Onde você estava há 10 anos? Por mais longe que fosse, certamente não tão distante quanto a pequena Huygens. Em 14 de janeiro de 2005, ela carregou a humanidade rumo a mais um ‘pequeno passo’, ao aterrissar em Titã, a maior lua de Saturno. O primeiro pouso de uma nave terrestre em um corpo celeste do Sistema Solar exterior integrou a missão da sonda espacial Cassini, enviada para estudar o gigante planeta dos anéis e seus muitos satélites. Esse representa, até hoje, o ponto mais distante que um artefato humano já tocou.
Tudo começou com o lançamento da sonda Cassini, ainda ativa, em 1997. Era uma missão da Agência Espacial Europeia (ESA) em parceria com a norte-americana Nasa, que tinha como objetivo estudar Saturno e suas luas, entre elas Titã. Foram anos de viagem até seu destino final antes que o módulo Huygens, de 320 kg, pudesse ser liberado na superfície de Titã.
Durante a descida, o módulo recolheu informações sobre as condições climáticas de Titã, além de tirar diversas fotos do satélite. Em solo, manteve contato com a Terra por cerca de 3 horas – muito mais do que o esperado. A comunicação só foi interrompida quando a rotação de Titã tirou o módulo do alcance de Cassini, que atuava como retransmissora. O módulo forneceu importantes informações sobre a composição, pressão e densidade da atmosfera de Titã, a velocidade de seus ventos e sua temperatura, além de ter descartado a hipótese de que o metano da atmosfera fosse produzido por bactérias.
O estudo dessa lua em especial desperta enorme interesse, pois seu meio ambiente bizarro possivelmente é o mais parecido com o da Terra dentro do Sistema Solar. Ela é o único corpo celeste onde sabemos haver líquidos na superfície e possivelmente conta com um ciclo hidrológico completo – seus rios e lagos, no entanto, não são feitos de água, e sim de etano e metano líquidos. Os dois hidrocarbonetos também podem ser encontrados em forma de gelo nos polos e evaporados, formando nuvens altas.
Com uma superfície repleta de moléculas baseadas em carbono e um meio líquido para se desenvolver, não seria loucura especular, então, que pudesse haver vida nesse ambiente extremo. Pelas condições radicais, no entanto, se algo de fato viver por lá, provavelmente será bem diferente da vida como conhecemos na Terra.
A missão inicial da sonda acabou em 2008, mas a Cassini quer mais: ela ainda deve funcionar até 2017 e a última missão que executará foi batizada, num concurso na internet, de Cassini Grand Finale. Todos continuaremos atentos às novidades e belas imagens que ela ainda poderá nos revelar.
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