Os dados ajudarão astrônomos a tentar descobrir a origem das rajadas, que já foram creditadas desde a explosões em buracos negros até comunicação extraterrestre
Animação da aleatoriedade de explosões rápidas de rádio. (NRAO Outreach/Vimeo)
Consideradas um dos fenômenos astronômicos mais misteriosos da atualidade, as explosões de ondas de rádio liberadas no espaço e detectadas na Terra, denominadas Rajadas Rápidas de Rádio (FRB), já eram intrigantes por si só por não ter origem definida, mas se tornaram mais enigmáticos após um grupo de cientistas detectar 25 pontos do espaço que emitiram rajadas repetidamente no Universo em um intervalo de dois anos.
O mistério se torna ainda maior quando os pesquisadores viram que um desses lugares, denominados fontes de rajada, emite os pulsos poderosos de ondas de rádio a cada 16 dias — as rajadas liberam mais energia em um milissegundo do que o Sol em três dias. Os dados ajudarão astrônomos a tentar descobrir a origem das rajadas, que já foram creditadas desde explosões em buracos negros até comunicação extraterrestre.
Os astrônomos responsáveis pela descoberta fazem parte da iniciativa Chime/FRB, na qual pesquisadores do Canadá, Estados Unidos, Chile, Austrália e Índia analisaram dados captados pelo radiotelescópio de última geração Chime, localizado em British Columbia, no país canadense. A descoberta foi feita após a análise dos dados obtidos do observador entre 2017 e 2021.
Foram mais de 1 mil rajadas rápidas de rádio detectadas a partir do grande campo de detecção e ampla capacidade de detectar frequências do Chime — o número é surpreendente já que, na história, pouco mais de 100 eventos do fenômeno tinham sido registrados até o aparelho ser habilitado.
A partir de 2019, o algoritmo de agrupamento do radiotelescópio, gerenciado por uma inteligência artificial, foi aprimorado: o sistema passou a permitir que o algoritmo agrupasse as rajadas em conjuntos, caso elas fossem disparadas de um mesmo local do Universo e se tiverem a mesma quantidade de frequência, o que os pesquisadores chamam de Medida de Dispersão (DM).
A DM é uma espécie de DNA das rajadas, o que permite ao algoritmo do Chime identificar os sinais repetidos. "O algoritmo de agrupamento considera todas as rajadas rápidas de rádio que o telescópio Chime detectou e procura agrupamentos de FRBs que tenham posições consistentes no céu e medidas de dispersão (DM) dentro das incertezas de medição", explica Ziggy Pleunis, autor principal do estudo.
"Em seguida, fizemos várias verificações para garantir que as rajadas em um mesmo aglomerado realmente vieram da mesma fonte", acrescenta. Foi assim que o Chime registrou as 25 novas fontes repetidas — além disso há 14 eventos em análise que também podem ter emitido rajadas repetidamente.
A análise das fontes repetidas mostraram que as rajadas não eram emitidas com regularidade, exceto uma, o que intrigou ainda mais os pesquisadores. Registrada como FRB 180915, a rajada se repete, religiosamente, a cada 16,35 dias.
Até o momento, a astronomia não consegue explicar o que causa ou quais são as origens das rajadas rápidas. Há palpites, como serem resultados da pulsão de estrelas super magnéticas, presentes em alguns lugares do Universo, ou criadas por meio de explosões ocorridas no campo de radiação em volta de buracos negros. Há, ainda, a teoria de que a rajada é propulsionada.
No entanto, nenhuma dessas teorias explicam as rajadas na totalidade: a frequência não corresponde com os eventos mencionados, nem tão pouco o brilho. Apesar de não saberem a origem, a causa ou até mesmo o que representam as rajadas, os pesquisadores comemoraram os dados obtidos pelo Chime, porque, segundo eles, quanto maior for a amostra de dados, maior a possibilidade de entender o fenômeno e encontrar respostas para o mistério.
Fonte: sciencealert.com
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