A formação de planetas é um processo fascinante e complexo, que ocorre nos discos de matéria que rodeiam estrelas jovens. Recentemente, astrônomos da Universidade de Michigan conseguiram capturar imagens detalhadas dessas regiões internas, revelando estruturas móveis e emissões inesperadas.
Nós exploraremos os resultados deste estudo e sua importância para a compreensão da formação de sistemas planetários.
Duas imagens tiradas com um mês de intervalo da região interna de um disco de formação planetária. As imagens mostram estruturas em movimento inesperadas no disco em torno da jovem estrela massiva chamada V1295 Aquilae, e confirmam misteriosas emissões internas relatadas em estudos anteriores. Crédito da imagem: Michigan Astronomy
A pesquisa, publicada no The Astrophysical Journal, centra-se na estrela V1295 Aquilae, que possui seis vezes a massa do Sol e é 900 vezes mais luminosa. Com apenas 100.000 anos de idade, esta estrela oferece a oportunidade única de observar os processos de formação de sistemas estelares. O estudo, liderado pela doutoranda Noura Ibrahim, utilizou a técnica de interferometria óptica de longa linha de base para obter imagens detalhadas das regiões internas do disco de formação planetária ao redor da estrela.
Ao estudar estrelas jovens como V1295 Aquilae, os cientistas podem examinar os estágios iniciais da formação planetária e obter informações sobre como os exoplanetas se formam. Até agora, mais de 5.000 exoplanetas foram confirmados e mais de 6.000 candidatos potenciais foram identificados, muitos dos quais não se conformam com o que vemos em nosso próprio sistema solar. A pesquisa em torno dessas estrelas jovens ajuda a aprimorar nossa compreensão de como nosso sistema solar e outros sistemas planetários se formam.
A utilização da interferometria óptica de longa linha de base permitiu aos pesquisadores alcançar resoluções 50 vezes melhores do que as obtidas com telescópios espaciais, como o Hubble, ALMA, Keck ou VLT. Essa técnica revelou estruturas móveis e emissões internas no disco, o que levanta mais questões sobre os processos de formação planetária.
Até recentemente, os astrônomos só haviam conseguido imagens dos discos externos de formação planetária. No entanto, graças à utilização da interferometria óptica, foi possível investigar os discos internos e observar estruturas móveis e emissões internas que não haviam sido identificadas anteriormente.
Para obter imagens das regiões internas dos discos, a equipe utilizou o Centro de Astronomia de Alta Resolução Angular (CHARA), que consiste em seis telescópios ópticos e infravermelhos dispostos em uma formação em Y. A luz coletada pelos telescópios é combinada para criar imagens detalhadas do disco.
As descobertas do estudo desafiam a ideia de que a “cavidade” entre o disco de poeira e a estrela é escura. Teoricamente, a poeira no disco emite luz infravermelha devido ao aquecimento pela estrela. No entanto, em uma determinada temperatura, o calor se torna muito intenso, e a poeira é destruída. Portanto, os cientistas não esperavam ver emissões de luz no centro do disco. A presença de luz nessa região levanta a questão sobre o que está criando a opacidade responsável pela emissão de luz.
As descobertas deste estudo têm implicações importantes para a compreensão da formação de planetas e sistemas estelares. Ao identificar estruturas móveis e emissões internas inesperadas, os pesquisadores podem refinar os modelos teóricos de formação planetária e aprimorar nossa compreensão sobre os processos envolvidos.
Além disso, a demonstração do poder da interferometria óptica para estudar discos protoplanetários sugere que esta técnica pode ser utilizada para examinar outros sistemas estelares e fornecer informações adicionais sobre a formação de planetas. Isso pode, por sua vez, ajudar os cientistas a entender melhor a diversidade dos exoplanetas e a origem de sistemas planetários que não se assemelham ao nosso sistema solar.
Em conclusão, o estudo liderado por Noura Ibrahim apresenta descobertas significativas e desafiadoras que abrem caminho para pesquisas futuras na área de formação planetária. Ao utilizar técnicas de ponta, como a interferometria óptica, os pesquisadores podem aprofundar nossa compreensão dos processos que moldam os sistemas estelares e planetários, e melhorar a nossa capacidade de identificar e caracterizar exoplanetas e seus ambientes. Com mais de 6.000 candidatos a exoplanetas aguardando confirmação, a busca por mundos distantes e a compreensão de sua formação e evolução continua sendo uma área de pesquisa empolgante e em rápido desenvolvimento.
Fonte: news.umich.edu
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