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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

As grandes luas devem ser chamadas de planetas-satélite?




O blockbuster de ficção científica cinematográfica “Avatar” apresentou aos espectadores a idéia de que uma lua poderia ser mais do que apenas uma esfera rochosa repleta de crateras. A imaginária lua Pandora, em órbita de um planeta gigante gasoso hipotético do sistema Alfa Centauri, é exibida como um verdadeiro paraíso, com florestas exuberantes e uma rica diversidade de vida. Se o escritor / produtor do filme James Cameron tivesse consultado o pesquisador de ciências planetárias Alan Stern, especialista nas pesquisas sobre Plutão, ele poderia até mesmo ter disseminado um novo interessante termo para o público de ficção científica: Planeta-Satélite.


Quais as implicações disto? 
O que seria um Planeta-Satélite?
Opa? Mas que contradição é esta?


Alan Stern, que foi líder da missão New Horizons da NASA a Plutão, tem afirmado que precisamos de uma definição simples e prática para um planeta, no rescaldo da batalha da UAI (União Astronômica Internacional) apenas para reclassificar Plutão. Em 2006, a UAI votou para destronar Plutão com a decisão de que o Sistema Solar tem apenas oito “verdadeiros” planetas.


Bacia Amazônica: o rio Solimões-Amazonas e os principais afluentes


Um motivo para UAI ter adotado esta postura era para não ficarem sobrecarregados com a sucessiva nomeação de novos potenciais planetas. Mas isto é uma simplificação tão equivocada como ensinar as crianças da escola que na bacia Amazônica apenas o Amazonas-Solimões é um ‘verdadeiro rio’ e que os caudalosos estuários Madeira-Mamoré, Negro, Xingu, Purus são apenas ‘afluentes’ e não ‘verdadeiros rios’!!!


Alan Stern e a nova concepção de ‘planeta’
Alan Stern insiste que o número de planetas, segundo a sua concepção, em nosso sistema solar é mais parecido com 1.000, sendo a grande maioria composta de mundos gelados anões, vários deles distribuídos nos 15 bilhões de quilômetros de largura do cinturão de Kuiper, a grande região do Sistema Solar repleta de objetos candidatos.


Alan Stern, considerado em 2007 um dos 100 homens mais influentes segundo a revista TIME,  participa de uma aliança rebelde de astrônomos planetários que estão se reagrupando para oferecer um paradigma de planeta em função da diversidade de explosão das centenas de descobertas de exoplanetas nos últimos 15 anos. Ele diz que nós que devemos definir um objeto celestial tão somente pelos seus atributos físicos (e não pela sua órbita ou posição relativa no Sistema Solar).


Portanto, uma boa e prática definição de um “planeta” deveria ser puramente geofísica: “Planeta é um corpo celeste que tem gravidade suficiente para se compactar em uma esfera”. Um planeta pode ser constituído de uma mistura de rocha, gelo, substâncias líquidas e gás. Além disto, uma linha deve ser feita para separar os planetas dos objetos muito massivos compõem tanto as estrelas como as anãs marrons. Stern descreve isso como uma definição de senso comum que está livre de outros qualificadores que a definição da UAI carrega, os quais não dependem propriamente da estrutura do objeto.


Entre as razões da anti-coperniana definição de planeta UAI estar condenada é porque as premissas insistem estabelecer que a localização de um objeto também define o que é. Por exemplo, Plutão reside além de Netuno, no Cinturão de Kuiper, uma região repleta de detritos do Sistema Solar que é um disco remanescente que rodeia o Sol há 4,5 bilhões de anos. Por ele estar lá e ‘não limpou sua órbita’, não pode ser considerado um ‘verdadeiro planeta’.






Comparação do tamanho da Terra com o de Júpiter. Que pensar de uma lua do tamanho da Terra orbitando um gigante gasoso?


A dinâmica planetária


O problema é que nessa definição dinâmica de um planeta torna-se logicamente auto-inconsistente devido a uma variedade de razões. A maior delas é que você terá que reclassificar um objeto se movê-lo para uma órbita diferente. Vamos analisar dois exemplos bem radicais:


Se você mover a Terra colocando-a no cinturão de Kuiper, a própria Terra seria destronada e reclassificada para um ‘planeta anão’, porque ela também não vai conseguir dominar a sua órbita gravitacional;
Se você colocar a Terra em órbita em torno de Júpiter, esta seria rebaixada e reclassificada para satélite natural, isto é, uma lua de Júpiter.


Ceres poderia ser um anão gelado que migrou para o cinturão de asteróides.


É assim que a definição de Stern se torna mais abrangente. Stern ousa ainda mais alegando que as grandes luas esféricas devem ser consideradas como planetas também!. Assim, estariam incluídas as magníficas luas de grande porte do sistema solar, tais como Europa, Ganimedes, Calisto, Titã, Tritão e sim, até mesmo a nossa lua deveriam ser classificadas de planetas, segundo Stern. Devido ao fato de orbitarem planetas e não o Sol diretamente, para diferenciá-las, ele até sugere um novo termo: Planeta Satélite.


Em outras palavras, a localização do objeto não deveria mais ter importância em sua classificação como planeta. Se você se mudar de país, por exemplo, de Portugal para a Austrália, você ainda continuará a ser considerado um humano. Na verdade, como exemplo gritante, Tritão, lua de Netuno, que não surgiu por acresção, poderia ser considerada um planeta anão capturado por Netuno, oriunda do cinturão de Kuiper.






Ganimedes (lua de Júpiter) e Titã (Saturno) são maiores que Mercúrio (planeta). O diagrama comparativo mostra as maiores luas do Sistema Solar comparando com Mercúrio e o planeta-anão Plutão. Da esquerda para a direita: Ganimedes, Titã, Mercúrio, Calixto, Io, Lua, Europa, Tritão, Plutão e Titânia.


Por outro lado, a lua gigante de Saturno, Titã, pode ser considerada uma espécie de Pandora “no gelo”, pois sua superfície é criogênica: -178º C. Mas se você mover Titã para o Sistema Solar interior este mundo seria um considerado um planeta telúrico pleno, ligeiramente maior em tamanho que o planeta legítimo Mercúrio (embora menor em massa).


Na verdade, Titã pode ser considerado o mundo mais assemelhado a Terra dentro Sistema Solar. Titã possui lagos gigantes, rios, chuvas intensas, tempestades, ciclones, vales de drenagem, campos de dunas e vulcões. É o primeiro lugar além da Terra no qual nós já vimos Sol brilhando fora de um corpo de líquido.

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