Novas evidências revelaram que a Tau Ceti, a estrela mais parecida com Sol fora do nosso sistema solar, tem em sua órbita quatro exoplanetas com, aproximadamente, o mesmo tamanho da Terra. Os pesquisadores acreditam que dois desses mundos podem ser habitáveis.
A Tau Ceti está localizado apenas a 12 anos-luz de distância de nós, e sua proximidade e seu brilho tornaram-se um pilar no âmbito da ficção científica e dos videojogos – mas agora parece que o potencial da estrela para garantir condições à vida alienígena pode não ser apenas mais uma fantasia.
Pesquisadores liderados por Fabo Feng, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, detectaram os quatro exoplanetas e registraram oscilações extremamente leves no movimento de Tau Ceti, devido à atração gravitacional entre corpos astronômicos menores.
Novos avanços nesta técnica, chamada de espectroscopia Doppler (também conhecida como velocidade radial ou “método de bamboleio”), revelaram a presença de quatro mundos que atraem a Tau Ceti enquanto orbitam em torno dela, detectando variações no movimento da estrela mais baixas do que 30 cm/s.
Cientistas afirmam que, se esse método puder ser refinado até o ponto em que se garanta detectar variações menores de 10 cm/s, passaremos a um limite onde, definitivamente, será possível determinar a atração gravitacional dos exoplanetas a partir do ruído no sinal gerado por flutuações estelares.
“Estamos tentadoramente nos aproximando da possibilidade de observar os limites corretos necessários para detectar planetas semelhantes à Terra”, diz Feng.
“Nossa detecção de tal debilidade é um marco na busca por analogias da Terra e na compreensão da habitabilidade do nosso planeta através da comparação com esses outros mundos”.
Superterras
Os mundos encontrados pela equipe incluem duas superterras (planetas com massas maiores do que a Terra), ambas se mantendo próximas apenas dentro dos limites da zona habitável de Tau Ceti. isso significa que elas se localizam na região em torno da estrela, onde as condições poderiam dar suporte à água líquida em sua superfície e, por extensão, talvez à vida.
Os outros dois planetas menores estão fora deste espaço temperado, orbitando a estrela significativamente mais perto. Ao mesmo tempo em que eles não poderiam suportar água em suas superfícies, também estão entre os mais pequenos planetas do tamanho aproximado da Terra já detectados em torno de uma estrela próxima do Sol, com massas tão baixas quanto 1,7 vezes a quantidade de “peso” da Terra.
Potencial habitável
Não é a primeira vez que Tau Ceti foi definida pela possibilidade de hospedar mundos potencialmente habitáveis. A mesma equipe anunciou, alguns anos atrás, a descoberta de cinco mundos orbitando a estrela, e a última pesquisa serve como uma emenda para o trabalho anterior.
Desta vez, eles estão certos de estar no caminho.
“Desde então, nós melhoramos a sensibilidade das nossas técnicas e descartamos dois dos sinais que nossa equipe identificou em 2013 como planetas”, diz um dos pesquisadores, Mikko Tuomi.
“Mas não importa como olhamos para a estrela, parece haver pelo menos quatro planetas rochosos em órbita”.
Campeã entre as candidatas
É incrivelmente excitante existirem dois novos candidatos mundiais à habitabilidade em um sistema estelar tão comparativamente perto de nós. Entre outras perspectivas recentes, a Tau Ceti pode trazer mais convicção do que outra forte candidata, a Proxima b (a 4,2 anos-luz de distância), e a estrela TRAPPIST-1 (a cerca de 39 anos-luz, muito mais longe de nós).
Ainda assim, os pesquisadores alertam que não devemos nos exceder nas expectativas, porque um enorme anel de destroços espaciais envolve o sistema Tau Ceti. Isso significa que esses mundos alienígenas – sem vida ou com ela – podem ser ameaçados por intensos bombardeios de asteroides e cometas.
Se for assim, isso significa que eles são muito menos propensos a acolher a vida - e também há a questão das superterras, cuja órbita se localiza nos arredores não muito confortáveis da zona habitável de Tau Ceti – embora seja cedo para perder a esperança.
O próximo passo será tentar perceber esses mundos ainda não vistos por telescópio, para buscar o que podemos aprender com eles através de observações diretas.
Até então, o mistério evolutivo da habitabilidade em Tau Ceti continua discutível – mas definitivamente já podemos cruzar nossos dedos.
As descobertas devem aparecer em uma próxima edição do The Astrophysical Journal.
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