Cinturões de radiação
Há pouco mais de uma semana, a sonda espacial Juice (sigla em inglês para Explorador das Luas Geladas de Júpiter) fez história ao realizar pela primeira vez uma manobra de assistência gravitacional dupla, usando tanto a Terra quanto a Lua.
Esta ilustração mostra a trajetória da Juice durante sua assistência gravitacional lunar-terrestre, incluindo a imagem de alta resolução do halo de plasma quente (mais de um milhão de graus) circundando a Terra. Os anéis brancos mostram a distância equatorial de 4 e 6 raios da Terra. O detalhe mostra medições feitas pelos instrumentos JENI e JoEE durante sua passagem pelos cinturões de radiação, revelando um ambiente de íons e elétrons altamente estruturado e energético. [Imagem: ESA/NASA/Johns Hopkins APL/Josh Diaz]
Mas os técnicos da Agência Espacial Europeia (ESA) queriam mais, e por isso acionaram os instrumentos científicos da sonda para realizar um teste do que eles farão quando chegarem a Júpiter.
Foram feitos vários testes, mas um deles já gerou um resultado científico históricos: Dois dos instrumentos capturaram a imagem mais nítida já feita dos cinturões de radiação da Terra, faixas de partículas carregadas presas no escudo magnético da Terra, ou magnetosfera.
Nenhum astronauta consegue ver o que foi capturado pelos instrumentos JENI (Neutros e Íons Energéticos Jovianos) e JoEE (Elétrons Energéticos Jovianos), mas o cinturão de plasma, que interage com o hidrogênio na fronteira da atmosfera terrestre, desempenha papéis ainda não totalmente compreendidos pela ciência - é nesses cinturões de radiação que ocorrem as auroras boreais e austrais.
"Assim que vimos as imagens novas e nítidas, comemorações circularam pela sala," disse Matina Gkioulidou, responsável pelo instrumento JENI. "Ficou claro que tínhamos capturado o vasto anel de plasma quente circundando a Terra com detalhes sem precedentes, uma conquista que despertou entusiasmo pelo que está por vir em Júpiter."
A Juice leva o mais poderoso conjunto de instrumentos de sensoriamento remoto, geofísico e carga útil já enviado ao Sistema Solar externo - vários deles são melhorias em relação aos instrumentos da sonda Cassini. [Imagem: ESA/ATG]
Além de trazer novas informações sobre a Terra, a informação é importante porque funciona como uma referência para a interação que os cientistas esperam ver nas luas de Júpiter, que deve ser muito maior do que o que o novo mapa mostra em relação à Terra e da Lua, já que a magnetosfera de Júpiter é muito mais forte e deve exercer um papel igualmente maior sobre suas diversas luas.Rumo a Vênus e de volta outra vez
Agora, após usar a gravidade da Lua e da Terra, a trajetória da sonda Juice foi ajustada para um futuro encontro com Vênus, em agosto de 2025.
Esse sobrevoo por Vênus servirá como um estilingue gravitacional, impulsionando a Juice de volta à Terra e preparando-a para dois sobrevoos adicionais, em setembro de 2026 e janeiro de 2029. Só então a sonda terá ganho a aceleração necessária para iniciar de fato sua jornada rumo a Júpiter, onde deverá chegar em julho de 2031.
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