Os processos de formação dos relâmpagos em Júpiter são muito parecidos com os da Terra, segundo as descobertas de um novo estudo publicado na revista Nature Communications. Por outro lado, as condições necessárias para eles se formarem podem ser bem diferentes.
Imagem de Júpiter feita pela Juno com toques artísticos para representar tempestades no polo norte (Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/SwRI/JunoCam)
Desde a viagem da espaçonave Voyager 1 por Júpiter, há mais de 40 anos, os astrônomos já sabiam que relâmpagos por lá acontecem com a mesma frequência que em nosso planeta. A confirmação foi quando a sonda captou sinais de rádio fracos, emitidos pelos raios de descarga elétrica.
A presença desses fenômenos em Júpiter não é nenhuma surpresa, já que ele é coberto por nuvens de tempestades, tornados e ciclones — aliás, essas são as únicas coisas que observamos nas fotos do gigante gasoso. Contudo, os cientistas ainda tinham muitas perguntas sobre como os processos de formação dos relâmpagos ocorrem ali.
Depois de cinco anos estudando dados da espaçonave Juno, dedicada exclusivamente às observações de Júpiter desde 2016, os autores do novo estudo descobriram que os raios jovianos ocorrem da mesma maneira que na Terra, “passo a passo”. Em outras palavras, eles produzem o mesmo tipo de tempestades elétricas.
Para isso, foi necessário se debruçar sobre os dados do instrumento Waves, a bordo da nave Juno. Sozinho, ele coletou 10 vezes mais emissões de rádio do que as missões antecessoras (Voyager 1 e 2, Galileo e Cassini). O Waves captou sinais de rádio separados por até um milissegundo, revelando as etapas típicas da formação de relâmpagos.
Na Terra, os raios parecem se formar e iluminar o céu em um único processo, mas isso não é verdade — existem várias etapas distintas e muito rápidas, cada uma emitindo sinais de rádio isolados. Estudando essas emissões, os cientistas conseguem compreender melhor o que acontece dentro das nuvens em uma tempestade.
É por isso que os autores do estudo decidiram estudar os sinais de rádio da Juno, e o resultado foi a detecção das mesmas etapas distintas antes da descarga elétrica dos raios. Isso é o suficiente para concluir que os processos são muito semelhantes nos dois planetas.
Apesar disso, existem outros mistérios sem respostas, como as regiões onde há maior incidência de raios. Na Terra, eles ocorrem com maior frequência nas regiões dos trópicos e equador, e pouquíssima atividade elétrica nas nuvens dos polos. Em Júpiter, é exatamente o oposto, e os cientistas ainda não sabem o porquê.
Os autores do estudo suspeitam que essa diferença acontece porque as condições para a formação dos raios são completamente diferentes em cada planeta — por mais que os processos sejam os mesmos. Outros mistérios incluem o fato de nenhum relâmpago ter sido encontrado na Grande Mancha Vermelha de Júpiter.
Fonte: canal tech
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