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domingo, 23 de agosto de 2020

Nuvem cósmica parece ligada a buraco negro e deixa cientistas curiosos

                  Mais de 10 anos de dados acumulados pelo telescópio espacial Fermi Gamma-ray Space Telescope revelaram informações que deixaram uma equipe de cientistas curiosa. Uma nuvem de gás cósmica parece estar emitindo raios gama em consonância com um buraco negro. O detalhe? Ela está localizada a 100 anos-luz de distância do objeto e parece não ter conexão alguma com ele, a não ser essa.

A cerca de 15 mil anos-luz da Via Láctea está localizado um sistema batizado de SS 433, consistindo em uma estrela gigante com cerca de 30 vezes a massa do nosso Sol e um buraco negro com cerca de 10 a 20 massas solares. Os objetos orbitam um ao outro em períodos de 13 dias e, enquanto isso acontece, a estrela é sugada.

Fellow Jian Li, líder do estudo, explica o que ocorre: "O material dela se acumula em um disco de acreção antes de cair no buraco negro, como a água no redemoinho acima do ralo de uma banheira. No entanto, uma parte dessa matéria não cai no ralo, mas dispara em alta velocidade em dois jatos estreitos em direções opostas, acima e abaixo do disco de acreção giratório".

Mesmo distantes, SS 433 e nuvem cósmica parecem conectados.Mesmo distantes, SS 433 e nuvem cósmica parecem conectados.

Conexão curiosa

Como tais jatos são lançados a dezenas de milhares de anos-luz no Universo e a matéria não fica exatamente na órbita do sistema, esse novo sinal de raios gama emitido ao mesmo tempo é realmente curioso. "Encontrar uma conexão temporal tão inequívoca, a 100 anos-luz de distância da SS 433 e nem mesmo na direção dos jatos, é tão inesperado quanto incrível".

A equipe presume que o impacto de prótons rápidos produzidos nas extremidades dos jatos ou próximo ao buraco negro e injetados na nuvem, onde essas partículas subatômicas atingem o gás e dão origem a raios gama, são os responsáveis por isso. Entretanto, não passa de suposição. "Como o buraco negro pode impulsionar o batimento cardíaco da nuvem de gás não está claro para nós", declarou o pesquisador.

Perseidas : Chuva de meteoros

 O Observatório das Ilhas Canárias, em Tenerife, capturou através da câmera de vídeo de visão noturna do Meteor Research Group, da Agência Espacial Europeia, um incrível registro da chuva de meteoros Perseidas, que está tendo seu pico durante este mês de agosto. Podendo ser visto de várias regiões do planeta, o fenômeno configura um dos eventos periódicos mais impressionantes dos segundos semestres anuais.

A chuva de meteoros Perseidas

Com origem na constelação de Perseu, o evento ocorre logo após a passagem da Terra pela nuvem de detritos deixada pelo cometa 109P/Swift-Tuttle. Iniciando anualmente no mês de julho, o evento alcança sua vastidão máxima no meio de agosto, sendo possível observar 40 a 50 meteoros passando a cada hora, quase uma rocha espacial por minuto.

"O que acontece é que, a cada ano, a Terra se choca com a órbita do cometa e com todos os detritos que ficam para trás", comentou o astrônomo Edward Bloomer, do Museu Real de Greenwich. "Ele pega fogo de maneira impressionante, mesmo que às vezes seja apenas por uma fração de segundo."

(Fonte: Getty Images/Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

O fenômeno chama a atenção por ser um dos eventos estelares mais regulares do planeta, ocorrendo fielmente no início do segundo semestre, e pode ser visto em várias noite consecutivas, resultando em uma bela e surreal paisagem que vale muito a pena ser vista.

Asteroide passa a menos de 3 km da Terra

 Observar uma galáxia tão distante quanto a recém-descoberta SPT 0418-47 é um trabalho complexo. Afinal, os cientistas não estão olhando o objeto em tempo real: a luz que eles receberam da galáxia agora, em 2020, na verdade é de 12 bilhões de anos atrás. A galáxia SPT 0418-47 é uma das mais antigas e distantes de que se tem notícia.

Como se isso não fosse surpreendente por si só, os cientistas também descobriram que a SPT 0418-47 (nome complicado, não?) é muito diferente do que eles esperavam para uma galáxia tão antiga: ela já tem um disco giratório e um bulbo galáctico, mais ou menos como a Via Láctea. Só faltam os longos braços característicos da galáxia que chamamos de casa. 

Talvez, olhando para a foto abaixo, a primeira imagem divulgada da SPT 0418-47, você esteja se perguntando onde estão o disco e o bulbo — afinal, só dá para ver um anel de luz. Isso porque o objeto está tão distante que os cientistas só puderam observá-lo por meio de uma lente gravitacional — quando a luz de um objeto é distorcida e ampliada pela gravidade outros corpos próximos. Isso foi obra da rede de radiotelescópios ALMA (Atacama Largue Millimeter/submilimeter Array), que fica no deserto de mesmo nome 

European Southern Observatory

Fonte: European Southern Observatory

Mas os cientistas também fizeram uma imagem reconstruída de como a SPT 0418-47 realmente é, a partir de novas técnicas de modelagem computacional. Veja:

Fonte: European Southern Observatory

European Southern Observatory


A conta não fecha

A grande questão, na descoberta da SPT 0418-47, é que ela já apresentava um disco bem formado e estável, como a Via Láctea, apenas 1,4 bilhão de anos após o Big Bang — as teorias atuais estimam que são necessários uns 6 bilhões de anos para isso. Ou seja, pode existir uma outra forma, mais rápida, para as galáxias se formarem.

Esse questionamento começou a circular com mais força depois da descoberta do Disco de Wolfe, em maio: esse é outro objeto parecido com a Via Láctea que também tem 12 bilhões de anos. A SPT 0418-47 é mais uma amostra de que é possível uma galáxia se formar mais rapidamente do que se pensava. 

Mas como isto acontece (ou melhor, aconteceu)? As teorias mais aceitas, até agora, dizem que objetos como o Disco de Wolfe e a SPT 0418-47 se formaram a partir de galáxias menores, em processos bastante violentos. Os cientistas também observaram que elas formam estrelas em um ritmo extremamente alto — isso mostra que, mesmo estáveis, elas tem uma enorme energia em seu interior. 

A partir de agora, a observação desses dois objetos recém-descobertos permitirá aos cientistas expandir o conhecimento sobre a formação das galáxias e entender melhor o que aconteceu na origem do nosso universo. Vamos ver o que vem por aí!

Poderia o misterioso Planeta X ser, na verdade, um buraco negro?

 Você já deve ter ouvido falar da busca pelo misterioso Planeta X, um objeto que os cientistas acreditam "habitar" nos confins do Sistema Solar. A existência desse mundo hipotético foi proposta para explicar uma série de anomalias e interferências detectadas nas órbitas de Urano e Netuno, e faz mais de 1 século que os astrônomos tentam, em vão, observá-lo diretamente.

O curioso é que as discrepâncias orbitais são bem importantes, indicando que quem quer que seja o responsável por influenciar o comportamento dos dois planetas deve ser algo massivo e, sendo assim, com uma força gravitacional significativa. Considerando que nenhuma observação realizada até agora revelou a presença de um mundão por aquelas bandas, e se no lugar de um planeta as distorções forem causadas por um buraco negro?

Objeto enigmático

Segundo Chris Lee, do site Ars Technica, a caçada pelo Planeta X — ou Planeta 9, como também é conhecido — começou há cerca de 130 anos, depois que anormalidades detectadas na órbita de Urano levaram à descoberta de Netuno. Na verdade, os dois planetas apresentam trajetórias bastante irregulares e posições que poderiam ser mais bem explicadas pela proximidade de um objeto massivo, e o mesmo ocorre com planetas-anões, planetoides e satélites cujo comportamento também parece ser afetado pelo tal corpo enigmático.

Enigma...

Existem algumas dificuldades com relação à explicação de que as anomalias são provocadas por um mundo desconhecido. Para começar, estamos falando de um astro situado a uma distância extraordinária do Sol, em uma região onde não há material suficiente para a formação de planetas. Além disso, é pouco provável que se trate de um objeto que surgiu próximo à nossa estrela e migrou até se estabilizar na posição (hipotética) atual, e é bastante difícil que o tal corpo consista em um mundo errante que abandou seu sistema planetário e acabou sendo capturado pela gravidade solar.

Para falar a verdade, de acordo com Lee, a proposta envolvendo o buraco negro também é improvável, mas, na falta de uma explicação definitiva, trata-se de uma opção que não custa explorar. Segundo essa alternativa, o buraco negro em questão não seria um dos que se formam após o colapso de estrelas massivas, e sim um buraco negro primordial, uma classe de objetos que teriam surgido pouco depois do Big Bang.

Hipotético por hipotético...

Esses buracos negros, ao contrário dos que surgem em decorrência de supernovas e eventos do tipo, poderiam ser desde gigantescos a pequeninos e pouco massivos (em comparação aos buracos negros convencionais), e simulações conduzidas pelos cientistas por trás da nova proposta apontaram que a probabilidade de que exista um desses objetos nos confins do Sistema Solar é a mesma de o nosso Sol ter capturado um planeta errante.

Será?

Uma forma de provar a teoria seria detectar a aniquilação de matéria escura, algo que ninguém conseguiu provar que existe. Ademais, não há provas de que os buracos negros primordiais de fato estejam por aí, o que torna no mínimo complexa a tarefa de demonstrar que um deles resida na nossa vizinhança cósmica. Contudo, é inegável que há algo interferindo nas órbitas e posições dos nossos companheiros planetários, e a busca por explicações é fascinante.

Tubos de lava na lua

 Você já ouviu falar de tubos de lava na Lua? Se a resposta for "não", talvez seja melhor ir se adaptando ao termo. Segundo uma nova publicação na revista Earth-Science Reviews, nosso satélite natural tem algumas dessas gigantes cavernas rochosas que podem servir como residências humanas no futuro.

O documento aponta que tanto a Lua quanto Marte têm várias tubulações vulcânicas que podem atingir o mesmo comprimento do Empire State Building, nos Estados Unidos, e ter aberturas do tamanho de um campo de futebol.

Afinal, como os tubos de lava podem ajudar na sobrevivência da vida humana no Espaço?

Entendendo a formação dos tubos de lava

Possível claraboia em tubo de lava localizado em Marte (Fonte: NASA)

Um tubo de lava é um túnel formado no interior de um planeta ou astro derivado de um antigo fluxo intenso durante uma explosão vulcânica. Na maioria das vezes, só notamos um desses canais na Terra quando ocorre um colapso parcial ou integral da sua estrutura, e uma queda parcial pode formar uma espécie de "claraboia" que fornece um acesso à superfície.

Segundo pesquisadores, tubos de lava são detectados na Lua e em Marte desde a década de 1960, mas se tornaram mais evidentes conforme um maior número de imagens por satélite passou a chegar em nosso planeta. Enquanto um túnel desse tipo na Terra mede cerca de 40 metros de largura e comprimento, as versões lunares e marcianas são extremamente maiores. De acordo com Riccardo Pozzobon, coautor do estudo, as estruturas lunares chegam a medir entre 300 e 700 vezes mais do que as encontradas aqui, algo perto de 500 metros a 900 metros de diâmetro.

Implantando uma cidade no Espaço

Protótipo de rover desenhado para explorar tubos de lava (Fonte: ESA)

Um tubo com proporções tão grandes seria capaz de comportar uma cidade inteira dentro de suas estruturas. Além disso, os cientistas creem que essa pode ser uma boa saída para instaurar um modelo de vida fora da Terra.

A forte camada de pedras dos tubos de lava ofereceria proteção contra a queda de meteoros, que não queimam tão rapidamente na fina atmosfera lunar. Além disso, é possível que esses ambientes contenham uma camada de água congelada e uma variação de químicos voláteis que serviriam como combustível.

Os cientistas fizeram questão de ressaltar que muitos estudos ainda precisariam ser feitos antes de o plano ser concretizado. Mas não custa sonhar, não é?

A incrível história do meteorito que iluminou céu da Costa Rica em 2019 e segue intrigando cientistas

 Meteorito


O evento alarmou milhares de pessoas na Costa Rica. Às 21h do dia 23 de abril de 2019, o céu se iluminou e ouviu-se uma forte explosão.

Segundos depois, centenas de pequenas rochas caíram na Terra. Naquele momento, Márcia Campos Muñoz estava descansando em casa quando ouviu uma série de batidas no telhado de sua casa.

O barulho e os uivos de seu cachorro a assustaram. Mas o choque aumentou com o forte estrondo vindo do fundo de sua casa. Ao verificá-lo, encontrou uma pedra quente no chão com um cheiro intenso de gás de cozinha.

Marcia mora na comunidade La Caporal de Aguas Zarcas, em Cantón de San Carlos, localizado 57 quilômetros ao norte da capital da Costa Rica, San José.

Energia Escura

Cientistas do Observatório de Apache Point, Estados Unidos, elaboraram um mapa tridimensional que fornece mais detalhes sobre energia escura, um dos maiores mistérios da ciência. Denominado “The Extended Baryon Oscillation Spectroscopic Survey” (eBOSS), o trabalho foi desenvolvido através de dados do telescópio Sloan Digital Sky Survey e revela a história e taxa de expansão do universo, desde quando ele tinha menos de três bilhões de anos.

Os resultados mostram que 69% de sua energia são do tipo escura, enquanto o fenômeno indica a constante cosmológica, proposta por Einstein — resultado da forma mais simples de energia do espaço vazio —, que estaria alinhada ao processo acelerado de crescimento do cosmos.

O trabalho também se concentra na observação de mais de dois milhões de galáxias e quasares, ao longo de duas décadas, em uma gama de distâncias inexploradas por outros modelos. Nesse sentido, afirma que atualmente a única maneira de sentir a presença da energia escura é através de observações do universo por telescópios.

Distribuição de galáxias e quasares desde o início do universo e sua relação com energia escura

Distribuição de galáxias e quasares desde o início do universo e sua relação com energia escura

Outro ponto destacado é quanto à geometria do espaço, o qual apresenta uma forma plana, ao contrário de recentes estudos baseados em radiação cósmica que sugeriam o formato curvo de sua geometria — e consistente com a teoria mais relevante sobre o Big Bang.

Por meio do estudo, é possível medir diferentes distâncias no espaço e descobrir a rapidez da expansão do universo nos últimos 11 bilhões de anos. Vale informar que a teoria para análise deste caso se pauta na ideia de que as galáxias mais distantes são mais jovens, pois a emissão de sua luz levou milhões ou até bilhões de anos para chegar aos aparelhos.

Os pesquisadores também destacam a importância de uma nova geração de telescópios para explorar, em alta resolução, o mesmo período de tempo em muitas outras galáxias.

Albert Einstein: os dois grandes erros científicos que o gênio cometeu na carreira

 Albert Einstein


A pesquisa científica se baseia na relação entre a realidade da natureza — compreendida através de observações — e uma representação dessa realidade, formulada por uma teoria na linguagem matemática.

Quando todas as consequências derivadas de uma teoria são verificadas experimentalmente, ela é validada.

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Esse enfoque, aplicado há quase quatro séculos, permitiu a construção de um conjunto coerente de conhecimentos.


Mas esses avanços dependem da inteligência humana que, apesar de tudo, conserva suas crenças e preconceitos, os quais podem afetar o progresso da ciência, mesmo entre as mentes mais privilegiadas.

O primeiro erro

Em sua obra-prima sobre a teoria geral da relatividade, Albert Einstein escreveu a equação que descreve a evolução do Universo em função do tempo.

A solução dessa equação mostra um Universo instável, no lugar de, como se acreditava anteriormente, uma enorme esfera de volume constante em que as estrelas deslizavam.

No início do século 20, todos viviam com a ideia bem enraizada de um Universo estático no qual o movimento dos astros se repetia sem descanso. É provável que isso se devesse aos ensinamentos de Aristóteles, que estabelecia que o firmamento era imutável, em contraposição ao caráter perecível da Terra.

Essa crença provocou uma anomalia histórica: no ano de 1054, os chineses notaram uma nova luz no céu que não é mencionada em nenhum documento europeu e que poderia ser vista em plena luz do dia durante várias semanas.

A Nebulosa do Caranguejo não foi documentada na Europa depois que apareceu em 1054

Tratava-se de uma supernova, isto é, uma estrela moribunda, cujos restos ainda podem ser vistos na Nebulosa do Caranguejo.

O pensamento dominante na Europa impedia aceitar um fenômeno tão contrário à ideia de um céu imutável. Uma supernova é um evento muito raro, que só pode ser visto a olho nu uma vez a cada cem anos (a última foi em 1987).

Então, Aristóteles estava quase certo ao afirmar que o céu era imutável, ao menos na escala de uma vida humana.

Para não contradizer a ideia de um Universo estático, Einstein introduziu em suas equações uma constante cosmológica que congelava o estado do Universo.

A intuição falhou: em 1929, quando Edwin Hubble demonstrou que o Universo se expandia, Einstein admitiu que tinha cometido "seu maior erro".


A aleatoriedade quântica

Juntamente com a teoria da relatividade, foi desenvolvida a mecânica quântica, que descreve a física do infinitamente pequeno.

Einstein fez uma contribuição notável nesse âmbito, em 1905, com sua interpretação do efeito fotoelétrico como uma colisão entre elétrons e fótons, isto é, entre partículas infinitesimais portadoras de energia.

Em outras palavras, a luz, tradicionalmente descrita como uma onda, se comporta como um fluxo de partículas.

Foi por esse avanço, e não pela teoria geral da relatividade, que Einstein recebeu o Prêmio Nobel em 1921.


Mas, apesar dessa contribuição vital, ele persistiu em rejeitar a lição mais importante da mecânica quântica, que afirma que o mundo das partículas não está submetido ao determinismo estrito da física clássica.


O mundo quântico é probabilístico, o que implica que somos capazes de prever apenas uma probabilidade de ocorrência entre um conjunto de sucessos possíveis.

Apesar de suas contribuições para a física quântica, Einstein não estava disposto a aceitar todas as suas implicações teóricas e práticas

A obstinação de Einstein novamente sugere a influência da filosofia grega.

Platão ensinou que o pensamento deveria permanecer ideal, livre das contingências da realidade, que é uma ideia nobre, mas longe dos preceitos da ciência.

Assim como o conhecimento precisa de uma concordância perfeita com todos os fatos previstos, a crença se baseia na verossimilhança fruto de observações parciais.

O próprio Einstein estava convencido de que o pensamento puro era capaz de abranger toda a realidade, mas a aleatoriedade quântica contradiz essa hipótese.

Na prática, essa aleatoriedade não é plena, pois é regida pelo princípio da incerteza de Heisenberg.

Esse princípio impõe um determinismo coletivo aos conjuntos de partículas: um elétron por si só é livre, pois sua trajetória não pode ser calculada quando se cruza uma fenda, mas um milhão de elétrons desenha uma figura de difração que mostra listras escuras e brilhantes que sim, podem ser previstos.

Einstein também declarou: "Você acredita em um Deus que joga dados e eu acredito na lei e na ordenação total de um mundo que é objetivo"

Einstein não queria admitir esse indeterminismo elementar e o resumiu em um veredito provocador: "Deus não joga dados com o Universo".

Ele propôs a existência de variáveis ​​ocultas, de magnitudes não descobertas além da massa, carga e rotação, que os físicos usam para descrever as partículas. Mas a experiência não lhe deu a razão.


Devemos assumir a existência de uma realidade que transcende nossa compreensão, de que não podemos saber tudo sobre o mundo dos infinitamente pequenos.

Os caprichos fortuitos da imaginação

No processo do método científico, há uma etapa que não é totalmente objetiva e é o que leva à conceitualização de uma teoria. Einstein dá um exemplo ilustrativo disso com seus experimentos mentais.

Assim, ele declarou: "A imaginação é mais importante que o conhecimento". De fato, a partir de observações díspares, um físico deve imaginar uma lei subjacente. Às vezes você tem que escolher entre vários possíveis modelos teóricos, momento em que a lógica assume.

Portanto, o progresso das ideias é nutrido pelo que chamamos de intuição. É uma espécie de salto no conhecimento que vai além da pura racionalidade. A fronteira entre o objetivo e o subjetivo não é mais completamente fixa.

Os pensamentos nascem nos neurônios sob o efeito de impulsos eletromagnéticos e, entre eles, alguns são particularmente férteis, como se causassem um curto-circuito entre as células, obra do acaso.

Mas essas intuições, essas "flores" do espírito humano, não são iguais para todas as pessoas.

Enquanto o cérebro de Einstein concebeu E = mc², o de Marcel Proust criou uma metáfora admirável. A intuição se manifesta aleatoriamente, mas essa chance é moldada pela experiência, cultura e conhecimento de cada pessoa.


Os benefícios do acaso

Não deveria nos surpreender que exista uma realidade que exceda nossa própria inteligência.

Sem o acaso, somos guiados por nossos instintos, nossos costumes, tudo o que nos torna previsíveis. Nossas ações estão confinadas quase exclusivamente a esse primeiro nível de realidade, com suas preocupações comuns e suas tarefas forçadas.

Mas há outro nível no qual o acaso manifesto é a marca registrada.


Einstein é um exemplo de espírito livre e criador que ainda conserva, no entanto, seus preconceitos.

Seu "primeiro erro" pode ser resumido na frase: "Eu me recuso a acreditar que o Universo teve um começo". Mas a experiência mostrou que ele estava errado.

Sua sentença sobre Deus jogando dados significa: "Eu me recuso a acreditar no acaso". No entanto, a mecânica quântica implica uma aleatoriedade forçada.

Alguém pode se perguntar se ele teria acreditado em Deus em um mundo sem o acaso, o que reduziria bastante nossa liberdade quando ao nos vermos confinados no determinismo absoluto. Einstein se mantém em sua rejeição porque, para ele, o cérebro humano deve ser capaz de entender o Universo.

Com muito mais modéstia, Heisenberg responde que a física se limita a descrever as reações da natureza em determinadas circunstâncias.

A teoria quântica mostra que não podemos alcançar uma compreensão total de nosso entorno. Em compensação, nos oferece o acaso com suas frustrações e perigos, mas também com seus benefícios.

O lendário físico é o exemplo perfeito do ser imaginativo por excelência. Sua negação do acaso, portanto, representa um paradoxo, pois é o que possibilita a intuição, o germe do processo de criação, tanto para as ciências quanto para as artes.

*François Vannucci é professor emérito e pesquisador em física de partículas especializado em neutrinos na Universidade de Paris.

Este artigo foi publicado originalmente na The Conversation e é reproduzido sob a licença Creative Commons.

A misteriosa estrela que 'sobreviveu' a supernova e foi descoberta por cientistas brasileiros

 Imagem de uma supernova parcial

Como se fossem biógrafos de um objeto cósmico, astrônomos acabam de publicar um estudo sobre uma estrela com "história de vida" intrigante e peculiar.

Trata-se de uma estrela que sobreviveu a uma supernova e, depois de uma explosão nuclear, foi lançada à nossa galáxia com uma velocidade de 900.000 km/h — atipicamente rápida para uma estrela com baixa massa como esta.

Uma supernova é uma poderosa explosão que ocorre quando algumas estrelas chegam ao fim de suas vidas; mas, neste caso, a explosão não foi suficiente para destruí-la.

Conhecido como SDSS J1240 + 6710, o objeto foi descoberto em 2015 por dois pesquisadores brasileiros, Kepler Oliveira e Gustavo Ourique, além de Detlev Koester, astrônomo na Alemanha.

Astrônomos acreditam que o objeto, do tipo anã branca, estava originalmente orbitando outra estrela, que pode ter sido lançada na direção oposta.

Quando duas estrelas orbitam assim entre elas, são descritas como "binárias". Apenas uma das estrelas que comporia a dupla foi detectada pelos astrônomos, no entanto.

Muralha do Polo Sul: como é a gigantesca estrutura de galáxias recém-descoberta perto da Via Láctea

 Saber como o universo é em escalas tão grandes ajuda a confirmar ou não os modelos cosmológicos atuais

Ela tem pelo menos 1,4 bilhão de anos-luz de extensão. Por isso, não estranha que seus descobridores a batizaram de Muralha do Polo Sul.

Essa estrutura maciça, uma das maiores já descobertas, contém milhares de galáxias e está a 500 milhões de anos-luz da Via Láctea, uma distância relativamente curta em termos cósmicos.

A descoberta foi publicada recentemente por uma equipe internacional de astrônomos na publicação especializada The Astrophysical Journal.

No espaço, as galáxias não se encontram espalhadas de maneira aleatória, mas se agrupam nessas muralhas e formam o que os astrônomos chamam de rede cósmica.

Essas muralhas são enormes filamentos de gás hidrogênio onde as galáxias estão encadeadas como pérolas de um colar, como explica a revista LiveScience.

Por causa de sua complexidade e distância, a imagem da muralha não se baseou na observação direta com um telescópio.

Além disso, a muralha está “escondida” há anos em meio a nuvens moleculares e poeira logo atrás de nossa própria galáxia, em uma região chamada Zona de Evitamento.

Presença 'invisível'

A presença da Muralha do Polo Sul, nas imediações do Polo Sul celeste, foi detectada graças a dados que cientistas começaram a coletar três anos atrás.

A Muralha do Polo Sul tem uma forma que lembra um arco

“Não podemos vê-la diretamente, mas podemos perceber sua influência gravitacional”, explica em entrevista à BBC Mundo o cosmógrafo Daniel Pomarède, professor da Universidade de Paris-Saclay e membro da equipe de pesquisadores.

A pista inicial da existência dessa muralha, portanto, foi sua gravidade e força de atração sobre os corpos celestes que a rodeiam.

Pomarède e seus colegas descobriram a superestrutura "usando a técnica indireta das velocidades".

"O deslocamento das galáxias, descontada a velocidade atribuída à expansão do universo, é causado pela atração gravitacional das estruturas da rede cósmica", acrescentou o especialista em visualização de dados astronômicos.

Ao analisarem um catálogo de velocidades de 18 mil galáxias, a equipe pode elaborar um mapa 3D do Universo em que aponta a localização da Muralha do Polo Sul.

Pomarède explica que as velocidades das galáxias são medidas a partir dos dados de diversos telescópios, como o radiotelescópio Green Bank nos Estados Unidos, e o radiotelescópio Parkes, na Austrália.

Segundo a LiveScience, o mapa resultante revela uma grande área de varredura, que por um lado se estende para o Norte em direção à constelação de Cetus e por outro, mais grosso, na direção oposta rumo à constelação de Apus.

As imagens nos indicam que a Muralha do Polo Sul tem a forma de um arco que abrange as fronteiras do sul de um supergrupo de galáxias chamado Laniakea, que significa céu imenso no idioma havaiano.

Por que a descoberta é importante?

“Nós somos cosmógrafos. Mapeamos o universo tal qual Cristóvão Colombo ou Fernão de Magalhães trataram de desenhar há centenas de anos os contornos dos continentes”, afirmou Pomarède.

“Do ponto de vista filosófico, é importante saber onde estão as estruturas do universo que nos cerca. É uma descoberta muito valiosa para a humanidade, que sempre quis conhecer o território ao seu redor.”

Cosmógrafo Daniel Pomarède integra equipe internacional que fez a descoberta

Mas não se trata apena de apontar a Muralha do Polo Sul no mapa. A informação é relevante para a física e a cosmologia.

“Essa estrutura forma parte da rede cósmica e será interessante estudá-la para ver se ela se encaixa com as teorias atuais de formações de estruturas”, explica o cosmógrafo.

Por fim, Pomarède comenta a importância da descoberta com relação à Via Láctea.

"Nossa galáxia se move muito rápido, a uma velocidade de 2,3 milhões de quilômetros por hora. Estamos tentando entender essa velocidade e qual região do universo a atrai (e quanto)."

No estudo, a equipe de pesquisadores reconhece que não conseguiu mapear a Muralha do Polo Sul em sua totalidade.

"Não teremos certeza de toda a sua extensão, ou se é incomum, até mapearmos o universo em uma escala significativamente maior", escrevem.

A Muralha do Polo Sul rivaliza em tamanho com a Grande Muralha de Sloan, a sexta maior estrutura cósmica já descoberta.

Primeiras imagens de sonda revelam 'fogueiras' na superfície do Sol

 Ultraviolet image of the Sun

Novas imagens do Sol captadas a apenas 77 milhões de quilômetros da superfície são as mais próximas que já se fez do astro.

Elas foram feitas pela sonda Solar Orbiter (SolO), lançada neste ano pela Agência Espacial Europeia.

Entre as novas descobertas da imagem estão pequenas explosões apelidadas de "fogueiras de acampamento".

Elas têm um milionésimo de tamanho das grandes explosões do Sol que se observa rotineiramente com telescópios na Terra.

Não está claro se essas versões em miniatura são geradas pelos mesmos mecanismos das grandes erupções, diz David Long, um dos principais pesquisadores do gerador de imagens da SolO, a Extreme Ultraviolet Imager (EUI).

Foto do Sol

A seta indica locais que parecem 'fogueiras de acampamento'; o círculo no canto esquerdo dá noção da escala da imagem, ele representa o tamanho do planeta Terra.

"Espalhadas ao longo da superfície, essas pequenas erupções podem desempenhar um papel importante em um fenômeno misterioso conhecido como aquecimento coronal, em que a camada exterior do Sol, ou corona, fica de 200 a 500 vezes mais quente do que as camadas abaixo dela", diz Long.

"Estamos ansiosos para investigar isso mais profundamente na medida em que a Solar Orbiter se aproxima do Sol e nossa estrela fica mais ativa."

É libertador saber como o universo vai acabar, diz astrônoma

 Imagem do início de uma supernova

Expressões como "morte térmica", "grande implosão", "decomposição à vácuo" não parecem muito animadoras. E realmente não são.

Elas descrevem algumas das teorias apresentadas pelos cientistas sobre como o universo um dia morrerá.

No entanto, quando a cosmóloga Katie Mack pensa sobre o fim de tudo, ela sente uma paz profunda.

"Há algo em aceitar a transitoriedade da existência que te liberta um pouco", disse ela à BBC.

Compartilhar o terror

Mack ainda se lembra vivamente da primeira vez em que teve consciência de que o universo poderia acabar a qualquer momento: ela estava com um professor e colegas de classe na universidade.

"Eu estava sentada no chão da sala do professor Phinney com o resto da minha turma de astronomia após nosso jantar semanal, e lembro que o professor estava com a filha dele de 3 anos no colo", escreveu ela em seu novo livro: "O fim de tudo."

Ela aprendeu que os cientistas não têm a menor ideia de por que o universo se expande de tal maneira — a chamada inflação cósmica — e isso significa que eles também não podem afirmar que o espaço não começará a se destruir violentamente a qualquer momento.

"Eu transformei aquilo numa questão pessoal. Pensei que já que todo o universo tem esses processos que ocorrem o tempo todo, em princípio isso também pode acontecer comigo. Eu estou no universo, sou parte dele, e não tenho como me proteger de tudo isso", conta.

"Uma das coisas que procuro com este livro é compartilhar um pouco desse terror, que pode parecer mesquinho, mas é para ajudar as pessoas a terem uma conexão mais pessoal com o que acontece no universo", acrescenta.

O que está acontecendo no espaço fascina Mack desde que ela era pequena. Mas ser uma empregada doméstica em Los Angeles não lhe deu muito acesso ao que a maioria dos astrônomos diriam que os inspiraram a seguir essa carreira.

"Ali você não pode ver a Via Láctea. A duras penas você consegue ver as estrelas", diz Mack, que trabalhou como pesquisadora nas universidades de Caltech, Princeton, Cambridge e agora na Universidade Estadual da Carolina do Norte.

Em vez disso, foram "todas as coisas raras" que a levaram para esse caminho: "Todas essas coisas que torcem seu cérebro, como buracos negros e espaço-tempo".

Quando soube que Stephen Hawking se rotulava como um cosmólogo, ela soube "o que queria ser".

Devo esclarecer que não passei nos exames de ciências para obter o certificado do ensino médio, por isso imagino que deve haver melhores repórteres para entrevistar uma astrofísica teórica.

Mas depois de acumular 350 mil seguidores no Twitter, Mack aprimorou sua capacidade de falar com pessoas comuns e é para mentes não científicas que seu livro é voltado.

Não vou fingir que entendi todos os conceitos de seu livro, mas Mack reconhece que "não é para folhear e absorver tudo imediatamente".

"Dar um tempo"

Super nova

"Eu sei que muitos escritores científicos tentam evitar isso completamente e querem guiar os leitores por todos os detalhes, mas acho que às vezes é recomendável dar um tempo."

Palavras simples como "morte térmica" são fáceis de entender, e isso é bom porque é a maneira mais provável de o universo acabar.

A morte térmica pode não ser assim, mas, seja o que for, não queremos fazer parte dela

"É a ideia de que o universo se expande e se expande até esfriar e tudo desmoronar e desaparecer", diz Mack, reconhecendo que não é a "probabilidade mais fascinante".

"A que eu acho mais engraçada é a decomposição à vácuo. Talvez divertida não seja a palavra que devo usar em relação à destruição do universo, mas o conceito é divertido.

"Ela altera algo nas equações e logo é possível que algum tipo de bolha da morte se materialize em algum lugar do universo e se expanda na velocidade da luz destruindo tudo".

A ciência não pode descartar essa possibilidade.

"A única coisa que nos faz duvidar do que aconteceria é que ela existe naquele âmbito em que não podemos testar nenhum aspecto da teoria. Portanto, não sabemos se algo mudaria teoricamente nessa situação de alta energia", diz ele.

"Provavelmente não vai acontecer nos próximos trilhões e trilhões e trilhões de anos. Mas tecnicamente isso pode acontecer a qualquer momento."

Podemos ver como o universo foi formado, mas Mack está interessada em como ele terminará

Galáxia se formando

São pensamentos desse calibre que Mack sustenta que não podem dar um "senso de perspectiva".

"Muitos aspectos da vida moderna são projetados para tentar nos convencer de que estamos completamente seguros, protegidos e no controle de tudo que nos rodeia. E isso simplesmente não é verdade. Evidentemente, o mundo está passando por uma situação que está impulsionando essa mensagem".

"Mas também de uma perspectiva cósmica, estamos dentro deste universo e temos que aceitar o que ele nos dará."

Conceito de vida em outros planetas

 "O homem se encerrou em si mesmo, a ponto de ver todas as coisas através das estreitas fendas de sua caverna", escreveu o poeta William Blake.

extraterrestres

É isso que Bartlett e Wong querem mudar.

O conceito de vyda implica que talvez estejamos procurando sinais extraterrestres da maneira errada, presos em uma caverna mental.

Buscar vyda, em vez de apenas vida, pode trazer resultados mais frutíferos, dizem os astrobiólogos.

Os extraterrestres podem ser muito diferentes do que vemos nos filmes

Bartlett se pergunta, por exemplo, por que presumimos que somos o tipo de vida que serve como modelo possivelmente universal.

"Isso ficará para trás quando descobrirmos outros exemplos de vida", diz Bartlett.

As possibilidades são infinitas e nossa imaginação é insuficiente, mas como exemplo Bartlett menciona que talvez um dia encontremos seres que armazenam informações com algo que não seja o DNA, ou que realizam metabolismo com enzimas que não conhecemos na Terra.

Marte

"A vida extraterrestre terá formas que vão além de nossos sonhos mais selvagens", diz Vackoch.

O robô Perseverance partiu para Marte em busca de sinais de vida

"Os alienígenas mais exóticos de Hollywood parecerão tediosamente previsíveis em comparação com as surpresas que encontraremos quando fizermos o primeiro contato com alienígenas reais."

Essa ideia implica que talvez devêssemos redesenhar as missões e os equipamentos com os quais buscamos vida em outros planetas, como o robô Perseverance fará em Marte, por exemplo.

"Queremos que nossos instrumentos não sejam limitados pela concepção do que é a vida na Terra", diz Wong.

"Queremos incentivar a buscarem sinais de vida que não se limitem ao nosso mundo."

Vyda e origem da vida

 A proposta de Bartlett e Wong é que qualquer sistema que atenda a essas quatro habilidades seja considerado vyvo:

Dissipação: capturar e processar energia

Autocatálise: crescer ou se expandir

Homeostase: manter um equilíbrio interno quando as condições exteriores mudam

Aprendizado: armazenar e processar informação e utilizá-la para aumentar suas possibilidades de sobrevivência

Ainda temos perguntas sobre como se originou a vida na Terra

Terra

Sob essa ótica, "a vida, como a conhecemos, é apenas uma das maneiras de atender a esses quatro requisitos", disse Wong a BBC Mundo.

Em outras palavras, a vida é apenas uma forma de vyda, mas pode haver muitas outras.

A origem da vida

O conceito de vyda busca reformular a forma como a questão sobre a origem da vida na Terra é colocada.

Muitas das teorias sobre a origem da vida na Terra são baseadas na observação de características que são visíveis hoje.

No entanto, Bartlett e Wong observam, há poucas evidências de que qualquer uma dessas características estivesse presente no início da vida.

bacterias

As formas de vida mais primitivas evoluíram em organismos mais complexos

"Não podemos reconstruir as primeiras formas de vida na Terra simplesmente olhando para as que existem hoje", diz Douglas Vackoch, presidente de Mensagens para Extraterrestres Inteligentes (METI), uma organização científica que tenta contatar sinais de vida em outras partes do Universo.

Vackoch, que não participou do artigo de Bartlett e Wong, diz que isso equivale a comparar um trem moderno movido por ímãs supercondutores e hélio líquido a uma locomotiva movida a carvão.

"Ambos têm seu 'metabolismo' mas são radicalmente diferentes em sua construção", diz Vackoch.

Por isso, o conceito de vyda sugere que a busca pela origem da vida seja centrada nos quatro pilares que eles propõem e não tanto nas características que foram observadas.

Vida/Vyda

Terra


E, para isso, propõem uma nova palavra: "vyda" (uma tradução livre para lyfe, em inglês, para diferenciá-la da palavra "life", que significa vida).

O que é o conceito de vyda e por que ele nos apresenta uma revolução existencial?

Vida

Definir o que queremos dizer com "vida" já é uma tarefa complexa, mas para fins práticos, a NASA usa a seguinte definição.

"A vida é um sistema químico autossuficiente com a capacidade de ter uma evolução darwiniana."

Essa definição descreve todos os seres vivos do nosso planeta.

Talvez existam seres que funcionam de uma maneira muito diferente da que conhecemos

Apesar das diferenças, desde o menor microrganismo até o ser humano, todos consumimos energia de forma autônoma, a utilizamos por meio de processos químicos e carregamos RNA e DNA que armazenam informações e evoluem para se adaptar ao meio ambiente.


Pessoa

Essa é a única vida que conhecemos e, de acordo com Bartlett e Wong, é aí que está o problema.

"Temos apenas um exemplo do que é a vida", disse Bartlett a BBC Mundo, serviço em língua espanhola da BBC.

"Se nos focarmos apenas em sistemas que usam processos químicos, podemos perder outros exemplos de vida", acrescenta.

A ideia de Bartlett é que estamos usando uma definição de vida muito restrita, impedindo-nos de ver outras formas de vida possíveis que podem ter sempre existido, mas que esquecemos.

Diante dessa visão limitada, Bartlett e Wong propõem o conceito de vyda.

Por que um grupo de cientistas quer mudar o conceito de vida; e como isso pode revolucionar busca por ETs

Mulher

 Já aconteceu com você de procurar algo por muito tempo e depois perceber que esse algo estava sempre diante de seus olhos, mas que você não tinha percebido?

Pode ser desde os seus óculos ou algo bem maior, como o amor da sua vida. Por não procurar direito, você pode acabar cego para algo que está bem na sua frente.

Isso, de acordo com um trabalho recente de dois astrobiólogos, talvez seja o que nos impede de resolver duas questões fundamentais: qual é a origem da vida e por que ainda não encontramos vida em nenhum outro lugar do universo.

Pode ser que as respostas estejam diante de nós, mas que as estamos procurando da maneira errada.

Stuart Bartlett, um pesquisador de ciência planetária do Instituto de Tecnologia da Califórnia, e Michael Wong, do Laboratório de Exoplanetas da NASA, acreditam que, para encontrar essas respostas, talvez devêssemos mudar o conceito que temos de "vida".

Hubble soluciona mistério do escurecimento da Betelgeuse, a 9ª estrela mais brilhante do céu

Ilustração de uma estrela com luz quente com uma nuvem escura encobrindo parte dela


O fenômeno era tão enigmático que os cientistas tentavam explicá-lo havia meses. E só agora astrônomos têm uma resposta, que se baseia em observações de eventos que ocorreram no universo durante o século 15.

O escurecimento da gigantesca Betelgeuse, a nona estrela mais brilhante do céu, foi observado pela primeira vez em outubro de 2019. Em fevereiro de 2020, a estrela havia perdido dois terços de seu brilho, mas depois voltou à normalidade em abril.

O que pode ter havido com a estrela, acompanhada por milhões de entusiastas ao redor do mundo que observam a constelação de Orion?

A resposta veio do telescópio espacial Hubble, que neste ano celebra seu aniversário de 30 anos. As observações do equipamento indicam que o escurecimento se deve a um episódio “traumático” na vida da estrela.

Que tipo de estrela é a Betelgeuse?

A Betelgeuse é um tipo de estrela chamada supergigante vermelha, um astro nas últimas etapas de sua vida, que aumentou de tamanho por causa de trocas no processo de fusão nuclear em seu centro.

A estrela é tão grande que se estivesse no lugar do Sol, sua superfície chegaria até a órbita de Júpiter. Essas estrelas maciças supergigantes são muito importantes porque expulsam para o espaço elementos como carbono, que é um dos blocos de construção para novas gerações de estrelas.

As supergigantes vermelhas como Betelgeuse exibem um comportamento conhecido como pulsação, causado por mudanças na área e na temperaturas das camadas superficiais da estrela.

A Betelgeuse se expande e contrai em um ciclo de 420 dias, aumentando ou reduzindo seu brilho, mas nunca com a redução dramática que ocorreu meses atrás, segundo explicação da Nasa (agência espacial americana).

A estrela está relativamente perto, a 725 anos-luz de distância da terra. Isso significa que a luz emitida por ela demora 725 anos para chegar à Terra. Ou seja, o escurecimento observado por nós em 2019 ocorreu por volta do ano 1300 no calendário da Terra.

Qual é a explicação do escurecimento?

Desde que se constatou a redução do brilho de Betelgeuse, cientistas apresentaram diversas hipóteses para explicar o fenômeno.

Segundo estudo, estrela supergigante expulsou grande quantidade de matéria quente, que se transformou em nuvem de poeira

Uma das hipóteses, por exemplo, era que a estrela estava menos luminosa por causa de gigantescas áreas frias, similares a manchas que aparecem no Sol.

Mas observações do telescópio Hubble apontam outra explicação: o escurecimento se deve a um evento que a Nasa descreve como uma “expulsão traumática”. No caso, matéria quente foi ejetada do interior da estrela para espaço foi esfriando, o que acabou formando nuvens de poeira.

Ainda que os astrônomos não saibam o que causou a expulsão da matéria quente, os autores desse novo estudo acreditam que ela esteja associada ao chamado ciclo de pulsação da estrela. A Betelgeuse estava na fase de expansão do ciclo ao mesmo tempo em que o material quente subia à superfície por convecção, e isso pode ter contribuído para a expulsão do material.

Como o satélite Hubble conseguiu observar isso?

A nova conclusão sobre o fenômeno foi possível graças a meses de observações do Hubble da luz ultravioleta que permitiu captar o movimento do material quente expulso em setembro, outubro e novembro de 2019.

“Com o Hubble pudemos ver como a matéria deixava a superfície visível da estrela e se movia para fora dali através da atmosfera da estrela, antes de formar uma nuvem de poeira como a que causou o escurecimento”, afirmou a principal autora do estudo, a astrofísica Andrea Dupree, do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian.

"Acreditamos que seja possível que uma nuvem escura seja resultado da expulsão de material detectado pelo Hubble. Somente o Hubble nos dá essa evidência do que aconteceu antes do escurecimento."

A equipe liderada por Dupree começou a observar a Betelgeuse como parte de um estudo do Hubble de três anos para monitorar variações na estrela. O estudo foi publicado na revista científica The Astrophysical Journal.

A capacidade do telescópio de capturar luz ultravioleta permitiu aos cientistas estudar as camadas da superfície da estrela, que são tão quentes (mais de 20.000 graus Fahrenheit) que emitem principalmente luz na faixa ultravioleta e não podem ser observadas na luz visível.

Qual será o fim da Betelgeuse?

A estrela supergigante vermelha está destinada a encerrar sua vida em uma explosão de supernova, e alguns astrônomos acreditam que o escurecimento repentino que foi visto da Terra recentemente pode ser parte desse processo.

“Ninguém sabe o que faz uma estrela pouco antes de se converter em supernova, porque isso nunca foi observado”, afirmou Dupree, do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian.

"Os astrônomos estudaram estrelas talvez um ano antes de se tornarem supernovas, mas não dias ou semanas antes, embora a probabilidade de a Betelgeuse se tornar supernova em breve seja pequena."

Não se sabe exatamente quando a estrela explodirá; pode ser que isso até já tenha acontecido e a luz do fenômeno ainda não tenha chegado à Terra — e só vá chegar daqui a centenas de anos. Também pode ser que a estrela ainda vá levar milhares de anos para se tornar uma supernova.

Supergigante vermelha é acompanhada por diversos observadores ao redor do mundo

Quando a estrela fica sem combustível, ela primeiro entra em colapso e depois se recupera em uma explosão espetacular. Isso não representará nenhum risco para a Terra, mas Betelgeuse ficará enormemente iluminada por algumas semanas ou meses.

Seu brilho seria visível à luz do dia e poderia ser tão brilhante quanto a Lua à noite.

Dupree e seus colegas poderão observar a estrela novamente com o Hubble no final de agosto ou início de setembro. Atualmente, ela está muito perto do Sol para que o telescópio espacial possa observá-lo.

O cientista também planeja estudar Betelgeuse quando ela se expandir novamente, usando dados de outra missão da Nasa chamada Stereo (Solar Terrestrial Relations Observatory), uma missão de observação solar lançada em 2006 que usa dois satélites.

domingo, 16 de agosto de 2020

Espaçonave parte em direção à Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol

 


Espaçonave BepiColombo deve chegar ao seu destino em 2025: Mercúrio é um dos planetas menos explorados do Sistema Solar
Espaçonave BepiColombo decolou no último sábado, 20 de outubro, a bordo do foguete Ariane 5 do espaçoporto Kourou, na Guiana Francesa, em direção a um dos menores e inexplorados planetas do nosso Sistema Solar: Mercúrio. Construído graças à uma parceria entre a Agência Espacial (ESA) Europeia e a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), a BepiColombo é formado por dois orbitadores científicos, que serão transportados até Mercúrio usando propulsão elétrica solar, além de contar com uma ajuda da gravidade. No caminho, o equipamento dará uma volta pela Terra, duas em Vênus e seis no próprio planeta antes de entrar em sua órbita em 2025. 

"Há um longo e excitante caminho à nossa frente antes de o BepiColombo começar a coletar dados para a comunidade científica", disse Günther Hasinger, diretor de Ciência da ESA. Juntos, os orbitadores farão medições que revelará a estrutura interna do planeta, a natureza da superfície e a evolução das características geológicas — incluindo o gelo nas crateras sombreadas do planeta — e a interação entre o planeta e o vento solar.

"Um aspecto único desta missão é ter duas espaçonaves monitorando o planeta de dois locais diferentes ao mesmo tempo: isso é realmente fundamental para entender os processos ligados ao impacto do vento solar na superfície de Mercúrio e seu ambiente magnético", contou Johannes Benkhoff, cientista do projeto.

Os dois orbitadores científicos também poderão operar alguns de seus instrumentos no caminho, proporcionando oportunidades únicas para coletar dados valiosos em Vênus. Alguns dos instrumentos projetados para estudar Mercúrio de uma maneira particular podem ser usados ​​de maneira completamente diferente em Vênus, que tem uma atmosfera espessa em comparação com a superfície exposta de Mercúrio.

"O BepiColombo é uma das missões interplanetárias mais complexas que já voamos", afirma Andrea Accomazzo, diretor de voo do BepiColombo. "Um dos maiores desafios é a enorme gravidade do Sol, que torna difícil colocar uma espaçonave em uma órbita estável ao redor de Mercúrio. Temos que frear constantemente para garantir uma queda controlada em direção ao Sol. Outro desafio é o ambiente de temperatura extrema que a espaçonave irá suportar, que vai de -180 ° C a mais de 450 ° C - mais quente que um forno de pizza.
Fonte: GALILEU

Astrônomos encontram sinais de planeta 13 vezes maior que Júpiter

 

Astrônomos brasileiros identificaram sinais robustos da existência de um objeto gigante na constelação do Cisne, orbitando um sistema binário formado por uma estrela viva e outra morta.[Imagem: Leandro Almeida]

Binário evoluído

Nas últimas três décadas, foram descobertos quase 4 mil objetos semelhantes a um planeta situados fora do Sistema Solar - e por isso chamados de exoplanetas - orbitando estrelas isoladas. Já a partir de 2011, por meio do satélite Kepler, da agência espacial norte-americana (Nasa), foi possível observar os primeiros exoplanetas girando em torno de sistemas binários jovens, compostos por duas estrelas vivas, em cujos núcleos ainda há queima de hidrogênio.


Agora, um grupo de astrônomos brasileiros encontrou as primeiras evidências da existência de um exoplaneta ao redor de um sistema binário mais velho ou evoluído, em que uma das duas estrelas está morta.


"Conseguimos obter indicações bastante sólidas da existência de um exoplaneta gigante, com massa quase 13 vezes maior que a de Júpiter [maior planeta do Sistema Solar] em um sistema binário evoluído. É a primeira confirmação de um exoplaneta em um sistema desse tipo", disse Leonardo Andrade de Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e primeiro autor do estudo.

Esses planetas gigantes turvam a fronteira entre estrelas e planetas porque se considera que, a partir de cinco vezes a massa de Júpiter já seria possível que um corpo celeste sustente a fusão nuclear que caracteriza as estrelas.

Os pesquisadores encontraram sinais da existência de um exoplaneta em um sistema binário evoluído chamado KIC10544976, localizado na constelação do Cisne, no hemisfério celeste norte, o que foi indicado pela variação no tempo do eclipse - o período em que um das estrelas binárias passa na frente da outra - e o ciclo de atividade magnética da estrela viva do sistema binário.


Anã branca e anã vermelha

O sistema binário KIC10544976 é composto por uma anã branca - a estrela morta, menor e com alto brilho (capacidade de refletir a luz) devido à sua temperatura superficial elevada - e uma anã vermelha - a estrela viva, com massa pequena em comparação à do Sol e baixa luminosidade (capacidade de emitir luz). As duas estrelas foram monitoradas por telescópios terrestres entre 2005 e 2017 e pelo satélite Kepler entre 2009 e 2013, que geraram dados minuto a minuto.

"Esse sistema é único. Nenhum outro sistema similar possui dados suficientes que nos permitam calcular a variação do período orbital e o ciclo de atividade magnética da estrela viva," disse Leonardo.

Por meio dos dados obtidos pelo satélite Kepler foi possível estimar o ciclo magnético da estrela viva - a anã vermelha - pela frequência e energia das explosões nos campos magnéticos e pelas manchas na superfície da estrela associadas a essas ejeções de energia.

As análises dos dados indicaram que o ciclo de atividade magnética da anã vermelha é de 600 dias - o que está de acordo com os ciclos magnéticos medidos para estrelas isoladas de massa baixa. Já a variação do período orbital do sistema binário KIC10544976 foi de 17 anos.

"Isso afasta totalmente a hipótese de que a atividade magnética gere essa variação do período orbital. A explicação mais plausível é a presença de um planeta gigante ao redor desse sistema binário, com massa próxima a 13 vezes à de Júpiter," disse Leonardo.

Telescópio maior

Ainda não se sabe como o planeta em torno do sistema binário teria sido formado. Uma das hipóteses é a de que o objeto se desenvolveu ao mesmo tempo que as duas estrelas, há bilhões de anos. Nesse caso, seria um planeta de primeira geração. Outra hipótese é a de que foi gerado a partir do gás ejetado durante a morte da anã branca - sendo, portanto, um planeta de segunda geração e muito mais jovem.

A confirmação de que se trata de um planeta de primeira ou segunda geração e a sua detecção direta ao redor desse sistema poderão ocorrer quando entrar em operação a nova geração de telescópios gigantes com espelhos primários maiores do que 20 metros, entre eles, o Telescópio Gigante Magalhães (GMT, em inglês), no deserto do Atacama, no Chile, previsto para coletar sua primeira luz em 2024.

"Estamos sondando 20 sistemas com possibilidade de gravitar corpos externos, como o KIC10544976, e a maioria só é observável a partir do Hemisfério Sul. O GMT permitirá fazer a detecção direta desses objetos e obter respostas importantes sobre a formação, a evolução e a possibilidade de vida nesses ambientes exóticos", disse Leonardo.

Fonte: Inovação Tecnológica

Fluxo de dados da missão Tess leva à descoberta de um planeta do tamanho de Saturno

 


Nesta ilustração, um Saturno quente passa em frente da sua estrela hospedeira. Os astrónomos que estudam as estrelas usaram sismos estelares para caracterizar a estrela, que forneceu informações críticas sobre o planeta. Veja aqui uma simulação do planeta a orbitar a estrela. Crédito: Gabriel Perez Diaz, Instituto de Astrofísica das Canárias

Os astrónomos que estudam as estrelas estão a fornecer uma ajuda valiosa aos astrónomos que caçam planetas e que perseguem o objetivo principal da nova missão TESS da NASA.  De facto, os asterossismolólogos - astrónomos estelares que estudam ondas sísmicas (ou sismos estelares) em estrelas que aparecem como mudanças no brilho - muitas vezes fornecem informações críticas para encontrar as propriedades de planetas recém-descobertos.

Este trabalho em equipa possibilitou a descoberta e caracterização do primeiro planeta identificado pelo TESS, para o qual as oscilações da sua estrela hospedeira podem ser medidas.

O planeta - TOI 197.01 (TOI é abreviação para "TESS Object of Interest") - é descrito como um "Saturno quente" num artigo científico recentemente aceite. Isto porque o planeta tem aproximadamente o mesmo tamanho que Saturno e também está muito perto da sua estrela, completando uma órbita em apenas 14 dias e é, portanto, muito quente.

A revista The Astronomical Journal vai publicar o artigo escrito por uma equipa internacional composta por 141 astrónomos. Daniel Huber, astrónomo assistente da Universidade do Hawaii no Instituto de Astronomia de Manoa, é o autor principal do artigo. Steve Kawaler, professor de física e astronomia, e Miles Lucas, estudante, são coautores da Universidade Estatal do Iowa.

"Este é o primeiro 'balde de água' da 'mangueira' de dados que estamos a receber do TESS," comentou Kawaler.  TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), liderado por astrofísicos do MIT (Massachusetts Institute of Technology) - foi lançado a partir da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, Flórida, EUA, no dia 18 de abril de 2018. A missão principal do satélite é encontrar exoplanetas, planetas para lá do nosso Sistema Solar. 

As suas quatro câmaras estão a tirar exposições, ao longo de quase um mês, de 26 faixas verticais do céu - primeiro sobre o hemisfério sul e depois sobre o norte. Depois de dois anos, o TESS terá examinado 85% do céu.

Os astrónomos (e seus computadores) estudam as imagens, procurando trânsitos, minúsculas quedas no brilho estelar provocadas por um planeta em órbita passando em frente. A missão Kepler da NASA - antecessora da missão TESS - procurou planetas da mesma forma, mas examinou uma pequena parte da Via Láctea e focou-se em estrelas distantes.

O TESS tem como alvo estrelas próximas e brilhantes, permitindo que os astrónomos acompanhem as suas descobertas usando outros observatórios espaciais e terrestres para estudar e caracterizar estrelas e planetas. Noutro artigo publicado recentemente na revista The Astrophysical Journal: Supplement Series, os astrónomos do TASC (TESS Asteroseismic Science Consortium) identificaram uma lista de alvos de estrelas oscilantes semelhantes ao Sol (muitas que são parecidas ao nosso futuro Sol) para serem estudadas usando dados do TESS - uma lista com 25.000 estrelas.

Kawaler - que testemunhou o lançamento do Kepler em 2009, e estava na Flórida para o lançamento do TESS (mas um atraso de última hora significou que teve que perder o lançamento para regressar a Ames e lecionar) - está no conselho de sete membros do TASC. O grupo é liderado por Jørgen Christensen-Dalsgaard da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.

Os astrónomos do TASC usam modelagem asterossismológica para determinar o raio, a massa e a idade de uma estrela hospedeira. Esses dados podem ser combinados com outras observações e medições para determinar as propriedades dos planetas em órbita.

No caso da estrela-mãe TOI-197, os asterossismólogos usaram as suas oscilações para determinar que tem cerca de 5 mil milhões de anos e é um pouco mais massiva e maior que o Sol. Também determinaram que o planeta TOI-197.01 é um gigante gasoso com um raio mais ou menos nove vezes o da Terra, tornando-se aproximadamente do tamanho de Saturno. Tem também 1/13 da densidade da Terra e cerca de 60 vezes a massa da Terra.

Estas descobertas dizem-nos muito sobre o trabalho do TESS: "TOI-197 fornece um primeiro vislumbre do forte potencial do TESS em caracterizar exoplanetas usando asterossismologia," escreveram os astrónomos no seu artigo científico. Kawaler espera que a enxurrada de dados provenientes do TESS também contenha algumas surpresas científicas.

"O interessante é que o TESS será o único instrumento do seu género durante algum tempo e os dados são tão bons que planeamos tentar fazer ciência sobre a qual nem tínhamos pensado antes," disse Kawaler. "Talvez possamos também olhar para as estrelas muito fracas - as anãs brancas - que são o meu primeiro amor e representam o futuro do nosso Sol e do Sistema Solar."
Fonte: Astronomia OnLine