo adiante no caminho de compreender como esses componentes fundamentais da vida participam no processo de formação de um sistema planetário.
Moléculas orgânicas contém em sua estrutura carbono, hidrogênio e, normalmente, átomos característicos como oxigênio, nitrogênio, enxofre e outros. A vida como conhecemos possui uma química fundamental baseada nas moléculas orgânicas, portanto, encontrá-las no espaço é motivo de festa para quem acredita em vida extraterrestre.
Composição artística ilustrando moléculas de metano no disco protoplanetário de TW Hydrae, na constelação da Hydra (fonte ESO).
A estrela TW Hydrae é extremamente jovem e ainda possui ao seu redor o disco de gás e poeira onde se formarão planetas, cometas, asteroides. Como está a apenas 170 anos-luz de nós, ela é um excelente objeto desse tipo para ser estudado, nos permitindo ver algo muito semelhante ao Sistema Solar em seu estágio inicial. Os anéis escuros da imagem abaixo mostram regiões onde planetas estão efetivamente sendo formados e limpando o material em sua órbita.
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Os astrônomos observaram uma maior concentração do metanol entre 30 e 100 unidades astronômicas da estrala. Como o metanol é um composto orgânico complexo formado no gelo da superfície de grãos de poeira, sua observação em estado gasoso a essa distância do centro indica que há migração de grãos de regiões mais frias para regiões mais internas do sistema, onde ocorre a transição gelo-gás do metanol. Isso já era esperado pelos modelos de formação planetária.
Um dos autores do trabalho, Ryan A. Loomis, disse que “a existência de metanol gasoso no disco é um indicador inequívoco de processos químicos orgânicos ricos numa fase inicial de formação estelar e planetária. Este resultado é importante no sentido de compreendermos como é que a matéria orgânica se acumula em sistemas planetários muito jovens.”
Cada vez mais, a noção de que vida é algo comum e abundante no Universo se torna mais e mais evidente.
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