A teoria da Relatividade Geral é uma teoria gravitacional. Ela descreve como objetos do tamanho de planetas se movem quando próximos uns dos outros. Além disso, ela é uma teoria mecânica, no sentido de descrever o movimento dos corpos quando submetidos a uma força (a qual os irá acelerar).
O estudo do movimento dos corpos começou na Antiguidade com Aristóteles. A descrição dos fenômenos por Aristóteles foi razoável. Suas idéias para as causas do movimento, no entanto, levaram a previsões incorretas.
A partir da Renascença (século XVI e XVII principalmente), através do trabalho de Kepler e Galileo, a descrição do movimento dos corpos foi se tornando mais precisa. Muitas das explicações dadas por Aristóteles foram substituidas por terem sido demonstradas equivocadas. No séclulo XVII, Newton uniu o trabalho dos dois (Kepler e Galileo) em um conjunto único de explicações conhecidas como Leis de Newton para o movimento em geral e Teoria da Gravitação para o movimento dos corpos celestes. A este conjunto damos o nome (hoje) de Mecânica Clássica (ou Newtoniana).
No século XIX as medidas astronômicas da posição dos planetas já tinham acumulado uma quantidade e precisão suficiente para demonstrar a validade da Mecânica Newtoniana nas mais diversas situações, típicas na Terra ou no Sistema Solar. Em geral, situações em qua velocidade do objeto era baixa em relação à velocidade da luz e a força gravitacional não excedia em muito digamos 10g (dez vezes a gravidade da Terra).
No entanto surgiram dois problemas. O planeta Mercúrio (o mais próximo do Sol) executa passagens por seu ponto periélio, o ponto de maior proximidade com o Sol, as quais podem ser previstas pela Mecânica Newtoniana. O momento no qual Mercúrio começou a passar por este ponto no entanto começou a divergir em algo como 1 minuto em relação às previsões feitas com base em observações astronômicas de 100 anos. Isto é uma diferença mínima (1 minuto em 100 anos) mas passível de levantar suspeitas quanto a precisão da Mecânica Newtoniana.
Outro problema surgiu do fato de não ter sido possível medir a diferença de velocidade da luz em relação ao movimento da Terra. A luz se move com velocidade constante, independentemente da velocidade do observador. Este ponto fez Einstein propor novas regras de movimento, chamadas de Relatividade Especial. Elas se aplicariam apenas para objetos em movimento não acelerado e com velocidades próximas da velocidade da luz.
Para poder explicar estes dois fenômenos de forma conjunta isto é, corpos acelerados, submetidos a força gravitacional grande, comparada à da Terra, além da invariância da velocidade da luz, Einstein propôs a Relatividade Geral.
É importante observar que a transição do sistema Aristotélico para o Newtoniano teve um fator qualitativo distinto da transição do Newtoniano para o Einsteiniano. Newton propôs explicações distintas de Aristóteles para os mesmos fenômenos. Elas criaram melhores previsões, portanto foram aceitas em substituição aquelas proporcionadas pelo sistema Aristotélico.
No caso da transição do sistema Newtoniano para o Einsteiniano não ocorreu tal fator. Para as situações em que Newton desenvolveu sua mecânica (baixa velocidade, baixa força gravitacional), ambos os sistemas produzem previsões similares. Pode-se adotar qualquer das explicações. Para Newton a Gravidade é uma força que atua a partir do centro de massa dos corpos e como consequência produz o movimento dos mesmos. Para Einstein, a Gravidade é uma deformação em uma estrutura chamada Espaço-Tempo e os corpos seguem as linhas desta estrutura ao se movimentar. Ambos os modelos em condições de baixa velocidade e baixa força gravitacional produzirão previsões similares.
Quando estamos em situações com alta velocidade e alta força gravitacional, os sistemas divergem em suas previsões. O teste feito com observações astronômicas tem demonstrado que nestes casos, as previsões do sistema Einsteiniano estão em maior acordo com a realidade. O sistema Einsteiniano é aceito portanto como uma descrição mais fiel da realidade que o Newtoniano.
No entanto, mais uma vez é preciso reforçar que neste caso Einstein complementa Newton. Ele não o nega. No caso da transição Aristóteles - Newton ocorreu uma alteração de qualidade. Newton está em desacordo com Aristóteles para o mesmo tipo de fenômeno. Neste sentido Aristóteles está errado e Newton e Einstein certos.
Para concluir, Einstein se baseou no resultado de dois experimentos principais, a invariância da velocidade da luz (experimento feito pela primeira vez por Michelson & Morley) e no avanço (discrepância) do periélio de Mercúrio ao longo dos séculos. A partir disso ele aumentou o alcance dos modelos que prevêem o movimento dos corpos, o qual era (e é) chamado de Mecânica Newtoniana.


